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Os Sonhadores
©DROs Sonhadores de Bernardo Bertolucci

Cinema: sete filmes sobre triângulos amorosos

O triângulo amoroso tornou-se vulgar no cinema. Ao princípio era um tabu que se abordava com pinças, mas o tempo, a vontade de provocar, os novos costumes, o Tinder… Enfim. Reveja estas sete fitas

Escrito por
Rui Monteiro
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Triângulos sentimentais, amorosos, ou meramente sexuais, foram sempre explorados pelo cinema e são um tema recorrente nos argumentos de pequenos, médios e grandes filmes. Em alguns é só um chamariz, noutros é essencial à acção. Os que se seguem não são meras provocações, mas parte da história do cinema.

Cinema: Sete filmes sobre triângulos amorosos

Os Sapatos Vermelhos (1948)

A frase no genérico: escrito, produzido e realizado por Michael Powell e Emeric Pressburger é uma espécie de selo de qualidade, marca de uma dupla de cineastas para quem fantasia e realidade, a maior parte das vezes, era basicamente a mesma coisa. Os Sapatos Vermelhos, criado a partir de um conto de fadas de Hans Christian Andersen, é um desses exemplos da fantasia posta ao serviço do romantismo, com o bónus do triângulo amoroso em que uma jovem e dotada bailarina (interpretada por Moira Sheare) tem de escolher entre a paixão pelo maestro e a inclinação pelo empresário que lhe oferece uma carreira artística e os palcos mais prestigiados do mundo.

Jules e Jim (1962)

Não é motivo de espanto que boa parte dos filmes nesta lista sejam franceses. Afinal, se já têm a fama, é melhor que também tenham o proveito. Por isso, agora, não surpreende ninguém que uma das primeiras películas de François Truffaut seja, precisamente, sobre um triângulo de amores. Agora não é surpresa, mas na época esta história andou perto do choque com a moralidade (apesar de tudo, maioritária). Situado à entrada do século XX, o filme conta como Jules e Jim (Oskar Werner, Henri Serre), dois grandes amigos, se apaixonam pela mesma mulher, Catherine (Jeanne Moreau), que acaba por casar com um, mas, depois da I Guerra Mundial e do reencontro, reconhece o seu amor pelo outro.

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Affair in the Snow (1968)

O filme de Yoshishige Yoshida (aqui apresentado com o título inglês e que no original se chama Juhyô no Yoromeki) nunca teve exibição comercial em Portugal. O que não é de espantar, pois este autor anarquista japonês (forte defensor do amor livre) andou sempre longe dos favores do Ocidente e a sua obra permanece, no essencial, desconhecida fora do Japão, onde, aliás, também não é nenhum êxito popular. Aqui, com Mariko Okada, Isao Kimura e Yukio Ninagawa na interpretação, no cenário gelado de um hotel nas montanhas, uma mulher envolve-se numa triangular relação com o seu novo e frágil amor e o seu antigo namorado.

Teorema (1968)

A burguesia, isto é, a denúncia da sua hipocrisia, foi sempre assunto querido a Pier Paolo Pasolini, que desta vez põe em cena Silvana Mangano, Terence Stamp e Massimo Girotti, em Milão, para mostrar como a vida de uma família muito burguesa e respeitadora dos costumes é virada de pernas para o ar (e noutras posições, não menos práticas) com a chegada de um visitante. Sedutor misterioso que, por um lado, estabelece uma relação intelectual com a família, convencendo cada um dos seus membros da futilidade da sua existência, e, por outro, enrola-se com, por esta ordem, a empregada, o filho, a mãe, a filha e, finalmente, o pai.

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A Mãe e a Puta (1973)

Já toda a gente ouviu falar em relações abertas e há até quem as pratique, ou pelo menos diga que o faz. Pois é o que acontece neste melodrama de Jean Eustache, em que um parisiense (Jean-Pierre Léaud) aparenta sentir-se muito confortável na sua relação aberta com a namorada (Bernadette Lafont), até se apaixonar por uma enfermeira (Françoise Lebrun), ela própria pouco dada a compromissos. Daí ao nosso herói tentar juntar as partes num elegante ménage-a-trois é um passo. E esse passo vai pôr tudo em causa.

Pauline na Praia (1983)

Se o triângulo amoroso é em si uma dificuldade, esta história, escrita e filmada por Éric Rohmer, torna essa fantasia uma carga de trabalhos para Pauline (Amanda Langlet), rapariga de 15 anos, de férias com a prima mais velha, Marion (Arielle Dombasle), na costa francesa do Atlântico. Começa quando a prima reencontra um velho amigo, Pierre (Pascal Greggory), que não esconde estar interessado nela, embora Marion esteja caidinha pelo aventureiro Henri (Féodor Atkine), com quem sabe não ter qualquer futuro. Ao mesmo tempo, Pauline anda mais ou menos enrolada com Sylvain (Simon de la Brosse), até Henri decidir usar Sylvain para se livrar de Marion, o que atrapalha o seu namoro com Pauline e leva o enredo para um caminho, digamos, mais complexo.

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Os Sonhadores (2003)

O cenário é o Maio de 1968 em Paris. Tempo de revolução, portanto, ou pelo menos do que parecia possível ser uma séria transformação social, centro da acção deste melodrama, ou talvez tragicomédia incestuosa, filmado por Bernardo Bertolucci. Com argumento de Gilbert Adair, a partir do seu próprio romance, damos com Matthew (Michael Pitt), jovem americano estudando na capital francesa, que, no meio do tumulto em que caiu e mal compreende, conhece os gémeos Isabelle (Eva Green) e Theo (Louis Garrel). Tornam-se grandes compinchas, dividindo experiências e relações no meio da revolução, eles abrindo-lhe os olhos e principalmente os sentidos, ele perdido entre a moral e o desejo. Uma coisa leva à outra e, claro, o ciúme intervém.

Outros filmes, outros temas

Cinco filmes sobre magia
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Como que por magia, os espectáculos dedicados à arte do ilusionismo desapareceram da agenda no Dia Mundial do Mágico, assinalado esta terça-feira. Os sócios mágicos da Associação Portuguesa de Ilusionismo vão fazer truques à porta fechada, mas nós damos-lhe cinco filmes sobre magia para ver enroscado no sofá (ou com a capa de mágico às costas e o baralho de cartas na mão).   Recomendado: Cinco perguntas a Luís de Matos.

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Filmar a vida dos músicos é vulgar. Fazê-lo bem (há um longo rol de películas medíocres) é outra conversa. Com as injustiças próprias de uma lista, esta orienta-se pela qualidade cinematográfica propriamente dita, isto é, por esse raro saber de equilibrar a obra e a vida de um músico com a sétima arte. 

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Há os bons, os maus e os vilões nesta lista de sete filmes focados na vida política e pessoal de figuras históricas. Umas por boas, outras por más razões. Todas, porém, sinais de que a política sempre foi território aberto a, enfim, tudo. E isto ainda Donald Trump nem tinha sido eleito.   Quinta-feira estreia O Jovem Karl Marx, sobre o revolucionário ainda pouco explorado por Hollywood. Saiba tudo sobre o novo filme de Raoul Peck na revista que chega às bancas na próxima quarta-feira, dia 19. 

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