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Drácula 3D
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Cinema: 10 Dráculas do pior

O conde reinante entre a vampiragem foi motivo de muitas adaptações e variações. Quase todas más. Algumas até autênticas trituradoras de actores, que nunca mais foram os mesmos. Estes 10 exemplos servem de prova.

Escrito por
Rui Monteiro
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Uns fizeram o seu papel e seguiram em frente. Outros ficaram agarrados à personagem por muito que dela se tentassem descolar. E há os que, sem grande talento à partida – é verdade –, se afundaram profissionalmente mal fizeram de Drácula.

Depois de 10 Dráculas inesquecíveis (pelas melhores razões), descubra 10 Dráculas do pior. 

Cinema: 10 Dráculas do pior

John Carradine

No melhor pano cai a nódoa. O provérbio vem mesmo a calhar, pois no pano praticamente imaculado da carreira de John Carradine, entre outras coisas bastante melhores e por vezes excelentes, cinco vezes intérprete do vampiro (incluindo um O Castelo de Drácula bastante recomendável), Billy The Kid Vs Dracula (1966) seria mancha difícil de limpar, se alguém tivesse visto o filme. Em defesa do actor diga-se que o argumento de Carl K. Hittleman, que envia o conde para o Oeste dos Estados Unidos vestido de mágico de circo ambulante e o põe a lutar com o bandido lendário que acaba por lhe atirar uma pistola à cabeça, é bastante parvo. Depois, a realização de William Beaudine é demasiado tosca para dar algum brilho à película – e demasiado conservadora para atingir a categoria de tão-mau-que-até-tem-graça.

Zandor Vorkov

Zandor Vorkov, lembram-se? Pois. Embora a sua carreira não tenha acabado com Dracula vs. Frankenstein (1971), filme de Al Adamson e Samuel M. Sherman, até por antes também não ser notável, certo é que a sua interpretação é do pior numa película com mais pés do que cabeça. Uma confusão que inclui uma rapariga em busca da irmã desaparecida de uma comunidade hippie em Venice, na Califórnia, que se torna vítima de um maníaco ao serviço de outro maníaco descendente dos Frankenstein, a quem Drácula se junta numa conspiração absurda para o segundo maníaco se livrar dos rivais no monopólio da criação de monstros.

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Udo Kier

Blood for Dracula (1974), produzido por Andy Warhol e dirigido por Paul Morrissey, dois ai-jesus da cultura pop e do cinema experimental, não fez nada bem à carreira de Udo Kier, se porventura era essa a sua ambição. A sua interpretação – é uma maneira de dizer – do Conde Drácula como um vampiro esfomeado mesmo precisadinho de sangue virgem é tão desprovida de carácter, ou simples sexualidade, que assistir ao filme completo é, mais coisa menos coisa, como ver um choque em cadeia em câmara lenta, mas mesmo muito lenta.

Frank Langella

O momento de fraqueza de Frank Langella, que viria a ser nomeado, em 2009, para o Óscar de Melhor Actor pela sua prestação em Frost/Nixon, foi aceitar participar em Drácula (1979), versão John Badham. Está certo, o realizador tinha um nome e algumas provas; sim, os actores (Kate Nelligan, Donald Pleasence, Laurence Olivier) eram bons, até um pouco intimidatórios como companhia; pois, o orçamento era farto; está bem, ele queria fazer cinema… Mas Langella estendeu-se ao comprido. O que ainda foi mais estranho pois o actor representara o papel na Broadway aí umas 900 vezes. Na tela, a sua representação é tão pomposa e vazia como a realização megalómana de Badham, que leva o filme a lado nenhum na sua ausência de tensão dramática.

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Gerard Butler

Um caso a quem uma má interpretação em mau filme não fez grande mossa é Gerard Butler. Talvez isso se deva à persona cinematográfica e televisiva que entretanto criou e não tanto às suas qualidades interpretativas. Mas em 2000 o actor não tinha grande estofo para protagonista de Drácula 2000, por si só um filme sem qualquer razão de existir, cuja única intenção era tornar o mito moderno, correspondente ao seu tempo conforme o imaginavam os argumentistas sem tino, Joel Soisson e Patrick Lussier. Realizado às três pancadas e montado sem qualquer sentido de ritmo por Lussier, a coisa não vai mais longe que a reciclagem do vampiro sexy e esfomeado tradicional.

Richard Roxburgh

Outra vítima de Drácula é Richard Roxburgh, que tem uma interpretação desastrosa do Conde Drácula em Van Helsing: O Caçador de Monstros (2004), de Stephen Sommers. Diga-se em defesa da vítima que o protagonista, Hugh Jackman, também se sai razoavelmente mal na sua – a palavra é dele – “reimaginação” de Van Helsing como grande caçador de monstros. O que no entanto não perdoa, excepto em caso de completa ausência de direcção de actores (o que é provável, pois Kate Beckinsale também não deve ter grande orgulho na sua representação de Anna Valerious), um Drácula tão ausente de carácter, ou simplesmente mau feitio.

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Dominic Purcell

O Drácula, ou Drake, que Dominic Purcell interpreta como um rufia em Blade Trinity: Perseguição Final (2004) é, sem dúvida, único. Único, no entanto, é um pau de dois bicos, e o actor pegou nele pelo lado errado, por muito que o argumento seja outro exercício de escrita vazio e com realização pretensiosa de David S. Goyer, onde Wesley Snipes passeia com aquele ar de "não se metam comigo" de sempre. Purcell faz um papel como um musculado e pouco, mesmo pouco inteligente, brutamontes que, na verdade, é o que costuma fazer quando não está a contrair as veias do pescoço.

Thomas Kretschmann

O título, Dracula 3D (2012), devia ter feito Thomas Kretschmann pensar duas vezes, mas, provavelmente, trabalhar com o grão-mestre do cinema de terror, Dario Argento, afastou temores. Os quais, aliás, não seriam muitos, pois Kretschmann era um actor pouco conhecido, como continua a ser, destinado a papéis menores em películas medíocres, a bem dizer, correspondentes ao seu talento. É igualmente difícil de compreender como é que o autor de Suspiria descarrilou tão estrepitosamente nesta sua adaptação do romance de Bram Stoker. A verdade é que o filme entra num túnel de disparates sobre o mito e segue por uma rampa inclinada batendo nas paredes como um vagão sem controlo.

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Luke Evans

Gary Shore, em Drácula: A História Desconhecida (2014), tentou seguir outro caminho, recuando mesmo até à lenda e aí se perdendo cinematograficamente, no processo arrastando Luke Evans, o que não é totalmente imerecido. É justo dizer-se que a ideia desta prequela nem é má, pois o passado de Drácula como Vlad, o Empalador, nunca fora inteiramente conhecido nem explorado para além das poucas páginas que lhe são dedicadas por Bram Stoker. Fica-se assim a saber, através do trôpego argumento de Matt Sazama e Burk Sharpless, como Vlad, para resistir aos turcos que insistiam em invadir a Transilvânia, faz um acordo com um vampiro e, depois de dar cabo dos otomanos, toma gosto ao sangue e, pronto, o resto é história. Bastante mal realizado, diga-se, e interpretado em regime de "o que estou eu a fazer aqui" por Luke Evans, a boa vontade da ideia original perde-se sem proveito para ninguém.

Rudolf Martin

Agora uma coisa completamente diferente, ou nem por isso, mas sem dúvida o melhor encerramento possível desta lista de actores que deram maus Dráculas, mesmo que isso leve até ao território televisivo de Buffy, A Caçadora de Vampiros (1996-2003). Tal desvio da ortodoxia deve-se ao mais excepcionalmente patético e ridiculamente cruel Drácula, interpretado por Rudolf Martin como um vampiro reconvertido em hippie com mau temperamento. Entre os fãs da série, aliás completamente estimável e, em alguns aspectos, ousada na sua metaforização da juventude, corre que a introdução desta personagem foi um acto de ironia de Joss Whedon aos estereotipados filmes de vampiros. Seja…

Tenha medo, muito medo

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