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Letreiro Galeria inaugura exposição com mais memórias gráficas

O projecto tem uma nova exposição no Edifício IDB Lisbon que na verdade completa uma mostra de 20 letreiros que estão no IDB Rooftop, um dos espaços deste edifício.

Renata Lima Lobo
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Renata Lima Lobo
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“Estabelecimentos” é o nome da exposição da Letreiro Galeria, projecto conhecido por resgatar letreiros de antigos espaços comerciais que vão encerrando portas, cuja primeira pedra foi lançada em Julho, com a instalação de 20 letreiros luminosos de estabelecimentos comerciais no IDB Rooftop, a zona exterior do edifício antigamente conhecido como Entreposto. Essa memória gráfica continuará em exposição, mas esta quinta-feira abre ao público a segunda parte de “Estabelecimentos” que pode ver até 25 de Novembro.

Se na parte exterior os fundadores da Letreiro Galeria (os designers Rita Múrias e Paulo Barata, ex-Time Out Lisboa) optaram por seleccionar palavras como “oculista”, “cervejaria”, “artes gráficas”, “penteados”, “rádio”, “ferramentas”, “farmácia” ou “bar”, sem identificar qual o estabelecimento de origem, no interior a história é mais completa. Dentro de portas, os visitantes vão conhecer mais de perto a investigação em curso que têm desenvolvido junto de arquivos municipais e privados, além de mais letreiros que têm sido salvaguardados pelos dois designers, vindos dos concelhos de Lisboa, Sintra, Almada, Cascais e Vila Franca de Xira.

“As palavras comerciais transformam-se ou desaparecem, dependendo dos costumes e tendências de cada época. Nomenclaturas do início do século XX são diferentes das de há 50 anos que, por sua vez, não são as mesmas que conhecemos no século XXI”, explicam os fundadoresMuitos termos mantém-se na nossa língua, como ‘restaurante’, ‘marisqueira’ ou uma loja de ‘ferramentas’, mas uma loja de ‘electrodomésticos’ já não anunciará a venda de rádios, um ‘cabeleireiro’ dispensa a palavra ‘penteados’, um convívio nocturno certamente não será num ‘salão-bar-discoteca’; já são poucos os ‘beberetes’ e muitos ‘oculistas’ são agora ‘ópticas’. Se formos comprar fruta ou presunto, será num espaço conjunto com outros produtos, como numa mercearia, mercado ou supermercado e cada vez são mais raras as antigas ‘charcutarias’ ou ‘frutarias’ espalhadas pelos bairros de Lisboa.”

Letreiro Galeria
©DREstabelecimentos

Mas nem só de letreiros se constrói o espólio da Letreiro Galeria, hoje com mais de 250 peças. Esta exposição inclui ainda descrições dos pregões de vendedores ambulantes do início do século XX e de alguns artigos que vendiam nas ruas da cidade, como perus ou leite que saía directamente da vaca, ordenhada no acto de compra. “Acreditamos que a história de uma cidade também pode ser contada através da imagem gráfica dos estabelecimentos comerciais. Queremos enfatizar a importância do património gráfico e cultural da cidade, para reflectirmos sobre a relevância que a tipografia tem na arquitetura, na paisagem urbana e na memória gráfica individual e colectiva.”

Desde a sua fundação, em 2015, a Letreiro Galeria anda em busca de um espaço permanente para alojar a colecção, mas até agora ainda não conseguiram concretizar o sonho de criar um museu dedicado à memória gráfica das cidades.

IDB Lisbon. Ter-Qua 11.00-18.00, Qui 11.00-21.00, Sex-Sáb 11.00-22.00, Dom 11.00-20.00. Grátis

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