A Crítica Política Segundo Elio Petri

Juntamente com Francesco Rosi, Elio Petri (1929-1982) é o nome mais importante de um cinema de intervenção política e comentário social que teve o seu auge em Itália nas décadas de 60 e 70, derivado do neo-realismo. A retrospectiva da obra de Petri que a Cinemateca apresenta em Abril, em colaboração com a Festa do Cinema Italiano, vai incluir filmes tão importantes como Inquérito a um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita (1970, Óscar de Melhor Filme Estrangeiro), A Classe Operária Vai para o Paraíso (1971, Palma de Ouro do Festival de Cannes, ex-aequo com O Caso Mattei, do citado Rosi) ou o ferocíssimo Todo Modo (1976), o último filme do cineasta. Mas também títulos como o soturno policial O Assassino (1961), a ficção científica A Décima Vítima (1965), adaptação do célebre conto de Robert Sheckley The Seventh Victim, a comédia policial Não Se Brinca com o Dinheiro (1973) ou o singular Um Tranquilo Lugar na Província (1968), baseado numa novela do escritor de terror inglês Oliver Onions. Homem de esquerda, Petri cortou com o PCI após a sangrenta invasão da Hungria pela URSS em 1956, e tinha uma veia cáustica, bem como um pendor individualista e anarquizante pouco do agrado quer dos comunistas italianos, quer do poder sindical. Dos seus colaboradores mais próximos, destacam-se o argumentista Ugo Pirri, e actores como Gian Maria Volontè, Marcello Mastroianni, Mariangela Melato ou Ugo Tognazzi. Os filmes de Elio Petri estrearam quase todos em Portugal na altura, mas o realizador está hoje bastante esquecido, sendo esta integral uma boa oportunidade para os rever ou para descobrir a sua obra.
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