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Golpe de Sorte
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Vicente Alves do Ó antecipa o filme Golpe de Sol

Golpe de Sol, o novo filme de Vicente Alves do Ó, tem antestreia marcada para esta quinta-feira, no festival Queer Lisboa.

Escrito por
Clara Silva
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Quatro amigos, uma casa com piscina e um telefonema de um antigo amante dos quatro que vem abalar as férias. Golpe de Sol, o novo filme de Vicente Alves do Ó, esteve em competição no BFI Flare: London LGBTQ+ Film Festival e no Melbourne Queer Film Festival e tem antestreia nacional marcada para esta quinta-feira no Queer Lisboa. Com Ricardo Pereira, Oceana Basílio, Nuno Pardal e Ricardo Barbosa, é sobre o passado, que muitas vezes é presente. “Comecei a pensar no que podia acontecer se o amor das nossas vidas aparecesse subitamente dez anos depois... Seria um acto de redenção ou um terramoto que viraria a vida do avesso?”, pergunta o realizador de 47 anos. “Estas são questões familiares para inúmeras pessoas. Particularmente num tempo em que as emoções e as histórias de amor parecem ser descartáveis, as pessoas desfazem-se delas demasiado rápido.”

Em que se inspirou para a história de Golpe de Sol?
Acho que me inspirei numa série de histórias contadas por amigos e por mim vividas e que se foram transformando numa ideia única que nos coloca diante do medo e da tensão de ver à nossa frente o passado. Ou seja, foi um acumular de coisas: pessoas, lugares, ideias, segredos – tudo isso deu origem ao argumento.

A história é em parte biográfica?
É verdade. As personagens são retalhos meus, da minha pessoa, da minha história pessoal, assim como histórias e pessoas da minha vida. Acho sempre que um fundo de verdade é uma boa possibilidade de criar uma história ou neste caso, um filme.

Na apresentação do filme escreve que os amores de hoje em dia são, muitas vezes, “descartáveis”. De que maneira?
Não sei se são mais ou menos descartáveis. Acho é que as pessoas meteram na cabeça que uma decisão ou um Ser infeliz num belo dia de sol Golpe de Sol, o novo filme de Vicente Alves do Ó, tem antestreia marcada para esta quinta-feira, no festival Queer Lisboa. Clara Silva falou com o realizador. compromisso as impede de viver coisas ou histórias melhores. Tudo isso é fruto de um mundo onde consumir é uma filosofia de vida. E essa filosofia que vai desde comprar férias, roupa ou automóveis, acabou por contagiar a própria ideia de intimidade e satisfação emocional. Portanto, sim, as pessoas querem muito de tudo.

Considera essa descartabilidade especialmente notória nas relações gay?
Não. Acho que é socialmente mais censurável (ou ainda é) e por isso mais atacado.

Que reflexão pretende fomentar nos espectadores com o filme?
Que o passado é, de facto, a única coisa que temos e que às vezes nem é passado, é presente. Ou se calhar sou eu que acredito pouco quando as pessoas muito resolvidas dizem que têm “tudo em dia”, tudo resolvido, cabeça limpa, coração ao alto, que viraram a página, como se viver fosse uma agenda daquelas que compramos todos os anos em Janeiro e deitamos a do ano anterior fora.

O filme desenrola-se sempre no mesmo espaço, numa casa de férias na zona de Grândola. Porquê esta escolha?
Podia ser em qualquer outro lugar. Mas sempre gostei daquela zona (sou de muito perto, Sines) e porque é sempre um paradoxo ser infeliz diante de um dia belo de sol e calor. Ou seja, aquela máxima de que viajar nos faz esquecer a vida: não acredito nisso. Faz bem, faz. Mas não apaga nada. Nem o passado, nem um problema. E por isso essa casa, esse sol, o calor, a piscina, e uma tremenda neura que aparece com um telefonema.

Depois de Al Berto [de 2017] tem-se focado mais no cinema queer. Foi uma escolha?
Calhou. Nem foi de propósito. Neste momento nem tenho mais ideia nenhuma nesse sentido. Talvez volte ao tema em 2030, por isso não sei. A importância dos cinemas de temática é de salutar, a bem da variedade, e serei sempre a favor dum cinema democrático e diversificado.

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