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O Quadrado

Óscares 2018: e o Melhor Filme Estrangeiro é…

O Melhor Filme Estrangeiro é o parente pobre na cerimónia de entrega de Óscares. Ainda assim, poucos são os países que não apresentam candidatos, e ainda menos os cineastas que não gostariam de uma estatueta na mão. Cinco têm hipóteses.

Escrito por
Rui Monteiro
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Um Óscar é um Óscar, e mesmo para os que, na Europa, acham o de Melhor Filme Estrangeiro sinal de paternalismo de Hollywood, nunca é indiferente o vencedor, ou os perdedores. Entre dezenas de candidatos, caíram no goto do júri cinco nomeados de diferentes latitudes estéticas e geográficas. Cinco desafios em desfile já a seguir.

Óscares 2018: e o Melhor Filme Estrangeiro é…

Uma Mulher Fantástica

A intenção do realizador chileno Sebastián Lélio era, neste seu filme, responder à pergunta: “O que se passa quando morremos nos braços da pessoa errada?” Para isso, ele próprio diz, precisava de encontrar uma intérprete especial, capaz de transmitir a dor nas suas variada formas. Encontrou-a na actriz transgénero Daniela Vega. A película, que recorre ao expediente de combinar o tom documental com representação realista, já valeu o Urso de Prata para Melhor Argumento no Festival de Berlim. Argumento, escrito a meias com Gonzalo Maza, que põe em cena o drama discriminatório de Marina, quando o seu amante, 20 anos mais velho, Orlando (Francisco Reyes), morre subitamente, deixando-a sentimentalmente à toa, impedida de um luto conveniente. E, de um ponto de vista mais materialista e prático, com a família dele, que nunca aprovara a relação entre os dois, à perna com a vontade de a expulsar da casa que habita.

The Insult

Começa tudo por coisa pouca. Um insulto saído de uma boca no meio de uma discussão. Uma trivialidade, noutra ocasião esquecida, porém, pelas circunstâncias ampliada. Ao ponto de Toni (Adel Karam), um cristão libanês, e Yasser (Kamel El Basha, Melhor Actor no Festival de Veneza), refugiado palestiniano, se defrontarem em tribunal de Beirute. A teimosia dos dois homens revela feridas antigas e esquecidas, no julgamento transformadas em revelações traumáticas. Pior: desperta o interesse dos média, que tornam o caso em acontecimento nacional, razão de tumultos, até, aproveitando o realizador, Ziad Doueiri, para traçar uma espécie de fresco sobre o estado da sociedade libanesa.

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Loveless – Sem Amor

Da Rússia sem amor, bem se pode dizer deste filme do realizador Andrey Zvyagintsev, com argumento dele e de Oleg Negin, e interpretação de Maryana Spivak, Aleksey Rozin e Varvara Shmykova. Começou a ser notado na última edição do Festival de Cannes. Obra onde se mostra a conflituosa relação entre um casal divorciado, contudo obrigado a viver no mesmo apartamento por necessidade económica e dificuldade em achar alojamento decente em Moscovo. Claro, a casinha, até por ambos terem encontrado novas companhias sentimentais, torna-se um campo de batalha, apenas apaziguado quando o ex-casal, ao fim de dois dias, repara no desaparecimento do filho de ambos.

Corpo e Alma

Apesar do Urso de Ouro para Melhor Filme no Festival de Berlim, a bem dizer trucidado por O Quadrado na distribuição dos Prémios Europeus de Cinema, embora vendo reconhecida a categoria da interpretação de Alexandra Borbély, Corpo e Almado realizador húngaro Ildikó Enyedi, vem fazendo o seu caminho. Tal deve-se, principalmente, a uma história de amor, serenamente peculiar, passada num matadouro nos arredores de Budapeste, onde o argumento, também assinado por Enyedi, e as imagens, muitas vezes delicadas esculturas na luz, compõem uma fantasia romântica e estranhamente lírica no seu realismo cru.

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O Quadrado

Com a Palma de Ouro do Festival de Cannes já no bolso, o filme de Ruben Östlund saiu do Festival de Berlim ainda mais prestigiado com a carrada de prémios que acumulou. Depois, como se não bastasse, nos Prémios Europeus de Cinema, não só foi a única película, até agora, a vencer os dois principais prémios, Melhor Filme e Melhor Comédia, como ainda arrecadou mais quatro: Melhor Realização e Melhor Argumento, mais Melhor Actor entregue a Claes Bang, e o galardão para o Melhor Desenho de Produção, ganho por Josefin Åsberg. Por isso, esta película sueca, observadora e lúcida sátira ao mundo da arte contemporânea, está a modos que muito bem colocada na bolsa de apostas. Mas sabe-se lá.

Especial Óscares 2018

Conheça os nomeados na categoria de Melhor Filme
  • Filmes

Vendo as nomeações de maneira aritmético-desportiva, A Forma da Água segue à frente e Três Cartazes à Beira da Estrada está na sua peugada. O que pode muito bem não querer dizer nada. Surpresas podem acontecer, pelo que nada é garantido. Excepto serem estas as nove películas nomeadas para Óscar de Melhor Filme.

E o Melhor Filme Estrangeiro é…
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Um Óscar é um Óscar, e mesmo para os que, na Europa, acham o de Melhor Filme Estrangeiro sinal de paternalismo de Hollywood, nunca é indiferente o vencedor, ou os perdedores. Entre dezenas de candidatos, caíram no goto do júri cinco nomeados de diferentes latitudes estéticas e geográficas. Cinco desafios em desfile já a seguir.

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Óscares: dez discursos polémicos
  • Filmes

O escândalo rebentou, as denúncias multiplicaram-se e a onda de contestação e apoio assaltou Hollywood com a hashtag #metoo à cabeça. Nos Globos de Ouro já se ouviram discursos fortes, como o de Oprah, e a passadeira vermelha fez-se em tons de negro como forma de protesto. É por isso de esperar discursos controversos na cerimónia dos Óscares deste ano, que acontece a 4 de Março. O que, a bem dizer, até já começa a ser uma tradição. Se nas últimas edições tem sido vulgar, certo é a coisa ter começado há décadas, como vemos nestes dez exemplos.

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