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Melides está mais Vermelho (e de muitas outras cores)

Visitámos o hotel de luxo de Louboutin, que tem duas novas villas privadas, provámos as novidades do restaurante Xtian e confirmámos que para o ano abre um novo Vermelho, com apenas dez quartos.

Vera Moura
Escrito por
Vera Moura
Directora Editorial, Time Out Portugal
Vermelho
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A natureza gosta pouco de obedecer a regras. Quando decidiu construir um hotel em Melides, aldeia pela qual se perdeu de amores há 12 anos (e onde regressa todos os anos em Junho para desenhar as colecções de Inverno), o designer de moda Christian Louboutin imaginou um jardim exuberante cheio de flores vermelhas. Umas cresceram amarelas. Outras cresceram cor-de-laranja. E assim ficaram, intensificando o arco-íris que é o Vermelho, cujo nome vem mais da sola dos sapatos emblemáticos do francês do que do edifício azul discretamente integrado na paisagem alentejana. 

Na recepção e no bar do hotel, o chão é, de facto, vermelho (com mosaicos da Fábrica de Azulejos de Azeitão), mas o que impressiona à chegada é a instalação dourada e verde-água da Klove Studio, como se fosse um gigantesco colar de uma imperatriz; e na hora de beber um copo, o balcão cinzelado da ourivesaria litúrgica Villarreal, responsável por fazer os impressionantes e ultra-pormenorizados altares das procissões da Semana Santa de Sevilha. 

Vermelho
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A festa cromática continua por todo o lado: da instalação ao ar livre Lágrimas de Loros, de Elisabeth Lincot, com 100 cabeças de pássaros em cerâmica vidrada (a mais fotografada pelos visitantes); aos quartos, 13 no total – todos diferentes e todos virados para o jardim e para a piscina. Os painéis de azulejos, nas paredes e casas de banho, variam nos tons, desenhos e formas; há frescos de artistas como Konstantin Kakanias (que numa casa de banho deixou as provas de cor a pedido do amigo Louboutin); e os tecidos das colchas e sofás vão da típica chita a padrões exóticos, vindos de latitudes longínquas.

Vermelho
DRChristian Louboutin no Vermelho

Num dos quartos, a mobília é minhota – cama, mesas de cabeceira, cómoda, tudo, como as miniaturas com que brincávamos em criança. Dentro dos armários, muitos com as portas em rattan colorido (até aqui, a Maison Gatti só produzia rattan para fazer as cadeiras que ficaram conhecidas nas esplanadas parisienses), volta o vermelho, na forma de cabides em pele da cor que Louboutin registou em 2010.     

Vermelho
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“Quando desenhou o hotel [com a arquitecta portuguesa Madalena Caiado], ele tinha duas ideias principais”, conta Vera Gonçalves, directora-geral do Vermelho. “A primeira era que a construção tinha de se integrar completamente na aldeia, para quando as pessoas passam terem a sensação que sempre ali esteve, respeitando os materiais e a cultura, com paredes caiadas e calçada. A segunda era que, não vindo da hotelaria, tinha de ser cauteloso. Se não resultasse, esta tinha de poder ser uma casa para juntar os amigos e a família.” 

Homem das artes e coleccionador maximalista, sem complexos em misturar estilos, épocas, materiais e, claro, cores, Christian Louboutin espalhou pelo hotel que podia ser uma luxuosíssima casa de férias o acervo de antiguidades, mobiliário, pinturas e outras obras que até aqui tinha guardado em armazéns.

Vermelho
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Só a pequena sala de tratamentos, aberta a não hóspedes, troca a exuberância pelo branco e por um jogo de meias-luzes quentes, para oferecer massagens que recorrem a técnicas ancestrais e pontos energéticos para trabalhar tudo: físico, psicológico e emocional. 

Maior e mais completo será o spa do irmão mais novo do Vermelho, prometido para 2026 (e envolto em alguma polémica): com apenas dez quartos e vista para o mar, o Vermelho Lagoa está a ser construído num edifício abandonado há quarenta anos. “Terá um spa completo, uma piscina maior e um rooftop bar com vista. A ideia é haver um intercâmbio entre hóspedes dos dois hotéis e outra vez vários artistas amigos a participar no projecto”, adianta à Time Out Vera Gonçalves.

Vermelho
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Enquanto 2026 não chega 

Não é só o próximo ano que traz novidades para os lados de Melides. Este Verão, Louboutin inaugurou duas luxuosas villas privadas na aldeia, pensadas como uma extensão do hotel.

La Salvada, com cerca de 250 metros quadrados, duas suites e cozinha equipada, foi desenhada pelo arquitecto egípcio Tarek Shamma para receber quatro pessoas. O projecto de inspiração indiana, que contou com a colaboração de artesãos e materiais da região alentejana, enquadra-se discretamente na paisagem, com piscina e lareira exterior com vista para os arrozais. Há relíquias e obras de arte da colecção privada do designer francês por todo o lado. 

vermelho hotel melides portugal
Ricardo JunqueiraLa Salvada, Vermelho
Villas privadas Vermelho
Ricardo JunqueiraLa Salvada, Vermelho

Já La Maison des Bateaux, para até seis pessoas, tem 150 metros quadrados, três suites, alpendre, deck e piscina. Faz lembrar uma casa tipicamente alentejana, combinando o estilo rústico com a excentricidade de Louboutin que, mais uma vez, não foi tímido na escolha de cores e na mistura de padrões nos quartos, nas salas e até nas casas de banho.

“Estas duas villas são projectos de design e decoração privados, que não tinham inicialmente qualquer objectivo comercial", diz a directora Vera Gonçalves. "Representa o abrir de portas ao mundo privado de Christian Louboutin, reforçando a marca Vermelho como um símbolo de criatividade, autenticidade e exclusividade, sempre respeitando o que Melides tem de melhor, a sua beleza natural inigualável.” 

Os preços destas casas privadas arrancam nos 1700 euros, com serviço e uma cesta de boas-vindas com produtos locais incluídos. Os hóspedes podem optar por tomar o pequeno-almoço no Vermelho. 

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Ricardo JunqueiraLa Maison des Bateaux, Vermelho
Vermelho villas privadas
DRLa Maison des Bateaux, Vermelho

Quem não está a pensar ficar hospedado, mas tem curiosidade em conhecer a obra de Louboutin em Melides, encontra à mesa do restaurante Xtian uma boa oportunidade – e uma nova carta de Verão. O designer de sapatos é fã dos sabores e técnicas nacionais (parece que não troca a simplicidade do peixe fresco, do marisco e do arroz portugueses por nada). O arroz de Melides, em específico, tem tido especial atenção do francês, que co-fundou com a condessa e enóloga italiana Noemi Cinzano uma associação para preservar a lagoa e implementar técnicas de agricultura sustentáveis nos arrozais.

O espaço, no seguimento do bar, não é só mais uma celebração de cores, com pósteres de filmes de Bollywood pendurados nas paredes, cadeiras de rattan em tons terra, chão de azulejos com padrão intrincado, loiças exclusivas da Vista Alegre e jarras com flores naturais: é um hino à gastronomia portuguesa, com especialidades como gaspacho alentejano (16€), espetada de polvo (17€) e pica-pau (18€) nas entradas; peixe do dia (35€), arroz de Melides com choco e navalhas (30€) e carne de porto à alentejana (27€) nos principais; e fondant de caramelo com gelado de pastel de nata (13€) ou queijada de queijo de cabra (11€) nas sobremesas.

Xtian
Ricardo JunqueiraXtian, restaurante do Vermelho
Xtian
DANIELA BESSOXtian, restaurante do Vermelho

Vermelho, Rua Dr. Evaristo Sousa Gago 2, Melides. vermelhohotel.com 

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