A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar
Linda Martini
©Angelo Lourenço

Entrevista aos Linda Martini: "Costumamos fazer música por reacção"

É o quinto e homónimo álbum da banda lisboeta, mas podia ser a Terceira Lei de Newton, dada a sua forma de fazer música. Falámos com os quatro elementos dos Linda Martini, que esta quinta e sexta actuam no Lux.

Escrito por
Miguel Branco
Publicidade

Os astronautas crescem em média três centímetros durante uma ida ao espaço. Isto, claro, devido à privação de gravidade. Nome da bruta e maravilhosa primeira canção de Linda Martini, quinto disco da banda que recupera alguma da sua gravilha inicial. E que é uma reacção ao aprumado Sirumba.

Este quinto álbum chama-se apenas Linda Martini. Foi planeado ou não chegaram a acordo para o nome?

André Henriques (A.H.):Não foi premeditado, nem foi falta de imaginação. Surgiu porque o Pedro [Geraldes] tinha tirado uma fotografia à verdadeira Linda Martini e o pessoal que faz o artwork para nós, disse logo: ‘Isto dava capa’. E isso ficou presente. Não quisemos ter um disco homónimo, foi uma inevitabilidade, só fazia sentido tê-la na capa se o disco fosse homónimo. E também é uma forma de responder à eterna questão: Quem é a Linda Martini.

Mas tomaram esta opção por estarem fartos de responder a essa pergunta?

Hélio Morais (H.M.): Não, foi uma feliz coincidência. De termos esta foto que podíamos usar, de acharmos que o nome jogava com este disco porque, se calhar, fomos buscar alguma crueza atrás por comparação com o anterior.

Pedro Geraldes (P.G.): Sim e depois podes filosofar um bocado, e pensar que isto pode ser um recomeço, é como se mandássemos os dados outra vez para cima da mesa.

H.M.: Depois vais encontrando outras justificações. Mudámos de management, de editora, sei lá, tudo nos embica para isto do recomeço... Despedimos a equipa técnica toda.

Não acredito nisso.

A.H.:É mentira.

P.G.: Sim, fizemos operações plásticas em determinadas partes.

Cláudia Guerreiro (C.G.): Exacto, mudámos de sexo. Eu era um homem e eles mulheres e agora é ao contrário.

E seguiram para a Catalunha.

C.G.: Estivemos lá 15 dias.

Foi aquela ideia de ir para um sítio fazer uma coisa?

C.G.:Pela primeira vez fomos para fora porque percebemos que aqui não estávamos a conseguir focarmo-nos. Então fomos para uma residência artística no Minho, em Amares, com a Encontrarte Amares. Receberam-nos muito bem...E foi mesmo uma residência, todos os dias nos levantávamos às nove e íamos trabalhar.Fizemos a construção do disco por duas fases, até porque em Julho fomos para a Arrábida. E, no fim, achámos que fazia sentido fechar o processo dessa maneira.

Mas aí já fora de Portugal.

H.M.:Sim e isso tem tudo a ver com o produtor que encontrámos: o Santi Garcia. Queríamos alguém que fosse do rock, que puxasse um bocado pelo nosso lado de distorção, que conseguisse espalhar em disco uma coisa mais próxima do que somos ao vivo.

Aquando do Sirumba disseram que aquele era um disco diferente, mais rítmico. E aqui falam da ideia de recomeço. É sempre assim, uma resposta ao anterior?

A.H.: É um voltar atrás, voltar à frente. Costumamos fazer música por reacção. E se é o Sirumba que está mais presente é contra isso que te vais revoltar, no bom sentido, porque não te queres repetir.

Mas não têm nenhum problema com a gravidade, certo?

A.H.:Nenhum, até a vemos como canção de partida para este disco.

Referia-me à gravidade, não à música.

A.H.:Olha, descobri no outro dia, que os astronautas, devido à ausência de gravidade, crescem. Não sei se sabias.

Em altura?

A.H.: Sim, em média, dois ou três centímetros.

Isso pode dar jeito.

A.H.:Pode dar mau jeito, também. Houve um astronauta japonês que meteu um tweet onde dizia que tinha crescido sete centímetros em três semanas, e ficou tudo em pânico, porque assim não cabia no fato. Mas era mentira.

Pesquisei “Caretano” no Google e encontrei sobretudo imagens de cavalos.

A.H.: Então mas “Caretano” quer dizer cavalo em alguma língua? Acho que não, diria que deve ser uma espécie de cavalo.

C.G.: Ok, há o lusitano e o caretano.

Exacto.

Entrevistas que são música para os ouvidos

  • Música

Passaram seis anos e ele nem deu por isso. O último disco de estúdio, Mútuo Consentimento, é de 2011, mas até chegar a este Nação Valente, Sérgio Godinho não parou de criar. É que se acaso pára, confessa, crescem-lhe borbulhas. Aos 72 anos, cresce o desassossego da escrita – lá para Setembro há novo romance – mas não se imagina sem criar música e sem lhe dar palco. 

Publicidade
Recomendado
    Também poderá gostar
    Também poderá gostar
    Publicidade