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Giz em toda a parte: jovens de Sintra tornaram-se 'chalktivists'

As ruas de Sintra encheram-se de giz na primeira iniciativa do PARTEJ, um projecto social que promove actividades artísticas para os mais jovens. Fomos perceber melhor o que é isto do “chalktivism”.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Mensagens sobre justiça social espalharam-se pelas ruas de Sintra. Foi a primeira iniciativa desenhada a giz do projecto social PARTEJ - Práticas Artísticas para o Empoderamento Juvenil, dinamizado pelo centro de difusão cultural sintrense Chão de Oliva, também responsável pelo conhecido festival Periferias. E se por um lado o festival nasceu para descentralizar a cultura, o PARTEJ utiliza a cultura para promover actividades junto dos mais jovens, entre os 15 e os 25 anos, e ajudá-los a reflectir sobre a sua relação com a comunidade e também sobre o seu futuro. É que a arte não é apenas um passatempo.

Esta primeira acção, chamada Gizar - Arte pela Mudança, invadiu as ruas da Tapada das Mercês, em Sintra, no final de Novembro, numa tarde de domingo em que jovens locais se fizeram munir de paus de giz de várias cores e pintaram o chão com mensagens de justiça social. Um evento preparado durante várias sessões e workshops organizados pelo PARTEJ, que também envolveram as áreas do teatro, da música e da dança. Nas ruas da cidade, convidaram moradores, organizações e grupos informais a deixar mensagens relevantes para a comunidade e para o mundo, tornando-se parte do chamado chalktivism, um movimento internacional que junta as palavras inglesas para ‘giz’ e ‘activismo’. “Esta iniciativa teve como objetivo mobilizar os jovens da comunidade da Tapada das Mercês, aproximando-os das organizações e projetos locais, dando-lhes a conhecer as estruturas e oportunidades no seu local de residência”, explica o Chão de Oliva em comunicado.

PARTE J
©DRGizar

Nas palavras de Yolanda Santos, técnica pedagógica do projecto, este primeiro evento (sim, porque prometem voltar a ‘gizar’) teve como principal objectivo “demonstrar que a arte não é algo distante e intangível e que inclusivamente, pode ser um agente de mudança social, na medida em que pode expressar importantes visões e mensagens referentes à realidade individual, comunitária ou global”. Alguns dos temas “traçados a giz”, descreve, foram a inclusão, a liberdade ou os direitos dos animais, num dia em que um grupo de jovens “quis apelar à cidadania desenhando no chão do ringue onde fazem desporto e pedindo um maior cuidado com a higiene dos cães nos seus passeios naquele local”, por exemplo. A coordenadora do projeto Susana C. Gaspar acrescenta que estas acções visam “inspirar, motivar e mobilizar estes jovens para possibilidades na área artística que possam ainda não ter sido consideradas”, ao demonstrar “que a criação artística não tem que ser apenas um passatempo.”

O PARTE J é financiado pelo Lisboa2020 - Fundo Social Europeu e conta com o apoio da Câmara Municipal de Sintra, da Fundação Aga Khan, da Junta de Freguesia de Algueirão Mem-Martins, da Associação Jangada d’Emoções, do Plano Nacional das Artes e da Rede de Empregabilidade de Sintra. O Gizar contou ainda com o apoio do comércio local, como foi o caso da Papelaria J. Nunes que ofereceu uma parte do giz utilizado durante o evento. Fique atento às próximas iniciativas na página oficial do Chão de Oliva. E, já agora, tenha um giz à mão, não vá apetecer-lhe pintar num próximo Gizar e tornar-se num verdadeiro chalktivist.

Chalkti-quê?

O chalktivism é uma forma de activismo, normalmente usada por grupos de jovens que querem espalhar mensagens curtas de forma colorida e divertida. Está normalmente associada aos direitos dos animais, mas já se deixou contaminar por outros temas, como o Black Lives Matter nos Estados Unidos.

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