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João Mortágua
©Mário FerreiraJoão Mortágua

Jazz 2020: seis concertos a não perder

O Jazz em Agosto foi cancelado, mas continua a ouvir-se jazz, em Agosto, no Anfiteatro ao Ar Livre da Fundação Gulbenkian.

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
José Carlos Fernandes
e
Luís Filipe Rodrigues
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Este ano não há Jazz em Agosto, mas continua a ouvir-se jazz em Agosto no Anfiteatro ao Ar Livre da Gulbenkian. Para compensar o cancelamento do histórico festival, devido à pandemia, a Fundação Gulbenkian organizou o Jazz 2020, com um cartaz composto exclusivamente por músicos portugueses ou radicados em Portugal. Segundo a organização, “numa altura em que muitos artistas viram os seus projectos cancelados ou adiados, esta edição é também uma oportunidade única para apoiar mais de 60 músicos e as equipas técnicas envolvidas na produção destes concertos”.

O evento foi organizado em parceira com a Associação Porta-Jazz, do Porto, e o Jazz ao Centro Clube, em Coimbra. E por isso, além das seis datas em Lisboa, vão realizar-se concertos noutras cidades. Luís Vicente, Hugo Antunes e Pedro Melo Alves (1 de Agosto) e os TGB (8 de Agosto) tocam em Coimbra. Enquanto o quarteto de Ricardo Toscano, Rodrigo Pinheiro, Miguel Mira e Gabriel Ferrandini (2 de Agosto) actua no Porto, juntamente com o André Rosinha Trio (9 de Agosto).

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Jazz 2020: seis concertos a não perder no Anfiteatro ao Ar Livre da Gulbenkian

1. Coreto

big band onde convergem compositores e intérpretes ligados à Associação Porta-Jazz inaugura o cartaz do festival Jazz 2020. O dodecateto de João Pedro Brandão (saxofone alto e flauta), José Pedro Coelho (saxofone tenor), Hugo Ciríaco (saxofone tenor), Rui Teixeira (saxofone barítono), Ricardo Formoso (trompete), Susana Santos Silva (trompete), Daniel Dias (trombone), Andreia Santos (trombone), AP (guitarra elétrica), Hugo Raro (piano), José Carlos Barbosa (contrabaixo) e José Marrucho (bateria) editou em 2017 o seu mais recente álbum, Analog, integralmente composto por João Pedro Brandão.

Fundação Gulbenkian. Sexta-feira, 31 de Julho. 21.30. 10€.

2. Susana Santos Silva

A sub-representação das mulheres no jazz é notória, em Portugal ou noutro país qualquer, e as trompetistas do sexo feminino são uma raridade. Susana Santos Silva não só desafia este enviesamento como é hoje um dos nomes mais internacionais do jazz português, desdobrando-se por diversos projectos e colaborações.

Editou este ano os discos The Same Is Always Different e The Ocean Inside a Stone, e toca em Lisboa ao lado dos músicos com quem gravou este último: João Pedro Brandão (saxofone alto, flauta), Hugo Raro (piano, sintetizador), Torbjörn Zetterberg (baixo elétrico) e Marcos Cavaleiro (bateria).

Fundação Gulbenkian. Sábado, 1 de Agosto. 21.30. 10€.
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3. Angélica Salvi/ The Selva

Através da harpa, Angélica Salvi cria um espaço livre de expressão. Phantone (2019), o álbum de estreia da artista espanhola radicada no Porto, foi gravado no Mosteiro de Rendufe, em Amares, e o seu som ancestral é moldado por delays, justaposições, ecos e reverberações. A sua música, arrojada e encantatória, toca num canto fundo da condição humana, abrindo espaço para cada pessoa se desenhar a si própria.

Antes, apresenta-se o trio The Selva, de Ricardo Jacinto (violoncelo), Gonçalo Almeida (contrabaixo) e Nuno Morão (bateria), que adapta as lições do minimalismo norte-americano.

Fundação Gulbenkian. Domingo, 2 de Agosto. 21.30. 10€.

4. Daniel Bernardes & Drumming GP

Daniel Bernardes tem os interesses eclécticos e o percurso sem respeito por fronteiras típicos dos jazzmen da nova geração: estudos de piano clássico, cursos de composição com Stockhausen e Emmanuel Nunes, colaborações regulares com músicos de jazz, formação de duo piano + vibrafone dedicado à reinterpretação de Radiohead, recriação da música de José Afonso e Carlos Paredes em piano solo, concerto multimédia a partir das recolhas de música tradicional de Michel Giacometti.

O disco que o traz à Gulbenkian é Liturgy of the Birds – in Memoriam Olivier Messiaen, editado em 2019 pela Clean Feed. Um fascinante encontro, congeminado pelo pianista, entre a linguagem do jazz e o universo sonoro de Olivier Messiaen. Com António Quintino (contrabaixo), Mário Costa (bateria) e o grupo de percussão Drumming (Miquel Bernat, João Tiago Dias, Jeff Davies, Pedro Góis).

Fundação Gulbenkian. Sexta-feira, 7 de Agosto. 21.30. 10€.
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5. João Lencastre

João Lencastre é um dos melhores bateristas do jazz português. O principal veículo das suas ideias enquanto líder costumam ser os Communion, um grupo de formação flutuante que nos últimos anos tem tido por base o trio com o pianista Jacob Sacks e o contrabaixista Thomas Morgan. Mas não é com eles que vai subir ao palco do Anfiteatro Ao Ar Livre. Neste concerto, apresenta o projecto Parallel Realities, que se estreou em disco em 2019 e onde militam também Albert Cirera (saxofone), Rodrigo Pinheiro (piano), Pedro Branco (guitarra) e João Hasselberg (contrabaixo, baixo elétrico, electrónica).

Fundação Gulbenkian. Sábado, 8 de Agosto. 21.30. 10€.

6. Lantana / João Mortágua

Janela (2014), o álbum de estreia do saxofonista alto (e soprano) João Mortágua, continha indicações promissoras, mas ninguém esperaria que saltasse para o patamar das obras-primas logo no segundo e terceiro discos – Mirrors e Axes, ambos de 2017. O mais recente registo em nome próprio, Dentro da Janela, atesta o domínio de uma grande variedade de registos e foi gravado com José Pedro Coelho (saxofone tenor), Miguel Moreira (guitarra), José Carlos Barbosa (contrabaixo) e José Marrucho (bateria), que o acompanham neste concerto.

Depois de João Mortágua, sobem ao palco as improvisadoras Joana Guerra (violoncelo), Maria do Mar (violino), Maria Radich (voz), Helena Espvall (violoncelo), Carla Santana (electrónica) e Anna Piosik (trompete), mais conhecidas como Lantana.

Fundação Gulbenkian. Domingo, 9 de Agosto. 21.30. 10€.

Entra Agosto

  • Filmes

Este ano o calendário de estreias em Agosto é menos abastado. Faz sentido, tendo em conta a estranheza do ano, os adiamentos, cancelamentos e toda a incerteza que paira sobre a indústria neste momento. Ainda assim, continuam a estrear-se novas séries, como Lovecraft Country Hoops, entre outras.

  • Música

Saudades do Agosto quente, servido de música ao ar livre, de campismo e memórias que nos aguentavam a saudade até ao ano seguinte. Este ano a agenda mudou drasticamente e os festivais foram a principal queda, mas já começam a aparecer alguns apontamentos musicais aqui e ali, ideais para abraçar esta nova normalidade e voltar a ouvir música fora de portas.

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