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O Afeganistão em oito filmes muito diversos

A actualidade no Afeganistão está a marcar a agenda informativa. Escolhemos oito filmes imprescindíveis sobre o tema.

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Evitando o estereótipo do filme de guerra made in Hollywood, propomos aqui oito filmes sobre o Afeganistão. Foram realizados entre a década de 80 do século XX e os nossos dias e ajudam a perceber melhor a complexa situação naquele país, precisamente na altura em que os talibãs estão de regresso ao poder. Dois deles são assinados por um afegão e uma afegã, outro por um prestigiado realizador iraniano, Mohsen Makhmalbaf, e há ainda, entre outros, um documentário americano, Restrepo, premiado no Festival de Sundance, bem como uma animação francesa, As Andorinhas de Cabul, que se estreou recentemente em Portugal.

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‘A Besta da Guerra’, de Kevin Reynolds (1988)

Antes dos EUA e da NATO, os soviéticos estiveram a ocupar o Afeganistão, de onde foram expulsos sem honra nem glória. Este curiosíssimo filme de guerra americano passa-se em 1981, quando um tanque T-55 se perde da sua patrulha e começa a ser perseguido por um grupo de guerrilheiros afegãos que querem vingar o massacre da sua aldeia. Baseado numa peça de teatro, A Besta da Guerra dramatiza com muita eficácia as divisões e tensões entre os tripulantes do tanque, um dos quais é um intérprete comunista afegão que se vê posto entre a ideologia e as suas lealdades tribais. Jason Patrick, George Dzundza e Steven Bauer interpretam os papéis principais.

‘Kandahar’, de Mohsen Makhmalbaf (2001)

O prestigiado realizador iraniano Mohsen Makhmalbaf rodou parte deste filme em segredo, no próprio Afeganistão ainda governado pelos talibãs. A protagonista é Nafas (Nelofer Pazira), uma afegã que vive no Canadá e que recebe uma carta da irmã, que não conseguiu sair do Afeganistão por ter perdido as pernas num acidente com uma mina quando era pequena. A irmã diz que se vai suicidar na passagem de ano, e do século XX para o XXI, e Nafas volta clandestinamente à sua cidade natal de Kandahar, para a dissuadir de se matar. Makhmalbaf usa-a como testemunha daquilo que os talibãs fizeram ao Afeganistão, aos afegãos e em especial às mulheres.

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‘Osama’, de Siddiq Barmak (2003)

Rodado após a intervenção americana e aliada no Afeganistão, e baseado num facto real, esta fita conta a história de uma rapariga de 12 anos que, após os talibãs terem tomado o poder, fingiu ser um rapaz chamado Osama para conseguir encontrar trabalho e sustentar a mãe e a avó. Só que os talibãs começam a arrebanhar todos os rapazes para lhes darem instrução militar. O realizador afegão Siddiq Barmak, cujos filmes anteriores foram todos destruídos pelos talibãs, usou apenas actores não-profissionais em Osama, incluindo a principal intérprete, Marina Golbahari, descoberta quando lhe pediu esmola numa rua de Cabul. A longa-metragem animada A Ganha-Pão, de Nora Twomey (2017), conta uma história semelhante.

‘Restrepo’, de Tim Hetherington e Sebastian Junger (2010)

Longe dos clichés dos filmes de guerra passados no Afeganistão, este documentário do jornalista americano Sebastian Junger e do fotojornalista inglês Tim Hetherington segue, durante um ano, o dia-a-dia de uma unidade americana colocada num dos vales estrategicamente mais importantes do Afeganistão, cujo base dá o título ao filme e homenageia um enfermeiro militar de origem colombiana morto pelos talibãs, Juan Sebastián Restrepo. Os realizadores captam a realidade crua da vida dos soldados naquela perigosa localização, do seu convívio quotidiano até aos combates, assim como os contactos e a confraternização com os habitantes locais. Restrepo ganhou o Prémio de Melhor Documentário no Festival de Sundance.

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‘Forças Especiais’, de Stéphane Rybojad (2011)

Este é um raríssimo filme europeu (no caso, francês) sobre o conflito no Afeganistão, e cujo enredo poderia ser o de um western produzido em Hollywood. Diane Kruger é uma jornalista francesa que está em reportagem no Afeganistão e é raptada pelos talibãs, juntamente com o seu intérprete afegão. Ambos são levados pela as regiões tribais do Paquistão e um pequeno comando de seis soldados das Forças Especiais é enviado para os libertar. Benoît Magimel e Djimon Hounsou também interpretam este bom filme de guerra vertente “missão impossível”, realizado com verismo, nervo e desembaraço por Stéphane Rybojad.

‘I Am You’, de Sonia Nassery Cole (2019)

A realizadora afegã Sonia Nassery Cole fugiu para os EUA após a invasão soviética do seu país, onde se tornou também activista dos direitos humanos. Este filme, rodado no Afeganistão, na Turquia, na Grécia e na Alemanha, conta a história de três refugiados afegãos que atravessam quatro países para fugirem à tirania dos talibãs, à pobreza e à guerra. Massoud, o protagonista, quer cumprir o desejo que o pai lhe expressou antes de morrer: fugir do Afeganistão e chegar a um país para onde depois possa chamar a mãe e a irmã. E vai ser acompanhado na sua perigosa jornada por um idoso e uma médica grávida. Damla Sonmez, a actriz que a interpreta, foi mais tarde maltratada por radicais islâmicos por ter entrado num filme anti-talibã.

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‘Learning to Skateboard in a War Zone (If You’re a Girl)’, de Carol Dysinger (2019)

Esta fita vencedora do Óscar de Melhor Curta-Metragem Documental dá-nos a conhecer a organização filantrópica Skateistan, que se instalou em 2007 em Cabul, para ensinar os rapazes e as raparigas dos bairros pobres da capital do Afeganistão a ler, escrever e também a andar de skate. A escola tem 398 estudantes, 41% dos quais do sexo feminino, e Carol Dysinger foca-se nas raparigas para realçar o seu entusiasmo, dedicação e coragem. Há também uma longa-metragem sobre esta escola, Skateistan: Four Wheels and a Board in Cabul (2011), do alemão Kai Sehr. Com o regresso dos talibãs ao poder no Afeganistão, o seu futuro está ameaçado.

‘As Andorinhas de Cabul’, de Zabou Breitman e Eléa Gobbé-Mévellec (2019)

Numa Cabul devastada e recém-ocupada pelos talibãs, que andam a prender e matar todos aqueles que eles pensam estar a contrariar ou a desafiar os seus fanáticos preceitos, os jovens apaixonados Mohsen e Zunaira tentam passar despercebidos e acreditar que o futuro pode ser melhor. Só que Mohsen comete uma terrível imprudência e as suas vidas vão mudar para sempre. Esta animação de longa-metragem francesa foi feita à base de aguarelas, baseia-se num livro da escritora Yasmina Khadra e é mais cerradamente realista e sombria do que muitos filmes de imagem real.

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