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Generation Harmonia Mundi + The Family Spirit
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12 caixas de música clássica para oferecer este Natal

As editoras continuam a fazer sair caixas antológicas que dão para anos a fio de degustação. Eis as melhores de 2018

Escrito por
José Carlos Fernandes
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A obra completa de um grande compositor como Bach dentro de um paralelepípedo de 13 Kg. Cecilia Bartoli, uma voz inigualável, a cantar Rossini. O maestro Claudio Abbado à frente da Filarmónica de Berlim. As gravações do violinista Henryk Szering para a Philips, Mercury e Deutsche Grammophon. E a lista podia continuar. Há aqui matéria para degustar e reflectir durante muitas horas.

A Time Out Lisboa só não sugere é que desculpa poderá dar ao seu patrão para ficar em casa durante semanas a fio a explorar estas arcas do tesouro.

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Grandes Compositores

Bach
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Bach

Bach 333: The New Complete Edition (Deutsche Grammophon/Universal)
Nº de discos: 222 CDs + 1 DVD

No que toca a volume das caixas antológicas, o recorde continua a estar nas mãos de Herbert von Karajan: Complete Recordings on Deutsche Grammophon (2017), com um total de 365 discos (entre CDs e DVDs), e não é previsível que seja batido tão cedo.

Nas caixas dedicadas a um único compositor, a caixa Mozart 225, surgida em 2016 e albergando 200 CDs, era a maior, mas teve de ceder a primazia à nova Bach 333, que assinala a passagem de 333 anos sobre o nascimento de Johann Sebastian Bach, e supera a concorrência por larga margem: são 222 CDs e poderiam ser muitos mais não fossem tantas obras deste prolífico e genial compositor terem sido perdidas (é possível que as cerca de 200 cantatas sacras que sobreviveram representam apenas 3/5 da sua produção).

São 280 horas de música, entre as quais se contam 10 horas de novas gravações realizadas expressamente para este formidável empreendimento (e anuncia-se que sete obras são estreias mundiais). Apesar de possuir um precioso espólio de gravações de Bach, a Deutsche Grammophon não poderia aspirar a construir uma integral sozinha, pelo que a caixa inclui registos de um total de 32 editoras (a maior parte delas da editora-irmã, a Decca e das suas sub-etiquetas, como a L’Oiseau-Lyre).

A edição foi preparada em colaboração com o Arquivo Bach de Leipzig, presidido pelo maestro e musicólogo John Eliot Gardiner, uma das maiores autoridades mundiais no assunto.

[John Eliot Gardiner apresenta Bach 333]

Os CDs são complementados por um DVD com o documentário Bach: A Passionate Life, concebido e narrado por Gardiner, por seis livros (um por cada sub-caixa temática) com índice de faixas e textos cantados, um livrete com o índice do catálogo BWV e dois livros de capa dura – uma biografia ilustrada, da autoria de Dorothea Schröder, e um guia de audição, da autoria de Christoph Wolff, a única pessoa do mundo que sabe tanto sobre Bach como Gardiner.

A parte mais substancial da caixa está ocupada com música sacra, cuja interpretação é assegurada, na sua maior fatia, por John Eliot Gardiner e Masaaki Suzuki, mas também tem lugar para maestros bachianos não menos reputados, como Nikolaus Harnoncourt, Philippe Herreweghe, Ton Koopman, Sigiswald Kuijken e Gustav Leonhardt. Outros especialistas em música antiga representados na caixa são Rinaldo Alessandrini, Frans Brüggen, Christophe Coin, Reinhard Goebel, Paul McCreesh, Trevor Pinnock e Christophe Rousset.

[“Quoniam Tu Solus”, do Gloria da Missa em si menor, com direcção de John Eliot Gardiner (Archiv)]

Mas como também há quem aprecie Bach sem ser em instrumentos de época, a caixa oferece, em paralelo, interpretações alternativas por nomes tão afamados como Claudio Abbado, Martha Argerich, Pablo Casals, Pierre Fournier, Glenn Gould, Anne-Sophie Mutter ou Karl Richter. Ou seja, para além da música de Bach, a caixa oferece também uma panorâmica generosa sobre a evolução da interpretação da música de Bach ao longo do tempo. Encontrará mais detalhes sobre este empreendimento no website Bach 333. Já agora, tenha em atenção que terá de arranjar lugar nas suas prateleiras para um caixote de 13.5 Kg.

Couperin
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Couperin

Complete Works for Harpsichord (Erato/Warner)
N.º de discos: 10 CDs

Os Couperins que se distinguiram na música foram muitos – a dinastia vai de Mathurin Couperin (1569-?), um modesto músico local na região de Brie (sim, a do queijo), até Céleste Couperin (1793-1860), que foi, como vários dos seus antecessores, organista na igreja de Saint-Gervais, em Paris. Mas quando se fala de Couperin sem mencionar o nome próprio, está a falar-se de François Couperin (1668-1733), dito “Le Grand”, que foi o mais notável membro da família e uma das mais importantes figuras do Barroco. E uma das suas mais relevantes contribuições foi na música de cravo, instrumento para o qual compôs 230 peças, agrupadas em quatro livros publicados em Paris em 1713, 1717, 1722 e 1730.

O cravista francês Olivier Baumont registou na íntegra este tesouro, numa interpretação que se tornou uma referência e regressou, em edição económica, neste ano em que se assinala o 350.º aniversário do nascimento do compositor.

[“Les Barricades Mystérieuses”, de François Couperin, por Olivier Baumont]

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Mozart
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Mozart

The Complete Sonatas for Fortepiano (Erato/Warner)
N.º de discos: 6 CDs

O russo Aleksei Lubimov toca as sonatas de Mozart recorrendo a três cópias modernas de fortepianos do tempo de Mozart, saídos das oficinas de Walter e de Stein, dois fabricantes que o compositor elogiou. Reedição económica de uma gravação de referência realizada em 1990.

[Andamentos II (Menuetto) e III (Alla Turca) da Sonata para piano n.º 11 K.331, de Mozart, por Aleksei Lubimov]

Grandes Maestros

Claudio Abbado & Berliner Philharmoniker
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Claudio Abbado & Berliner Philharmoniker

The Complete Deutsche Grammophon Recordings (Deutsche Grammophon/Universal)
N.º de discos: 60 CDs

A Deutsche Grammophon já tinha lançado várias caixas parciais documentando a associação de Claudio Abbado com a Filarmónica de Berlim, mas esta é a edição integral.

Abbado teve a pesada responsabilidade de suceder a 35 anos de reinado de Herbert von Karajan e ficou à frente da orquestra entre 1989 e 2002 – porém, a caixa não diz respeito apenas a este período, pois Abbado já tinha muitos anos de experiência a dirigir a formação berlinense – o seu primeiro encontro teve lugar em 1966 – e continuou a dirigi-la depois de o cargo de maestro titular ter passado para Simon Rattle.

[Excerto da Sinfonia n.º 9 de Dvorák, pela Filarmónica de Berlim, com direcção de Claudio Abbado, ao vivo no teatro Massimo, Palermo, 2002]

George Szell
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George Szell

The Complete Columbia Album Collection (Sony)
N.º de discos: 106 CDs

O maestro George Szell (1897-1970) faz parte da vaga de maestros de origem europeia que dominou avassaladoramente a direcção orquestral norte-americana durante boa parte do século XX e contribui para elevar as orquestras americanas para um patamar superior de excelência. Nasceu em Budapeste como György Széll, numa família judaica convertida ao catolicismo, e iniciou carreira, ainda adolescente, como virtuoso do piano, mas reorientou-se para a direcção orquestral. A eclosão da II Guerra Mundial apanhou-o em viagem nos EUA e optou por estabelecer-se em Nova Iorque, acabando por obter a cidadania em 1946, ano em que também assumiu o posto de maestro da relativamente modesta Cleveland Orchestra.

[George Szell sobre a sua orquestra, numa entrevista de 1966]

Ficou nele até à morte, em 1970, e, no interim, converteu a Cleveland Orchestra numa das melhores do mundo. Esta caixa contém não só tudo o que Szell gravou com a Cleveland Orchestra durante esses 24 anos, como as suas gravações com a Filarmónica de Nova Iorque e as suas incursões, como pianista, na música de câmara.

[George Szell ensaia a Sinfonia n.º 5 de Beethoven com The Cleveland Orchestra]

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Rafael Kubelik
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Rafael Kubelik

The Complete Recordings on Deutsche Grammophon (DG/Universal)
N.º de discos: 64 CDs + 2 DVDs

Se, entre as duas guerras mundiais, a ascensão dos totalitarismos de direita forçou muitos maestros, intérpretes e compositores da Europa Central a buscar paragens mais seguras, sobretudo no outro lado do Atlântico, o alastrar do domínio soviético à Europa Central e de Leste, no pós-II Guerra Mundial, também levou ao exílio de figuras relevantes do meio musical.

Uma delas foi o checo Rafael Kubelik (1914-1996), que se estreara à frente da Filarmónica Checa com apenas 19 anos. Apesar da ocupação do país pela Alemanha nazi, em 1938, Kubelik logrou manter-se no activo, primeiro na Ópera de Brno, depois na Filarmónica Checa. Mas quando os nazis deram lugar aos comunistas, entendeu que não estava disposto a tolerar uma segunda tirania e exilou-se no Ocidente, onde dirigiu a Sinfónica de Chicago (com a qual gravou em 1950-53 para a Mercury), a Ópera de Covent Garden (1955-58) e a Sinfónica da Rádio Bávara (que entre 1961-79 gravou para a Deutsche Grammophon).

[Andamento I (Allegro non troppo) da Sinfonia n.º 4 de Brahms, pela Sinfónica da Rádio Bávara, dirigida por Rafael Kubelik]

A caixa soma às gravações para a Deutsche Grammophon, as que fez para outras editoras com a Filarmónica Checa, a Philharmonia Orchestra e a Filarmónica de Viena.

Grandes Violinistas

Henryk Szering
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Henryk Szering

Complete Philips, Mercury and Deutsche Grammophon Recordings (Decca/Universal)
N.º de discos: 44 CDs

O violinista polaco Henryk Szering (1918-1988) estreou-se em público com 15 anos, tocando o concerto de Brahms com a Filarmónica de Varsóvia. O estudo em Paris com Nadia Boulanger, entre 1933 e 1939, poderá ter contribuído para lhe salvar a vida, dada a sua ascendência judaica.

O acolhimento caloroso que lhe foi dispensado quando se apresentou no México em 1945 levou a que se fixasse no país e solicitasse a cidadania mexicana – mais tarde tornou-se embaixador cultural do México. São muito reputadas as suas gravações de Bach e Paganini, bem como as sonatas de Beethoven e Brahms (em parceria com Arthur Rubinstein).

Szering estava particularmente bem apetrechado de ferramentas para exercer o seu ofício: possuía dois violinos construídos por Guarneri del Gesù e um Stradivarius.

[Concerto para violino de Brahms, por Henryk Szering e a Orquestra Sinfónica de Londres, com direcção de Antal Dorati]

Grandes Vozes

Birgit Nilsson
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Birgit Nilsson

La Nilsson (Decca/Universal)
N.º de discos: 79 CDs + 2 DVDs

Assinalando o centenário do nascimento da lendária soprano sueca Birgit Nilsson (1918-2005), a Decca lança uma caixa que pesa quase tanto como uma valquíria, o que se compreende quando se leva em conta que teve uma longa carreira –retirou-se dos palcos em 1984, aos 66 anos, uma longevidade admirável, atendendo ao desgaste causado pelos papéis exigentíssimos que interpretou durante anos a fio.

No fulcro desta caixa estão as óperas de Wagner, nomeadamente dois ciclos completos de O Anel do Nibelungo, um deles o que foi gravado em Viena com o maestro Georg Solti entre 1958 e 1965 e que é um monumento da história da música gravada.

[Birgit Nilsson como Brünhilde em “Fliegt Heim, Ihr Raben!”, a famosa Cena da Imolação no final de O Crepúsculo dos Deuses, de Wagner, durante as sessões de gravação da tetralogia O Anel do Nibelungo com a Sinfónica de Viena e direcção de Georg Solti]

Birgit Nilsson
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Birgit Nilsson

The Great Live Recordings (Sony)
N.º de discos: 31 CDs

Nos arquivos da Sony não há registos de Nilsson capazes de rivalizar com o acervo Decca + Philips + Deutsche Grammophon, mas não faltam gravações ao vivo com a soprano sueca, agora reunidas nesta caixa, que reúne 12 versões integrais de nove óperas, bem como excertos de quatro óperas.

Wagner era a especialidade de Nilsson e é ele o compositor mais representado nesta colecção que documenta registos do Festival de Bayreuth, do Met de Nova Iorque e da Ópera Estatal de Viena, entre outros teatros de ópera.

[“Einsam in Trüben Tagen”, por Birgit Nilsson e a Orquestra do Festival de Bayreuth, com direcção de Eugen Jochum, Bayreuth, 1954]

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Cecilia Bartoli
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Cecilia Bartoli

Rossini (Decca/Universal)
N.º de discos: 15 CDs + 6 DVDs

Esta caixa pode não competir com as caixas de Nilsson em imponência, mas nenhum apreciador de ópera resistirá à junção da ópera de Gioacchino Rossini (falecido há 150 anos) com a voz da mezzo-soprano Cecilia Bartoli – que se estreou em público em Roma, aos 19 anos, a cantar Il Barbiere di Siviglia.

A caixa contém, entre outros ingredientes, registos integrais em DVD de La Cenerentola, Il Turco in Italia, Il Barbiere di Siviglia, Otello e Le Comte Ory (as três primeiras óperas surgem também em CD, noutras versões).

[“Non Più Mesta”, de La Cenerentola, por Cecilia Bartoli e Houston Symphonia, com direcção de Bruno Campanella e encenação de Roberto De Simone]

Grandes Editoras

Harmonia Mundi
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Harmonia Mundi

Generation Harmonia Mundi + The Family Spirit (Harmonia Mundi)
N.º de discos: 18 + 18 CDs

Em 1958, nasciam em simultâneo duas editoras que iriam fazer história: em St. Michel de Provence, em França, surgiu, pela mão de Bernard Coutaz, a Harmonia Mundi; na Alemanha, o seu amigo Rudolf Ruby fundava a Deutsche Harmonia Mundi (DHM). O tempo fez com que o caminho das duas editoras divergisse – a Harmonia Mundi faz hoje parte do grupo PIAS, a DHM do grupo Sony – mas o que é inegável é que ambas moldaram decisivamente a edição discográfica, em particular no domínio da música antiga e na interpretação historicamente informada.

[Ária de Caronte (o baixo Paul Gérimont) na ópera L’Orfeo, de Monteverdi, numa interpretação em que o Concerto Vocale é dirigido por René Jacobs. Este L’Orfeo registado em 1995 é uma das gravações de referência representadas em The Family Spirit]

A Harmonia Mundi assinala o seu 60.º aniversário com duas caixas, de 18 CDs cada, que, ao mesmo tempo que dão a ouvir o riquíssimo acervo da editora, traçam uma história da interpretação ao longo dos últimos 60 anos: o vol.1, The Age of Revolution, documenta os anos 1958-88, o vol.2, The Family Spirit, os anos 1988-2018.

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