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Beuys no KINOdoc

KINODoc – Arte, islamismo e vida em documentário

O documentário como imagem da vida, como representação do indivíduo, como registo de um tempo através dos seus sinais predomina na programação dedicada ao documentalismo do KINO, Mostra de Cinema de Expressão Alemã. Cinco a não perder

Escrito por
Rui Monteiro
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Um artista recuperado ao tempo, um tempo recuperado como exemplo do que não deve
ser, uma jornada individual pelo islamismo, a obsessão com concursos televisivos, a
memória de uma época numa cidade que já não existe. Tudo à distância de uma ida ao
KINODoc, parte da 15ª Mostra de Cinema de Expressão Alemã.

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KINODoc – Arte, islamismo e vida em documentário

Beuys

O aspecto do homem nunca foi grande coisa, com aquele chapéu de feltro um pouco à banda, o ar geralmente engordurado. E do temperamento, das companhias… É melhor nem falar. Até porque não se deve julgar pelas aparências, que estas iludem, e, no caso de Joseph Beuys (1921-1986), escondiam um artista, mais de 30 anos depois de morrer, ainda capaz de causar uma boa controvérsia. O realizador alemão Andres Veiel, neste documentário presente na última edição do Festival de Cinema de Berlim e exibido na ultima edição do DocLisboa, passou muito para lá da capa enxovalhada e escavou a história deste fundador do grupo Fluxus que explorou o “happening, a “performance” e a instalação, sem descurar a escultura e o grafismo, com tempo ainda para desenvolver um trabalho de teórico e de pedagogo assinalável. Mestre de uma arte que não descurava o debate social nem a intervenção, umas vezes política, mas também moral; incapaz de impedir que todas essas tensões, mais as da sua vida pessoal, se reflectissem na sua obra, Beuys foi um visionário. De certo modo continua a ser, pois mesmo através da inúmera documentação recolhida pelo realizador, grande parte inédita, o retrato traçado por Veiel abre mais caminhos à discussão sobre o papel da arte no mundo contemporâneo do que apresenta qualquer conclusão – como se o artista permanecesse um mistério.

Sexta, 19, 23.00, S. Jorge.

Overgames

A fascinação do povo pelos concursos de televisão é o mote deste filme experimental de Lutz Dammbeck, dirigido em 2015, onde o realizador investiga a origem e a mecânica destes eventos dominantes em muitos canais de televisão por todo o mundo. Neste longo documentário, o cineasta procura estabelecer uma relação entre os concursos da actualidade com os programas de reeducação (ou desnazificação, como realmente ficaram conhecidos) que, na ressaca da II Guerra Mundial, os Estados Unidos promoveram na Alemanha. Para aqui chegar, Dammbeck cria, com recurso a vasto material de arquivo e uma mão-cheia de entrevistas, uma espécie de rede de assuntos e questões entrelaçadas, que é, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre o entretenimento e o consumo.

Sábado, 20, 15.00, S. Jorge.

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Minha Maravilhosa Berlim Ocidental

A partir 1872, na Alemanha, entrou em vigor um parágrafo do Código Penal que penalizava comportamentos sexuais entre homens e que fez lei até 1994. O lamentavelmente famigerado Parágrafo 175 nunca foi pacífico e, como mostra o filme de Jochen Hick, já na década de 1960 havia, em Berlim Ocidental (curiosamente a única cidade alemã onde homens podiam dançar com homens), locais, melhor, refúgios de jovens homossexuais oriundos do resto da República Federal da Alemanha. Com farto material de arquivo, em muitos casos inédito e, mais de uma vez, de conteúdo provocador, e amplo recurso a testemunhos dos que viveram essa época, o cineasta investiga, no seu documentário, a evolução histórica da comunidade gay, entre restrições e perseguições, bares bem animados e movimentos de emancipação pioneiros.

Sábado, 20, 23.00, S. Jorge, Sala 3.

Irmão Jakob

Tudo começou com uma experiência, nas montanhas de Marrocos, que Jakob considerou mística e lhe abriu a porta à conversão ao Islão. Tinha 23 anos. Entre amigos e familiares, que até aí o consideravam rapaz de mente aberta e amplos horizontes, esta mudança foi, primeiro, incompreendida, e, depois, rejeitada. Jakob, mostra o documentário de Elí Roland Sachs, não desistiu, não só das suas ideias, como, principalmente, da intenção de doutrinar os que lhe estavam perto. Debalde. Em breve apartou-se do seu círculo e tornou-se convicto salafista. Irmão do protagonista, Sachs acompanha Jakob na procura de uma religião que, segundo ele, dá sentido à sua vida, apresentando uma rara e profunda reflexão sobre a experiência da crença e da dúvida.

Domingo, 21, 19.00, S. Jorge

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B-Movie – Lust & Sound in West-Berlin

Os anos de 1970 foram dos mais criativos na dividida cidade de Berlim. David Bowie e Brian Eno criaram ali uma das melhores, porque das mais criativas, trilogias discográficas da música pop (Low, Heroes, Lodger) e, logo a seguir, já na década de 1980, na cidade começaram a cruzar-se figuras que se tornaram importantes personalidades da música e da arte contemporâneas. O centro da acção do filme de Jörg A. Hoppe, Klaus Maeck e Heiko Lange é o bar Risiko, onde, atrás do balcão, Blixa Bargeld servia bebidas enquanto tentava, como cantor, uma carreira com os seminais Einstürzenden Neubauten. Mark Reeder, o músico britânico, que ali chegou entusiasmado com a criativa cena em volta da música electrónica, é o cicerone desta viagem pelo lado ocidental de Berlim onde se cruzam personalidades tão diversas como Nick Cave, Christiane F. ou Keith Haring.

Terça, 23, 19.00, S. Jorge.

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