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As ruas das cidades não só mudam de nome como também desaparecem, de vez em quando. A artéria desta foto, a Rua das Picoas, antes Estrada das Picoas, ao Saldanha, foi um desses casos, arrasada para sobre ela ser erguido o majestoso Cine-Teatro Monumental, em 1951 – também ele hoje já só uma memória de Lisboa. Um dos edifícios que então desapareceram igualmente foi o do Colégio Normal de Lisboa, visto à direita, que se situava nos frondosos jardins do Palácio Camarido, propriedade da Condessa de Camarido. No século XIX, esses jardins prolongavam-se até ao Campo Pequeno, antes de lá serem abertas a Avenida da República (que começou por se denominar Ressano Garcia, tendo sido alterada após a queda da monarquia e a implantação da república, em 1910) e as Avenidas Novas. O prédio que se vê ao fundo, à esquerda, ainda está de pé e nele moraram Laura Alves e o seu marido, o empresário teatral Vasco Morgado, que explorava o Teatro Monumental.
A designação “Picoas” terá tido origem no apelido “Picão” de duas irmãs que tinham uma quinta que havia ali. O povo chamava-lhes “as Picôas” e o nome passou para o local, também conhecido como Sítio das Picoas. A pequena e discreta Rua das Picoas que ainda hoje existe perto do Saldanha e que desemboca na Avenida Praia da Vitória, é o derradeiro resto da velhinha Estrada das Picoas, que hoje vive apenas num punhado de fotografias.
Coisas e loisas de outras eras:
+ A breve vida do Theatro Moderno
+ Quando a Avenida do Aeroporto não tinha nome