A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar
Gustavo Huguenin e Fabíola Goulart
Francisco Romão Pereira/Time OutFabíola e Gustavo são voluntários na JMJ de Lisboa

Jornada Mundial da Juventude, uma história de amor

Fabíola e Gustavo apaixonaram-se no encontro mundial da juventude do Rio de Janeiro e agora trazem a sua história de amor até Lisboa, como voluntários. Uma família portuguesa recebeu-os.

Escrito por
Sara Capelo
Publicidade

Dez minutos de atraso e talvez não estivéssemos a contar a história de amor de Fabíola Goulart e Gustavo Huguenin. Nem a história de amor deles, nem aquela que há mais de uma década vivem com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Desde que, durante um ano, trabalharam na preparação do evento no Rio de Janeiro, não falharam nenhum enquanto voluntários internacionais. Estiveram em Cracóvia durante um ano. Depois no Panamá por dois meses. E desde Junho que se instalaram em Portugal. Ela para trabalhar na área de comunicação; ele enquanto designer gráfico. “São mais de 10 anos vivendo a jornada intensamente”, diz Fabíola, sentada num espaço exterior de convívio da sede do comité organizador local da JMJ de Lisboa, que se realiza entre 1 e 6 de Agosto.

Tudo teria sido diferente se ele se tivesse atrasado a chegar aos correios de Cantagalo, um pequeno município no interior do estado do Rio de Janeiro. Era o último dia do prazo para envio de propostas para o design do logo da JMJ, que ocorreria no Brasil em 2013. O designer Gustavo andava a planear o seu desenho há muito, muito tempo. Mas alguns detalhes fizeram com que apenas terminasse à última da hora. Chegou ao posto dos correios os tais 10 minutos antes do fecho e ainda a tempo de despachar a encomenda. Não podia imaginar então, mas lá dentro ia o logo vencedor, que seria impresso em t-shirts, bandeiras e muitos outros materiais deste encontro da juventude católica que chegou a reunir mais de três milhões de pessoas nas cerimónias religiosas com o Papa Francisco na praia de Copacabana. Foi convidado para o comité organizador e trabalhou directamente para a JMJ do Rio durante dois anos.

Em Florianópolis, a mais de 1100 quilómetros de distância, a jornalista Fabíola apresentou-se como voluntária na paróquia e, seis meses antes do grande evento, também ela se mudou para a Cidade Maravilhosa. “Já nos conhecíamos, mas começámos a ficar amigos por causa da jornada. Fomo-nos aproximando e apaixonámo-nos”, conta ela. Foram dias muito intensos, continua Gustavo: “Temos o costume de brincar que, se sobrevivemos a uma jornada, iríamos sobreviver ao casamento.” O pedido aconteceu num fim de tarde na mesma praia de Copacabana onde tinham estado entre milhões a escutar o Papa. O grande dilema a partir de então era: estando fixados em pontos tão distantes do Brasil, onde iriam viver?

Uma amiga deu-lhes a resposta que procuravam – e pela qual rezaram. “Venham para Cracóvia participar na organização da JMJ”. Instalaram-se na cidade polaca durante um ano. Um dia decidiram ir a Roma contar a sua história ao Papa Francisco. Como todas as quartas-feiras este recebe um grupo de recém-casados, vestiram-se de noivos e “com jeitinho”, conta Fabíola, conseguiram chegar até ele. “Pedi um abraço de verdade a ele, caloroso, bochecha com bochecha, foi muito lindo.”

Fabíola Goulart
Francisco Romão Pereira/Time OutFabíola Goulart é jornalista
Gustavo Huguenin
Francisco Romão Pereira/Time OutGustavo Huguenin é designer e o autor do logótipo da JMJ no Rio de Janeiro

Tinham planeado terminar  a sua participação como voluntários nas jornadas  do Panamá, em 2019. Mas a escolha de Portugal como país organizador “mexeu com o nosso coração”, confessa Gustavo. “Nós queremos ajudar a construir a vossa história [com as jornadas], porque sabemos como é especial. É a alegria de uma juventude que deseja propagar valores de paz, solidariedade e diálogo”, explica Fabíola. E cá estão, instalados na casa de Paulo Marques, Mafalda Mendonça e da filha desta, Laura, de 12 anos, que é uma entusiasta da JMJ de Lisboa. Laura habituou-se a ouvir  a mãe falar da sua visita a Cracóvia: “Posso dizer que foi das experiências mais enriquecedoras de toda a minha vida”, conta Mafalda, de 45 anos, gestora de produto numa empresa de telecomunicações. “Isto é algo que tem de ser vivido!”

Todas as noites, Fabíola e Gustavo partilham as experiências com estes novos amigos portugueses. Juntos, percorreram Lisboa à procura de um arraial popular, onde lhes apresentaram as bifanas. Próxima prova? Sardinhas assadas. E enquanto estiver em Portugal, Gustavo tem uma missão: comer um pastel de nata por dia. “Difícil vai ser quando se forem embora”, desabafa Paulo, 47 anos.

Este artigo foi originalmente publicado na revista Time Out Lisboa, edição 666 — Verão 2023.

+ JMJ. Guia para o milagre da multiplicação (de pessoas)

+ JMJ. Estes eventos são gratuitos e abertos a todos

Últimas notícias

    Publicidade