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Playlist: os maiores hits de Verão das últimas décadas

A música mudou muito desde os anos 1960, mas há algo que nem boomers nem millennials nem a nova geração Z dispensam: hits de Verão. Fomos ao baú.

Hugo Torres
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Um hit é um acontecimento exótico. Qual é a probabilidade de milhões e milhões de pessoas gostarem da mesma canção? E no entanto existem aos magotes. Uma categoria de êxitos que guardamos no coração são os hits de Verão. Estão connosco há muito e a Billboard, que apesar de reflectir a realidade americana é um bom indicador dos consumos planetários, sabe dizer-nos quais foram os sucessos estivais desde 1958, sopesando vendas, airplay (a partir de 1991) e outros dados relevantes. Fomos ouvir o que se andava a trautear nos primeiros Verões de cada década – e sim, sabemos que as décadas só começam no ano 1, mas é Verão, está sol e não é preciso aborrecerem-se com isso...

Siga as nossas sugestões abaixo ou ouça aqui a playlist completa:

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Playlist: os maiores hits de Verão das últimas décadas

1960

Quem suspirava por amores e desamores, no meloso mainstream do início dos anos 1960, não suspeitaria do furacão por vir. A contracultura viraria a década do avesso, com a música popular na linha da frente. Mas, por esta altura, celebrava-se o regresso de Elvis Presley do seu hiato para cumprir o serviço militar e logo com um dos seus maiores êxitos, “It’s Now or Never”. Embora, na ponderação da Billboard, a entretanto esquecida Brenda Lee tenha ultrapassado o “rei do rock ‘n’ roll” com “I’m Sorry”. Balada contra balada, tal como em Portugal a juventude balançava ao som de “Oh! Carol”, versão dos nacionais Os Conchas do hit de Neil Sedaka, e mais um arroubo melancólico.

1970

Dar saltos de dez anos implica perder muita coisa – “(I Can’t Get No) Satisfaction”, dos Rolling Stones, “Wild Thing”, dos Troggs, ou “Light My Fire”, dos Doors (note-se: nem Beatles nem Beach Boys lideraram os tops de Verão da Billboard) – e voltar a cair num baile de namorados. “They Long To Be (Close To You)”, que lançou os Carpenters para o estrelato (e que se mantém viva na cultura pop através d’Os Simpsons, como “a” canção de Homer e Marge), untou aventuras e promessas estivais neste ano. Uma angélica trova de amor, cantada em dueto, que subiu aos céus, onde ficou sentada ao lado da versão funky que os Three Dog Night fizeram de “Mama Told Me (Not To Come)”, e com o espírito jovial e animado dos Jackson 5 (“The Love You Save”) à espreita. Ambas bastante mais dançáveis.

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1980

Se fôssemos dados a falcatruas, faríamos passar o Verão de 1979 pelo de 1980. Haveria Donna Summer (“Bad Girls”, “Hot Stuff”), Anita Ward (“Ring My Bell”), Chic (“Good Times”) e The Knack (“My Sharona”). Um full house festeiro.
Cumprindo as regras, ficamos com “It’s Still Rock And Roll To Me”, um Billy Joel em pose nostálgica, interpelando a new wave e as mudanças de gosto; e “Magic”, de Olivia Newton-John (muito longe da magia contagiante de “You’re The One That I Want”, “Summer Nights” ou “Physical”). Felizmente, a música portuguesa resgata este Verão com o seminal “Chico Fininho”, de Rui Veloso, e “Amanhã de Manhã”, que ainda hoje é servido como um Doce (cof, cof) em noites soltas.

1990

A ondulante Mariah Carey marcou o ritmo da época logo no single de estreia, “Vision of Love”, um imaculado exemplar do chamado slow-para-dançar-agarradinho. E que veio provar que, mesmo num ano em que o espectro da esperança varria o mundo – com o desmoronamento da Cortina de Ferro, a reunificação da Alemanha, a libertação de Mandela –, o povo quer é namorico. O contraponto é feito em swingbeat pelo luso-descendente americano Glenn Medeiros, com “She Ain’t Worth It”, gravado com Bobby Brown. Billy Idol (“Cradle of Love”) e New Kids On The Block (“Step By Step”) fecham o pódio.

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2000

Passe-se por cima de “Unbelievable” (EMF, 1991), “Baby Got Back” (Sir Mix-A- Lot, 1992), “Whoomp! (There It Is)” (Tag Team, 1993), “Don’t Turn Around” (Ace of Base, 1994), “Boombastic” (Shaggy, 1995), “Macarena” (Los Del Rio, 1996), “MMMBop” (Hanson, 1997), “You’re Still The One” (Shania Twain, 1998) e “Genie In A Bottle” (Christina Aguilera, 1999). Passe-se, mas registe-se – para quem quiser fazer uma festa So 90s. No Verão de 2000 ouve-se à saciedade o “rock alternativo” de Matchbox Twenty, com “Bent”. Para menear a anca, há ‘N Sync e a pop arrebatada e decidida de “It’s Gonna Be Me”, e a contenção de Aaliyah, a malograda “princesa do R&B”, com “Try Again”.

2010

É possível que tenha recalcado esta informação, mas se bem se lembra a canção que mais se ouviu em Portugal este ano foi um hit do Verão anterior: “I Gotta Feeling”. Cortesia da selecção de futebol, que adoptou o tema dos Black Eyed Peas como hino galvanizador para o Mundial da África do Sul (outro som inescapável foram as ensurdecedoras vuvuzelas). De resto, o trio de ataque da Billboard para a época era todo ele composto por duplas: os temas mais ouvidos foram “California Gurls”, de Katy Perry e Snoop Dogg; “Love the Way You Lie”, de Eminem e Rihanna; e “Airplanes”, de B.o.B e Hayley Williams. Pop açucarada traçada com hip hop – eis a táctica concretizadora de 2010.

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2020

Com o Verão ainda a meio, tudo o que sabemos são meias verdades. Ainda assim, este ano também parece dado a êxitos a dois. Apesar de pouco soalheiro, o trap confessional de “Rockstar” está bem lançado para se tornar no tema do estio. Obra de DaBaby, com Roddy Ricch, entretanto revista e aumentada para se alinhar com o movimento Black Lives Matter. Lady Gaga e Ariana Grande, que fundiram dance pop e house em “Rain On Me”, estão a ombrear com a versão que Megan Thee Stallion e Beyoncé fizeram de “Savage”, o único viral (no TikTok) de que gostaríamos de ter ouvido falar este ano – até porque preferimos savage parties a corona parties.

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Ah, as manhãs. Esse pedaço de discórdia da humanidade, ora pendendo para os que de nós acordam em euforia ora pendendo para os que odeiam tudo no começo do novo dia. Mas não se inquiete porque, ao contrário dos nossos antepassados, temos muitas e boas soluções musicais para superar a pior das manhãs.

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