Fátima: oito filmes sobre milagres

Uma jovem aspirante a freira, a espanhola Teresa (Carroll Baker), apaixona-se por um soldado britânico, interpretado por Roger Moore, durante as invasões napoleónicas e decide deixar o convento para se casar com ele. Mas o milagre que dá o nome ao filme acontece quando uma estátua da Virgem Maria desce do altar e assume a identidade da aspirante no convento. É o princípio de uma série de peripécias que se desenrolam nesta película de Irving Rapper, que recria um filme mudo de 1912 do mesmo nome.

Por esta altura do século passado, o policial fantástico, ainda mais se metia milagres, a bem dizer, era uma raridade. Pelo que Norman Jewison, três décadas antes de Dan Brown escrever O Código Da Vinci e de Ron Howard fazer dele um êxito cinematográfico e criar mais um subgénero hollywoodiano, realizou um filme quase pioneiro. Nesta película com argumento de John Pielmeier e interpretação de Jane Fonda, Anne Bancroft e Meg Tilly, o mistério da imaculada concepção paira como um espectro sobre a investigação policial, mas principalmente psiquiátrica, às acções, ao estado de espírito e à interpretação do silêncio da irmã Agnes depois da criança que deu à luz aparecer morta.

O argumento deste filme de Agnieszka Holland é relativamente simples. Um bispo céptico envia um padre caído em desgraça investigar a possível beatificação de uma devota cuja morte fez uma estátua da Virgem Maria sangrar sobre e curar uma menina com lúpus. Com Sofia Polanska, Pavol Simon, Ivan Lukac, mas também Anne Heche e Ed Harris, no principal papel, pode assistir-se à, digamos, viagem espiritual de um sacerdote e de como essa experiência vai compor a sua vida.

Sem querer tirar a coisa do sério, o certo é que o realizador Tom Shadyac contratou o cómico Jim Carrey (mais Jennifer Aniston e Morgan Freeman) para esta parábola sobre um obsessivo e egoísta repórter de televisão cuja jornada espiritual opera uma mudança radical no seu coração e um desejo incontrolável de pôr o seu talento ao serviço dos outros. Isto, claro, depois de se passar dos carretos ao saber que não seria o próximo apresentador do noticiário, culpar Deus e Deus resolver dar-lhe poderes.

Em cena está, no filme de Chris Lang, a verdadeira história de quatro milagres dos nossos dias (e não, não tem nada a ver com tecnologia), contados pelas pessoas que os viveram, o mais das vezes através de encenações baseadas nos seus testemunhos. A intenção aparente do realizador é demonstrar como numa época em que Deus já não é o centro espiritual, numa era em que se acredita mais facilmente na ciência, existem acontecimentos cuja única explicação lógica é a acção divina.

Temos então uma dúzia de almas, todas movendo-se em diferentes direcções, e todas à procura de algo mais nas suas vidas. Até que estas existências se cruzam inesperadamente e cada um começa a descobrir o poder do Cristo crucificado, mesmo, ou principalmente, se ainda não acreditam no filho de Deus. Com Mira Sorvino, Sean Astin e Alexa PenaVega, o filme de Jonathan M. Gunn usa um padre como detonador de um conjunto de acções capazes de demonstrar como há coisas apenas ao alcance de Deus.

O argumentista e realizador Stephan Schultze vai direito ao assunto mal coloca Suzanne Waters (Karen Abercrombie), na noite de celebração da sua reforma, perante uma série de crises que de maneira nenhuma podia imaginar ou evitar. Porém, enquanto a família tenta sarar as feridas causadas pela tragédia sofrida, a cura de tanta aflição surge de um encontro fortuito (estranhos são os caminhos do Senhor) com um delinquente juvenil em fuga da casa de acolhimento e da polícia.

Baseado em factos reais, o filme de Patricia Riggen conta a incrível e verdadeira história da família Beam, que um dia descobre que a sua filha de dez anos tem uma doença rara e incurável, e, em vez de baixar os braços, resignada, pelo contrário, torna-se um corpo firme e activo na procura de uma cura. Pelo meio a rapariga sofre um acidente estranho e é então, nesta obra com Jennifer Garner, Kylie Rogers e Martin Henderson, que se dá o milagre, ou pelo menos a cura que deixa os médicos estupefactos.