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TOY STORY 4
PixarGarfy, a nova personagem de Toy Stor, é interpretada por Tony Hale

Tony Hale: “Toy Story é o oposto de Veep”

O Garfy de Tony Hale é uma das grandes revelações de “Toy Story 4”. Falámos com o actor, que conhecemos da série protagonizada por Julia Louis-Dreyfus.

Joshua Rothkopf
Escrito por
Joshua Rothkopf
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Tony Hale é um resistente. Aguentou-se durante sete temporadas de Veep no papel de Gary, o incansável, altruísta e embaraçoso assistente político da Selina Meyer de Julia Louis-Dreyfus (um papel que valeu dois prémios Emmy ao actor). Antes disso tinha passado vários anos a fazer do tão ou mais desgraçado Buster Bluth em Arrested Development, De Mal a Pior. Agora, como todos os grandes actores, faz de garfo num filme da Pixar. E ligou-nos de Los Angeles para falar sobre o assunto.

Como é que te apresentaram o Garfy? Nos trailers ele parece muito nervosinho.
Foi-me apresentado como um personagem ingénuo até mais não. O que de certa forma tem tudo a ver comigo. Para ser honesto, o facto de me terem convidado foi muito estranho. Inicialmente achava que mais cedo ou mais tarde alguém se ia aperceber de que se tinham enganado. Que na verdade queriam ter convidado o Tony Danza.

Mas quem é o Garfy?
É um personagem criado pela Pixar. É literalmente um talher, um pedaço de corda, plasticina e paus de gelado partidos. É feito de lixo, mas depois, durante a sua viagem com Woody, aprende que tem um propósito na vida.

A sua ingenuidade faz com que seja encarado quase como uma espécie de filho pelo público. Talvez inspire as pessoas a fazerem os seus próprios Garfies.
Isso seria incrível. Idealmente, qualquer pessoa que sinta que é lixo – ou que algum dia tenha sido tratada como lixo – pode rever-se na história e no percurso dele e perceber que ela própria é muito mais do que isso. Que tem um propósito na vida.

O arco narrativo do Garfy lembra, de certa forma, o da personagem do Haley Joel Osment em A.I. – Inteligência Artificial. A dada altura ele pergunta: “Por que é que tenho de ser um brinquedo?” É de partir o coração. Onde é que tu, enquanto actor, vais buscar essa angústia existencial?
Infelizmente, na maioria dos casos, não preciso de procurar muito. Não sei o que isso diz sobre mim.

A sério, como é que entras nesse registo?
Posso dizer-te que sou o tipo de pessoa que está sempre a fazer perguntas existenciais: “Por que é que eu estou aqui? O que é que se está a passar à minha volta?” Portanto, aprecio que o Garfy faça muitas perguntas.

Todos temos saudades do Gary. Mas, enquanto actor, sentiste-te aliviado por escapar da presença autoritária da Selina que a Julia encarnava?
Adorei entrar em Veep e somos todos amigos íntimos. Mas acho que nos tornámos tão próximos fora do estúdio porque as nossas personagens eram muito maltratadas. Basta pensar nos insultos. Chamaram-me mimo rezingão. Chamaram-me olhos de vaca. Em contraste, a pureza do Toy Story soube-me bem. É o oposto.

Agora passas os dias com o Tom Hanks e saltas de janelas à procura de liberdade.
Sim. Agora tenho o Woody, que é o oposto da Selina Meyer. Ele é carinhoso, encoraja-me, está ao meu lado quando é preciso.

E começaste a olhar para os garfos de uma maneira diferente?
Sim. Tenho uma relação completamente diferente com os garfos – os garfos e as colheres. O Garfy é o melhor dos dois mundos.

Crítica: “Toy Story 4”

★★★★★

Há alguma coisa errada com o cinema de imagem real, quando é num filme animado digital que vamos encontrar uma história de angústia existencial que nos deixa emocional e psicologicamente arrasados (e também incomensuravelmente divertidos). Sim, estou a falar de Toy Story 4, de Josh Cooley, onde a nossa empatia com as dores, estados de alma e alegrias do grupo de brinquedos (com algumas novas aquisições) liderado pelo cowboyWoody é semelhante à que teríamos por personagens vividas por actores de carne e osso numa fita mainstream. Esta é uma das grandes forças da série Toy Story: fazer-nos interessarmo-nos, preocuparmo-nos, sofrer e vibrar com um conjunto de brinquedos criados por computador, como se fossem pessoas verdadeiras.

E Toy Story 4 tem personagens, situações e peripécias mais do que suficientes para isso.  Garfy, o boneco feito pela pequena Bonnie a partir de um garfo de plástico, e ao qual ela se afeiçoou, tem medo de ser um brinquedo; Woody, que deixou de ser o favorito de Bonnie, tem medo de ir parar ao armário  e tenta fazer ver a Garfy a importância que tem para Bonnie; Bo Peep, que regressa após ter aparecido só no primeiro filme, ultrapassou a sua condição de “brinquedo sem criança”, e tenta convencer Woody que isso não é o fim do mundo, ou seja, da sua razão de ser como brinquedo; e a boneca Gabby-Gabby (o mais próximo que a série já teve de um vilão) nasceu com um defeito e nunca foi de uma criança.

Toda esta aflição acontece ao longo de uma viagem de férias e é temperada por muita e excelente comédia em jacto contínuo, numa história atarefadíssima mas brilhantemente arrumada e conduzida, a que se juntam todas as vozes e a habitual assombrosa execução técnica da Pixar. Toy Story 4 é uma obra-prima e nunca mais vamos olhar para um garfo de plástico da mesma forma. Eurico de Barros

Animação para toda a família

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