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Kureiji: uma taberna japonesa com groove e boa comida

O novo restaurante japonês no Cais do Sodré nasceu no Independente. Atrás do balcão está o chef João Francisco Duarte, até agora no Soão.

Cláudia Lima Carvalho
Escrito por
Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
Kureiji
Rita Chantre
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Boa comida, boa música e bom ambiente. A receita não é nova, apesar de nem sempre funcionar, tantas vezes por se cortar em algum lado. No novo Kureiji, porém, parece estar tudo alinhado. Atrás do balcão – e é o balcão o centro de tudo, tal como numa taberna japonesa –, está João Francisco Duarte. Quem o viu no Soão, como o sócio Diogo Esteves o viu tantas vezes, percebe que o chef está como um peixe na água. O izakaya, no Cais Sodré, só abriu depois de uma viagem dos dois ao Japão, tal é o investimento da dupla em provar que o Kureiji não é só mais um restaurante japonês em Lisboa.

Kureiji
Rita ChantreDiogo Esteves e João Francisco Duarte

Pouco antes das 20.00, num dia de semana, existe rebuliço. A música dá o tom e os lugares vão ficando ocupados em menos de nada. Tem sido assim desde que abriram no final de Fevereiro no lugar do comobå, actualmente na Rua da Boavista, não muito longe daqui. O contraste é absoluto. O brunch e a calmaria matinal deram lugar à agitação nocturna e aos petiscos japoneses, sushi e sashimi incluídos. 

A ideia partiu de Diogo Esteves, que já tinha sido sócio do Izakaya de Tiago Penão em Cascais. “Eu andava à procura de um espaço aqui no Cais do Sodré porque sabia que queria vir para Lisboa e o dono do comobå disse-me para vir ao Independente conhecer os donos porque eles não sabiam o que fazer aqui”, conta Diogo, revelando que todo o food and beverage do hotel é agora da sua responsabilidade, começando desde logo pelos pequenos-almoços. É por isso, explica, que em breve o Kureiji terá também uma porta directa para o espaço do lado, o lobby do Independente, onde em tempos chegou a funcionar o Bica San. “A ideia é transformar essa entrada num bar com ostras. Vai acabar por ser um bocado a nossa sala de espera para aqui.”

Kureiji
Rita Chantre

O menu é vasto, percorre várias das especialidades japonesas, e permite tanto uma refeição rápida como uma mais demorada. “Isto é uma taberna japonesa, que é um conceito de que eu gosto mais porque dá para fazer tudo, desde sushi, tempuras, massas, grelhados”, começa por dizer João Francisco Duarte, comparando com o Soão, o restaurante pan-asiático em Alvalade do grupo Sea Me. “Foi uma grande escola, adorei ter lá trabalhado, mas tínhamos sete cozinhas dentro do restaurante, eram pratos de sete países. E a parte japonesa é realmente a que me puxa mais. Eu estava sempre muito focado no sushi”, lembra o chef que soma no currículo passagens por restaurantes especializados como o Midori no Penha Longa, a Bica do Sapato ou o Sushi Samba em Londres. 

Kureiji
Rita ChantreNigiris

Diogo era cliente habitual em Alvalade e só não desafiou logo João porque não queria desfalcar nenhuma equipa. “Também não gostava que um dia viessem cá buscar [pessoas], mas é a lei do mercado”, admite. “Quando o Diogo me apresentou o projecto, eu ainda estive uns seis meses no vai, não vai; depois, por várias razões, acabei por aceitar. Mal saí do Soão, fomos logo três semanas ao Japão fazer uma investigação”, conta o chef, para quem essa viagem foi fulcral para aquilo que hoje está a fazer no Cais do Sodré. 

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Rita ChantreUsuzukuri de lírio

“Foi brutal ver o rigor, a metodologia deles. Nem consigo descrever”, afirma, relatando um episódio em que, contra todas as suas expectativas, acabou a trabalhar num “sushi bar no Mercado de Tsukiji com dois velhotes de 70 e tal anos”. “Sempre ouvi dizer que eles não aceitavam ocidentais, mas mandei o barro à parede. Pedi para trabalhar, mostrei um vídeo a arranjar um atum e deram-me logo a faca para a mão”, ri-se.

No menu, há sashimi de sarrajão (9€), toro (15€) e shu toro (13€) – estes dois últimos também disponíveis em nigiri (18€ e 15€, respectivamente). Há ainda nigiri de lírio (9€), salmão (8€) ou carabineiro (18€). Na verdade, é muito possível que apareçam sempre outras opções. “A ideia é criar com o produto da época. “Hoje temos isto, amanhã pode ser outra coisa. Temos a nossa carta base, mas depois estamos sem travão nenhum”, garante João Francisco Duarte. “Este conceito de izakaya dá para fazer de tudo um pouco”, reforça. 

Kureiji
Rita ChantreKushiyaki de wagyu

A proposta é mesmo que prove um pouco de tudo e tudo pode ser um taco de atum (9€), um tártaro de wagyu (45€), um usuzukuri de pregado (10€) ou de lírio (13€), umas gyosas de frango (9€), legumes (7€), camarão (11€) ou wagyu (16€), uma katsu sando (12€), uma tempura de legumes (9€) ou de camarão (13€). Não faltam as espetadas yakitori em que o frango é todo usado – coração (9€), peito (8€), fígado (4€), asas (7€), coxa (7€) – e as kushiyaki com carne como wagyu (15€/Urugai ou 30€/Japão) ou barriga de porco (8€). Soma-se a isto ainda possibilidades de saladas, como a de algas (6€), e de yakisobas (12,50€-14€). 

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Rita Chantre

“Também queremos começar a apostar muito numas espetadinhas com peixe. Nesta parte, ainda estamos no início, a criar rotinas, porque é tudo novo, mas a nossa intenção é com o produto da época acrescentar várias possibilidades”, atesta o chef. Diogo Esteves acrescenta: “Estamos a ser altamente exigentes na qualidade do peixe. Fazemos questão que [os fornecedores] entrem pela porta da frente e não pela porta de trás. Não deixa de ser uma taberna, queremos azáfama. Isto há-de ser sempre uma coisa despretensiosa”, assegura, dando a possibilidade de se prolongar a noite por aqui. “Isto não é bem um espaço de dança, mas já aconteceu. A ideia é ouvir um bom som e se calhar estar de pé já no fim; podem chegar amigos, a malta começa a relaxar. A ideia não é que isto se transforme em discoteca, é ter bom som, dá logo outra vibe”, explica Diogo, atribuindo a curadoria da música a “Tiago Santos da Rádio Oxigénio”. “Estamos muito alinhados na nossa vertente de groove, desde a playlist à programação de DJs à sexta e sábado. Temos outras ideias mais para a frente para os domingos à tarde”, conclui, apontando também a aposta no bar. Há cerveja Asahi (4€-8€), sake (ao copo e à garrafa, 9€-184€) e cocktails clássicos e de autor, como o que leva o nome da casa que combina gin, wasabi e yuzu (13€).

Rua de São Paulo 99 (Cais do Sodré). 21 050 7609. Qua-Qui 19.00-00.00, Sex-Sáb 12.00-15.00/19.00-02.00, Dom 12.00-15.00/19.00-00.00

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