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Saoirse Ronan
Chris McAndrew

Saoirse Ronan está uma mulherzinha

Saoirse Ronan é uma das “Mulherzinhas” do novo filme de Greta Gerwig. Falámos com a actriz americana sobre o clássico de Louisa May Alcott.

Isabelle Aron
Escrito por
Isabelle Aron
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Quando Saoirse Ronan soube que Greta Gerwig estava a trabalhar numa nova versão de Mulherzinhas, o clássico romance de Louisa May Alcott, exigiu um papel no filme. E não foi um papel qualquer. “Estávamos a dar entrevistas, antes da estreia do Lady Bird, e eu fui falar com ela”, conta a actriz norte-americana de origem irlandesa. “Disse-lhe que sabia que ela estava a trabalhar em Mulherzinhas e que eu tinha de ser a Jo [Marsh, a protagonista].” Ficou com o papel, e acaba de ser indicada para o Óscar de Melhor Actriz pela sua prestação. Nada de novo, apesar de ter apenas 25 anos. Foi nomeada para o Óscar de Melhor Actriz Secundária pela primeira vez com 13 anos, pelo seu papel em Expiação, de Joe Wright, voltou a ser nomeada, desta vez na categoria de Melhor Actriz, por Brooklyn, em 2016 e, dois anos depois repetiu o feito com Lady Bird, a sua primeira colaboração com Gerwig.

Por que razão era tão importante fazeres de Jo no filme?
Cresci com a personagem: é icónica. E a ideia de fazer este papel sob a direcção de alguém que admiro tanto [como a Greta Gerwig] entusiasmou-me. Queria ver o que conseguíamos fazer juntas.

Cresceste a ver o filme de 1994?
Sim. Li o livro pela primeira vez no início da adolescência, mas tive o primeiro contacto com a história através do filme dos anos 90. Adorei-o.

Sentiste alguma pressão por interpretares uma história tão conhecida?
É estranho, mas não. Este filme tem uma identidade própria. Todas as versões parecem ter sido feitas com uma geração diferente em mente. 

A Jo sempre foi a tua personagem favorita?
Quando era mais nova gostava mais da Amy, talvez porque via muito o filme dos anos 90 e adorava a Kirsten Dunst. Mas a Jo é com quem mais me identifico agora. E imagino-me, nos próximos cinco anos, a sentir-me como a Meg. É isso que a história tem de especial: podes lê-la em qualquer momento e reveres-te nela.

Gostei que vocês interpretassem as irmãs com todas as idades. Gostaste de te comportar como uma criança?
Somos todas assim. Brincávamos, gozávamos, batíamos umas às outras e fazíamos caretas. Quando a Greta gritava “acção”, continuávamos a fazer isso, mas com um sotaque americano.

Tinham um grupo de Mulherzinhas no WhatsApp?
Tínhamos um com os rapazes, um só com as irmãs e outro com a Laura [Dern, que faz de mãe]. Era só escolher – e mandávamos as fotografias mais ridículas.

Entraste numa das cenas principais com a Meryl Streep. Como correu?
Na cena que fizemos juntas, ela passou o tempo todo com um caniche nos braços chamado Michael. E de vez em quando ouvia-a [faz voz de Meryl Streep]: “Michael! Michael! Onde está o Michael?” Estava muito apegada ao caniche. Não me vou esquecer disso.

Foi intimidante trabalhar com ela?
Ela não se comporta como uma vedeta. Às vezes tens de lidar com actores que estão muito longe do nível dela e que se comportam assim. Talvez por isso, foi só mais tarde que fiquei embasbacada com o facto de ter feito uma cena com a Meryl Streep.

Voltaste a reunir-te com o co-protagonista de Lady Bird, o Timothée Chalamet, neste filme. Foi divertido?
Sim. A relação que temos no filme é muito parecida à que temos na vida real, em que somos quase como um irmão e uma irmã. Eu bato-lhe muito e ele não me faz nada.  É porreiro. Gosto disso.

Tenho de te perguntar pela peruca que usas quando a tua personagem corta o cabelo. Ouvi dizer que a Florence Pugh lhe chamou “Pam”...
É verdade. A Pam era a mulher em que me transformava quando tinha aquele cabelo. Era da Austrália e tinha muitas opiniões. É o tipo de mulher que imagino a chegar ao TripAdvisor e a escrever uma má crítica a uma pequena estalagem. Essa é a Pam.

Crítica

Mulherzinhas

De Greta Gerwig, 135 minutos
★★★★☆

Pode temer-se o pior quando Greta Gerwig abre a sua adaptação de Mulherzinhas, de Louisa May Alcott (a sétima para cinema), já muito adiantada na acção, com a Jo de Saoirse Ronan a mostrar os seus contos a um editor em Nova Iorque. Em vez de contar a história em linha recta, Gerwig optou por a desarrumar e andar em jiga-joga cronológica, o que não era realmente necessário. Mas a história das quatro irmãs March e da sua família, dos seus amores e dos seus diferentes destinos, resiste a tudo. E em tudo o resto, a realizadora faz todo o jus emocional, cinematográfico e evocativo ao clássico de Alcott sobre a vida entre irmãs, o fim da infância e a queda na maturidade, o porto seguro da família e sobretudo a vontade ardente da arrapazada, inquieta, imaginativa e impetuosa Jo ser independente, escritora reconhecida, feliz nos termos que deseja. A fulgurante Ronan e Florence Pugh (Amy) são esplêndidas, Emma Watson (Meg) e Eliza Scanlen (Beth) cumprem, Laura Dern e Meryl Streep estão perfeitas como Marmee e tia March, e a realização de Gerwig comunga do afã convicto e intenso de Jo. Eurico de Barros

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