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Mr. Zombie: jogos e hambúrgueres. É preciso mais alguma coisa?

Gamers de todas as idades, uni-vos no Mr. Zombie, que é para isso que ele serve. No novo espaço de dois pisos, com salas temáticas carregadas de nostalgia, joga-se totalmente de graça, incluindo arcade. O dinheiro é para gastar em comida e na loja.

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal
Mr. Zombie
RITA CHANTRE | Hugo Brites e João Rodrigues, sócios da Mr. Zombie
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Hadouken!” Quem nunca se deixou apanhar pela força gravitacional de Street Fighter II, tem duas opções: atirar a primeira pedra (mas para quê?) ou dirigir-se ao 311A da Estrada de Benfica, dizer bom dia boa tarde, descer ao piso -1, procurar a sala arcade, agarrar no joystick e ser sugado por esse vórtex dos anos 1990. Se for acompanhado, melhor. Afinal, Street Fighter II foi o vídeojogo com que aprendemos que era possível expressar uma personalidade de comando na mão, e o vídeojogo com que aprendemos a ler e a inutilizar um adversário. Portanto, não é tanto pela companhia, é pela experiência completa. “Sonic boom!”

Não é fã de jogos de combate? Street Fighter II não é um jogo de combate, é um marco cultural – mas vamos tentar não revirar os olhos e seguir em frente. Adoptemos a postura agregadora da Mr. Zombie, onde estamos e onde cada um joga o que quer sem ser julgado por isso (Punisher, King of Fighters, Unbroken). E há de tudo para todos: além das arcades, é possível deitar a mão a comandos e consolas de retrogaming que vão da Megadrive e das diversas Playstation à Sega Saturn, à Super Nintendo, à Wii e até a um Game Boy gigante. Sim, estamos num espaço seguro e de encontro, uma espécie de intersecção no tempo para diferentes gerações.

“A loja vive muito disso, de nostalgia”, diz João Rodrigues, que em 2018 decidiu deixar o seu emprego como designer gráfico e abrir uma loja de compra e venda de jogos em segunda mão. Foi assim que nasceu a Mr. Zombie, que entretanto já teve várias vidas. A escassas dezenas de metros da anterior localização e a menos de dez minutos a pé do Jardim Zoológico (e, já agora, mesmo à frente da nova casa da Massa Mãe), este é o quinto espaço da Mr. Zombie. É o mais ambicioso também. Em 2020, João tentou crescer para um espaço que unisse videojogos e comida. Mas abriu em cima da pandemia e fechou logo a seguir. Foi obrigado a reajustar.

Mr. Zombie
RITA CHANTRESala de refeições da Mr. Zombie

Agora conseguiu voltar a dar forma à ideia de criar um sítio que fosse loja, salão de jogos e restaurante de refeições rápidas. Para o fazer, João Rodrigues, hoje com 46 anos, uniu esforços com mais dois sócios – Hugo Brites, 26, e Filipe Martins, 44. Este último não trabalha na Mr. Zombie. João e Hugo, sim, com mais uma pessoa na cozinha. São eles que nos recebem no primeiro dos dois pisos do novo espaço, numa sala decorada a Star Wars e onde ficam o balcão, as mesas de refeições com vista para a rua e a loja, com uma infinidade de consolas e jogos retro à venda – tudo testado, limpo e com três anos de garantia.

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RITA CHANTRESala anime da Mr. Zombie

No outro piso, para o qual se desce por uma de duas escadas, há quatro salas temáticas: a sala anos 90, com sofás e consolas da época à disposição; a sala anime, apropriadamente ornamentada e com mais consolas (olá, PlayStation Classic Mini); a sala medieval, com uma mesa comunitária para oito a dez pessoas, própria para jogos de tabuleiro, trading card games e role-playing games (é aqui, portanto, que se joga Dungeons & Dragons); e a sala arcade, com dez máquinas (que eram as que estavam na Feira Popular, e apresentam ainda as marcas dos cinzeiros, mas têm ecrãs novos) e uns luminosos mini-matraquilhos.

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RITA CHANTREMr. Zombie, sala anos 1990

Jogar é gratuito em qualquer uma delas (incluindo nas arcade, ao contrário do que acontece, por exemplo, na cave do Cine-Teatro Turim, não muito longe daqui). Basta consumir, seja na sala de refeições, seja levando a comida para baixo, para junto das consolas (só não é possível comer na sala arcade). Os clientes percebem e cumprem, sem abusos. Mesmo os mais novos, que se levarem o cartão da escola ainda têm direito a descontos na ementa, na qual se encontram sobretudo hambúrgueres, cujos elementos João garante virem do talho e da mercearia do bairro, naquela zona de São Domingos de Benfica.

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RITA CHANTRESala arcade do Mr. Zombie

São oito as opções, todas com nomes de personagens de videojogos: o Mario (4€) e o Tetris (5€), os mais simples e os únicos com uma só fatia de carne; o Double Tetris (6€), o Pac Man (7€), o Meat Boy (7€) e o Tomb Raider (7€) têm todos duas fatias, variando no bacon, na cebola frita, nos picles, no queijo cheddar e no molho; o Fruit Ninja (7€) é um hambúrguer vegan, com alface, picles e maionese de alho vegana; e por fim há o Duck Hunt (6€), que leva peito de frango, picles e molho. Todos eles se transformam em menu, com bebida e batatas fritas por mais 2,5€. E depois há nuggets (seis/3€, nove/4€), chicken tenders (dois/3€, quatro/4€), nachos (3,5€), mini coxinhas (seis/3€) e bolinhas de queijo (seis/3€). Para rematar, há “pokeballs”, bolinhas de churro com doce de leite, seis/3€) e churritos com molho de chocolate (quatro/2,5€). Ah! E onde mais se encontrará café a 60 cêntimos?

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RITA CHANTREHambúrguer Pac Man

Com porta aberta desde meados de Abril, “o feedback tem sido espectacular”, diz Hugo Brites. Já tiveram vários eventos, incluindo um dia dedicado ao cosplay e até um torneio europeu com stream na Twitch e tradução em directo para quem estava a ver na Rússia e na Finlândia. Também aceitam reservas para aniversários, por exemplo. Quanto custa? O consumo. João, Hugo e Filipe parecem mais apostados em criar uma comunidade à volta da Mr. Zombie do que em aumentar a facturação. Outra prova disso é que até os jogos que estão à venda na loja podem ser jogados nas consolas do piso inferior. É só pedir.

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RITA CHANTRE

Não há tempo limite para passar a jogar, e não é por esse ser um serviço gratuito que tem menos atenção da equipa de sócios. No dia da visita da Time Out, um pai subiu as escadas para perguntar se seria possível mudar o jogo numa das consolas para o Super Smash Bros. “Gostei de jogar com o miúdo no outro dia.” A resposta foi pronta: claro que sim. Na Mr. Zombie, garantem João e Hugo, encontram-se pessoas de todas as idades, e habitualmente famílias. Há até quem venha de propósito de sítios tão longínquos como Malveira, Évora, Tomar ou Braga. Conhecer o novo sítio, ver as novidades. E o mais provável é que voltem.

Estrada de Benfica 311A (São Domingos de Benfica). Ter-Qui 11.00-19.00. Sex-Sáb 11.00-23.00

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