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O tráfico e o combate à droga vistos pelo cinema

Na estreia da série 'Zero Zero Zero', na HBO, recordamos um punhado de filmes sobre o tráfico e o combate à droga

Escrito por
Eurico de Barros
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O tráfico de droga e a luta contra ele levada a cabo pelos governos de todo o mundo continuam a alimentar filmes e séries de televisão. A HBO acaba de estrear Zero Zero Zero, adaptada do livro homónimo do escritor e jornalista italiano Roberto Saviano, e fomos seleccionar, de um vasto acervo existente no cinema de títulos sobre este tema, oito filmes de referência, rodados entre os anos 70 e 2018. E são tão diversos como os dois clássicos Os Incorruptíveis Contra a Droga, Traffic – Ninguém Sai Ileso, Maria Cheia de Graça ou o mais recente Pássaros de Verão.

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O tráfico e o combate à droga vistos pelo cinema

‘Os Incorruptíveis Contra a Droga’, de William Friedkin (1971)

Quase 50 anos depois de ter sido feito, este filme de William Friedkin é ainda um dos mais lendários, empolgantes e realistas feito sobre o tema do combate à droga – e um dos mais dinâmicos policiais de acção de sempre. Gene Hackman e Roy Scheider interpretam dois detectives da Brigada Narcóticos de Nova Iorque que detectam a “conexão francesa” do título original – uma rota de tráfico de heroína entre Marselha e Nova Iorque – e vão procurar quebrá-la. A perseguição de automóvel em Nova Iorque (que depois culmina a pé) é uma das mais espantosas já filmadas, e Fernando Rey, em Alain Charnier, o rico e sofisticado traficante francês é o contraponto perfeito do terra-a-terra “Popeye” Doyle de Hackman.

‘Os Incorruptíveis Contra a Droga 2’, de John Frankenheimer (1975)

Embora não consiga ombrear com o original, esta continuação do filme de Friedkin, realizada por John Frankenheimer, é mesmo assim, uma das melhores “partes 2” do cinema americano. “Popeye” Doyle viaja até Marselha para capturar Charnier, não consegue estabelecer boas relações com a polícia local e acaba capturado pelos homens deste e injectado com heroína para dizer o que sabe. Depois da libertação e desintoxicação de Doyle, a acção volta a tomar conta do filme, e a cena final no porto de Marselha é inesquecível. Gene Hackman, que tinha ganho o Óscar de Melhor Actor no primeiro filme, volta a ter uma interpretação extraordinária.

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‘Scarface – A Força do Poder’, de Brian de Palma (1983)

Ao ciclo da heroína nos EUA seguiu-se o ciclo da cocaína, com a ascensão dos cartéis latino-americanos. O cinema reflectiu de imediato essa alteração, como vemos em Scarface – A Força do Poder, cujo protagonista, Tony Montana (Al Pacino) é um pequeno delinquente cubano que foge para os EUA no início dos anos 80, quando Fidel Castro abre brevemente as portas a um êxodo marítimo da população. Uma vez na Florida, Montana realiza o “sonho americano” no lado errado da lei, transformando-se num poderoso traficante de coca graças às suas ligações colombianas. Um filme poderosamente realizado por Brian De Palma, com um papelaço de Al Pacino no desbocado, implacável e volátil Tony Montana.

‘Rush – Uma Viagem ao Inferno’, de Lili Fini Zanuck (1991)

Este foi o único filme de ficção realizado pela produtora Lili Fini Zanuck, e contempla uma situação poucas vezes abordada, ou apenas mostrada de raspão, nas produções deste género: os agentes que combatem o tráfico de droga, começam a experimentá-la e acabam por cair no vício. É o que acontece às duas personagens principais (interpretadas por Jason Patric e Jennifer Jason Leigh), ambos agentes dos Narcóticos. Além de se apaixonarem um pelo outro, tornam-se toxicodepentes e comprometem a sua missão, não conseguindo reunir provas contra o traficante que estão a investigar, acabando por as falsear. É um filme pouco conhecido mas original e muito realista.

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‘Traffic – Ninguém Sai Ileso’, de Steven Soderbergh (2000)

Vindo de um realizador como Steven Soderbergh, não se poderia esperar que este filme sobre o combate à droga nos EUA tivesse uma perspectiva convencional. E não tem, já que é contado do ponto de vista de várias personagens directamente ligadas àquele: um juiz que encabeça o projecto governamental de luta contra os estupefacientes e descobre que a sua filha é toxicodependente, dois agentes da DEA que andam no terreno e têm que proteger um informador, a mulher de um grande traficante que foi preso e um polícia mexicano que desconfia que o seu chefe é corrupto. Um puzzle que, para Soderbergh, é de muito difícil solução.

‘Maria Cheia de Graça’, de Joshua Marston (2004)

A actriz colombiana Catalina Sandino Moreno interpreta aqui Maria, uma jovem que fica grávida do seu inútil namorado. Necessitando desesperadamente de dinheiro para si e para a sua família, Maria aceita por isso começar a transportar droga de Bogotá para Nova Iorque. O universo do tráfico de droga é filmado aqui do lado das pessoas anónimas que, por escolha ou por desespero, se tornam em mulas dos cartéis da cocaína, arriscando longas penas de prisão se forem apanhadas. Catalina Sandino Moreno lançou a sua carreira com esta interpretação, que lhe deu uma nomeação ao Óscar de Melhor Actriz.

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‘Gangster Americano’, de Ridley Scott (2007)

Frank Lucas, que foi o senhor da droga do Harlem nos anos 60 e 70, inspirou este filme de Ridley Scott. Denzel Washington personifica Lucas, que herdou o negocio da droga do seu falecido chefe e mentor, e importa heroína da Ásia. Ao mesmo tempo que enriquece e consolida o seu negócio, Lucas cultiva uma aura de benfeitor e protector da população do Harlem, sendo investigado por um dedicado e incorruptível agente da polícia de Nova Iorque que colabora com o governo federal, Richie Roberts (Russell Crowe). Scott assina aqui um intrincado e emocionante thriller de combate à droga, que envolve até a guerra do Vietname na sua rede.

‘Pássaros de Verão’, de Cristina Gallego e Ciro Guerra (2018)

Os realizadores colombianos Cristina Gallego e Ciro Guerra viajam neste filme, por vezes deliberadamente alucinatório, às origens do cultivo e do tráfico de droga no seu país. Pássaros de Verão é uma trágica saga familiar que começa na era da marijuana e segue para a da cocaína, envolvendo uma família de uma tribo índia que começa a produzir estupefacientes e a fazer negócio com os traficantes. O seu gradual envolvimento no universo da droga e com os seus vários actores, acaba por corromper os seus valores, perverter o seu modo de vida, e o da sua tribo, e envolvê-la numa guerra com outras famílias tribais que se meteram no mesmo negócio.

Polícias e ladrões

  • Filmes

Primeira conclusão: há menos polícias – e os que há nem sempre são dos bons ou têm um papel importante – do que bandidos no cinema policial. Segunda conclusão: há muitos figurões, movendo-se na zona cinzenta da sociedade, manipulando o mal, mostrando as muitas formas do crime. Mais coisa menos coisa é assim neste género tão apreciado por Hollywood, por produtores de outras paragens, e principalmente pelo público, que tantas vezes simpatiza com o malfeitor, ou pelo menos com os seus motivos, como acontece em boa parte dos 20 filmes que seguem e que ao longo do tempo marcaram o cinema.

Os melhores filmes de gangsters
  • Filmes

Desde cedo se percebeu que os espectadores nem sempre se identificam com os bons da fita. Antes pelo contrário. Há quase sempre algo de sedutor nos malfeitores que se passeiam pelo grande ecrã (mesmo quando são inspirados em figuras reais). Seja pelo seu carisma, pela camaradagem criminal, ou até, no limite, pelo desrespeito por certas regras da sociedade que todos fantasiamos quebrar – mesmo quando não o admitimos. De Scarface, o Homem da Cicatriz aos mânfios de Tudo Bons Rapazes e Pulp Fiction, passando por O Padrinho, Vito Corleone, há muito do que (e de quem) gostar nestes filmes de gangsters.

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  • Filmes

Foram, e são, tão importantes no folclore americano como os cowboys, e inspiraram algumas das melhores obras da história do cinema Mas o pequeno ecrã também lhes fez justiça. Falamos de gangsters, e não apenas dos que fizeram parte da Cosa Nostra americana já que, nesta lista das melhores séries de gangsters, a criminalidade é retratada dos dois lados do Atlântico. Peaky Blinders, Os Sopranos, Narcos ou The Wire dão um retrato completo de como o crime nos entrou pela televisão adentro. Este é o guia para quem o imaginário gangster continua a fascinar e estas são as séries obrigatórias.

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