A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar
George Frideric Handel by Balthasar Denner
©Balthasar DennerGeorge Frideric Handel

Melhores Discos de 2017: Música clássica

Os mil anos de história da música continuam a revelar segredos, como atesta a colheita discográfica de música clássica de 2017

Escrito por
José Carlos Fernandes
Publicidade

A ovina sujeição do nosso mundo hiper-mediatizado ao ritual das “efemérides” tem, no caso da música clássica, a vantagem de, por vezes, permitir chamar a atenção para compositores que não fazem parte da rotina das salas de concertos nem dos hábitos de escuta. Em 2017 assinalaram-se três efemérides que tiveram algum impacto nas edições de discos e que ajudaram a reavaliar o papel decisivo de três nomes fulcrais: Heinrich Isaac (c.1540-1517), Claudio Monteverdi (1567-1643) e Georg Philipp Telemann (1681-1767).

Melhores Discos de 2017: Música clássica

Bach: Paixão Segundo S. João: Odinius, Immler et al., Les Musiciens du Louvre, Minkowski (Erato/Warner)
©DR

Bach: Paixão Segundo S. João: Odinius, Immler et al., Les Musiciens du Louvre, Minkowski (Erato/Warner)

Marc Minkowski fundou Les Musiciens du Louvre em 1982 e precisou de 35 anos para se preparar para apresentar a sua visão de uma das mais monumentais obras da história da música. O tempo foi bem empregue.

Graun: Opera Arias: Lezhneva, Concerto Köln, Antonenko (Decca/Universal)
©DR

Graun: Opera Arias: Lezhneva, Concerto Köln, Antonenko (Decca/Universal)

Um ramalhete de árias, a maior parte delas nunca antes gravadas, ajuda a recordar que Carl Heinrich Graun (1704-1759) foi um dos grandes compositores de ópera do barroco germânico.

[“D’Ogni Aura al Mormorar”, da ópera Orfeo]

Publicidade
Handel: Ottone: Cencic, Snouffer, Kudinov, Hallenberg et al., Il Pomo d’Oro, Petrou (Decca/Universal)
©DR

Handel: Ottone: Cencic, Snouffer, Kudinov, Hallenberg et al., Il Pomo d’Oro, Petrou (Decca/Universal)

Uma equipa de exímios cantores, uma pujante orquestra e um maestro que conhece Handel a fundo demonstram que o relativo olvido a que tem sido votada esta ópera estreada em 1723 é injustificado.

[“Ritorna, o dolce amore”, por Max Emanuel Cencic (Ottone)]

Handel: The Handel Album: Jaroussky, Artaserse (Erato/Warner)
©DR

Handel: The Handel Album: Jaroussky, Artaserse (Erato/Warner)

O contratenor Philippe Jaroussky e o ensemble Artaserse reatam a sua colaboração com uma selecção de árias de ópera de Handel que evita os “favoritos” de sempre e comprova que não há Handel “de segunda”.

[“Ombra Cara”, da ópera Radamisto]

Publicidade
Isaac: Nel tempo di Lorenzo de’ Medici & Maximilian I: La Capella Reial de Catalunya, Hespèrion XXI, Savall (Alia Vox)
©DR

Isaac: Nel tempo di Lorenzo de’ Medici & Maximilian I: La Capella Reial de Catalunya, Hespèrion XXI, Savall (Alia Vox)

O flamengo Heinrich Isaac foi mestre de capela do imperador Maximiliano I e compôs para os Medici. 500 anos após a sua morte, Jordi Savall presta homenagem a um dos mais maiores compositores da história.

[Uma das versões de Isaac para Fortuna desperata, numa leitura ao vivo por La Capella Reial de Catalunya e Hespèrion XXI, com direcção de Jordi Savall]

Monteverdi: Madrigali vol.3: Venezia: Les Arts Florissants, Agnew (Harmonia Mundi)
©DR

Monteverdi: Madrigali vol.3: Venezia: Les Arts Florissants, Agnew (Harmonia Mundi)

Nos 450 anos do nascimento de Claudio Monteverdi, o principal obreiro da transição da Renascença para o Barroco, o ensemble Les Arts Florissants lançou mais um disco da sua exploração dos madrigais do mestre de Cremona.

[“Lamento della ninfa”, do VIII Livro de Madrigais, por Les Arts Florissants]

Publicidade
Wert: Divine Theatre: Motetos: Stile Antico (Harmonia Mundi)
©DR

Wert: Divine Theatre: Motetos: Stile Antico (Harmonia Mundi)

Giaches de Wert (1535-96), um flamengo que esteve ao serviço das cortes de Mântua, Ferrara e Milão, é conhecido sobretudo pelos seus 16 livros de madrigais, mas o ensemble vocal Stile Antico mostra que a sua música sacra não é menos notável.

Alfonso X: Cantigas de Santa Maria: La Capella Reial de Catalunya, Hespèrion XX, Savall (Alia Vox/Megamúsica)
©DR

Alfonso X: Cantigas de Santa Maria: La Capella Reial de Catalunya, Hespèrion XX, Savall (Alia Vox/Megamúsica)

O CD gravado originalmente para a Astrée em 1993 continua a ser uma referência e quem desperava de o encontrar alegrar-se-á por vê-lo regressar com som remasterizado e a apresentação cuidada da Alia Vox.

[Cantiga n.º 100, “Santa Maria, Strella do Dia”]

Publicidade
Rachmaninov: Concertos para piano, Sinfonias, etc.: Lugansky, Orquestra Sinfónica de Londres, Previn (Warner Classics, 8 CDs)
©DR

Rachmaninov: Concertos para piano, Sinfonias, etc.: Lugansky, Orquestra Sinfónica de Londres, Previn (Warner Classics, 8 CDs)

Apesar da competição ferocíssima, a versão dos concertos de Rachmaninov por Nikolay Lugansky & André Previn está entre as melhores. Esta caixa complementa-os com as sinfonias e amostras da música para piano solo e de câmara.

[Nikolay Lugansky toca excertos ao piano e comenta o Concerto n.º 3, a pretexto de um concerto com a Philharmonia Orchestra e o maestro Mikhail Pletnev, em 2009]

Vivaldi: Concerti: Europa Galante, Biondi (Erato/Warner, 9 CDs)
©DR

Vivaldi: Concerti: Europa Galante, Biondi (Erato/Warner, 9 CDs)

O violinista Fabio Biondi e o seu ensemble Europa Galante contribuiram decisivamente para mudar a perspectiva sobre Vivaldi. Os CDs que gravaram originalmente para a Virgin Classics regressam numa caixa-pechincha que transborda de vida, cor e invenção.

[I andamento (Allegro) do Concerto para dois violinos “in tromba marina”, duas flautas de bisel, dois bandolins, dois salmoe, duas tiorbas e violoncelo RV 558]

Best of 2017

  • Música

A música portuguesa vive dias bons. Com bandas e artistas a falarem a sua língua e a produzirem canções que reflectem o país e o presente. Do indie rock português das Pega Monstro e Putas Bêbadas às batidas afromecânicas de Nídia e DJ Lycox, passando pela folk lisboeta de Éme e Luís Severo, o hip-hop de Slow J e os Orelha Negra ou o fado de Camané. Estes foram os melhores discos do ano.

Publicidade
  • Música
  • Jazz

O público é escasso – excepto para esse pegajoso ludíbrio que é o smooth jazz – e os media só falam dele para chorar lágrimas de crocodilo pelo desaparecimento de alguma velha glória dos anos 50, mas o jazz está mais vivo do que nunca e os lançamentos de discos crescem em número e diversidade. Há muito que os EUA perderam o estatuto de super-potência indiscutível e são apenas um protagonista entre outros num mundo multipolar (em que a Escandinávia, o Canadá ou a Suíça também têm voz) e de fronteiras cada vez mais irrelevantes.

Recomendado
    Também poderá gostar
    Também poderá gostar
    Publicidade