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Últimos filmes memoráveis de grandes actores

Na semana da estreia de 'O Cavalheiro com Arma', em que Robert Redford diz adeus ao cinema em nota alta, fomos buscar outros excelentes filmes de despedida de actores lendários

Escrito por
Eurico de Barros
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Nem todos os actores de primeiro plano conseguiram, antes de morrer ou de se reformarem, rematar as suas carreiras no cinema com interpretações superiores em filmes inesquecíveis. Aproveitando a estreia, na quinta-feira, de O Cavalheiro com Arma, de David Lowery, que assinala a despedida, no melhor estilo, de Robert Redford da representação cinematográfica, aos 82 anos, evocamos aqui outros oito intérpretes de escol cujas últimos papéis ficaram para a história. Eles são James Dean, Humphrey Bogart, Gérard Philipe, Peter Finch, John Wayne, Henry Fonda, Richard Burton e Daniel Day-Lewis, este no recente Linha Fantasma, de Paul Thomas Anderson. 

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Últimos filmes memoráveis de grandes actores

James Dean, ‘O Gigante’ (1956)

Esta grande produção realizada por George Stevens e ambientada no Texas foi o derradeiro filme de James Dean, que não viveria para o ver, já que morreu aos 24 anos num desastre de automóvel, quando seguia ao volante do seu Porsche Spyder, numa estrada da Califórnia. Dean interpreta, de forma inesquecível, Jett Rink, o cowboy ambicioso e socialmente ressentido, que se torna magnata do petróleo e é o grande rival do rancheiro Bick Benedict de Rock Hudson, ao longo de duas gerações. O resto, faz parte da lenda de Hollywood.

Humphrey Bogart, ‘A Queda de um Corpo’ (1956)

O tumor na garganta que matou Humphrey Bogart ainda não lhe tinha sido diagnosticado pelos médicos, quando o actor entrou neste policial passado no mundo do boxe, assinado por Mark Robson. Bogart personifica um jornalista especializado em desporto que perde o emprego quando o seu jornal fecha, fica sem meios de subsistência e envolve-se com um empresário de boxe desonesto, tendo que lutar com a sua consciência. Foi um último papel tipicamente bogartiano. Um ano mais tarde, em Janeiro de 1957, Humphrey Bogart morria.

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Gérard Philipe, ‘A Febre Sobe em El Pao’ (1959)

O maior actor da sua geração em França (a quem muitos, embora erradamente, chamavam o “James Dean francês") foi levado prematuramente por um cancro, a 25 de Novembro de 1959, poucos dias antes de fazer 37 anos. Gérard Philipe deixou um derradeiro e característico papel neste melodrama político de Luís Buñuel, um dos vários que o mestre espanhol rodou em francês. Philipe faz um idealista que se torna director da penitenciária de uma ilha fictícia das Caraíbas, e entra em colisão com o novo e severo governador.

Peter Finch, ‘Escândalo na TV’ (1976)

O versátil e intenso actor britânico foi o primeiro a ser nomeado, e a ganhar postumamente, o Óscar de Melhor Actor pelo seu papel em registo alucinado nesta sátira ao sensacionalismo televisivo e à ditadura das audiências, escrita por Paddy Chayefsky e realizada por Sidney Lumet. Finch é Howard Beale, um pivô em queda de popularidade que se vê despedido da estação em que trabalha, e que anuncia, no último telejornal que apresenta, que se vai suicidar, lançando-se num monólogo apocalíptico. As audiências disparam e Beale passa a ter um programa só para si, onde vale tudo.

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John Wayne, ‘O Atirador’ (1976)

O derradeiro papel de John Wayne neste western de Don Siegel, o de um velho pistoleiro atingido por um tumor maligno, que procura passar os seus últimos dias com dignidade, é tanto mais impressionante porque o mítico actor voltaria a ser diagnosticado com esse mesmo mal em 1979 (Wayne já antes tinha combatido a doença, entre 1964 e 1969, tendo sido dado como curado), ano em que morreria. Em O Atirador, a sua personagem acaba por morrer não do tumor, mas sim num último duelo com um jovem fora-da-lei que o desafia por causa da sua reputação. Uma saída de cena única, crepuscular e tocante.

Henry Fonda, ‘A Casa do Lago’ (1981)

O grande Henry Fonda teve uma despedida do cinema de fazer inveja a muitos actores de renome, neste drama familiar de Mark Rydell, passado numa casa de campo à beira de um lago idílico. Fonda contracenou com Katharine Hepburn (com quem nunca havia trabalhado) e com a filha Jane (com a qual se reconciliou durante a rodagem), interpretou um papel que lhe servia como uma luva e que coroou uma carreira feita na primeira linha do cinema americano, e ganhou o Óscar de Melhor Actor (tinha recebido uma estatueta honorária no ano em que A Casa do Lago foi rodado).

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Richard Burton, ‘1984’ (1984)

Desaparecido no ano da estreia desta modelar adaptação ao cinema, por Michael Radford, do livro de George Orwell, Richard Burton tem aqui um dos melhores papéis da sua carreira cinematográfica, onde acumulou o excepcional com o muito mau. Burton é simplesmente magistral na figura de O’Brien, o torcionário de modos paternais e voz calma, em cujas mãos cai o Winston Smith personificado por John Hurt. É uma interpretação de uma inteligência dramática e de uma modulação admiráveis, demonstrando toda a extensão do talento deste temperamental mas descomunal actor.

Daniel Day-Lewis, ‘Linha Fantasma’ (2017)

Aos 60 anos, Daniel Day-Lewis decidiu que não ia fazer mais filmes, e escolheu, no último, voltar a trabalhar com Paul Thomas Anderson, que o havia dirigido em Haverá Sangue, em 2007, e dado o segundo dos seus três Óscares de Melhor Actor. E Daniel Day-Lewis brilha mais uma vez no papel do misógino e exigentíssimo designer de moda inglês Reynolds Woodcock, cuja obsessão perfeccionista com o seu trabalho é exactamente igual à dele. Ambos, personagem e actor, deixam-se transportar e afectar anímica, emocional e psicologicamente no exercício das respectivas artes. Vai fazer-nos muita falta.

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