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Convento das Bernardas
©José Vicente (CML/DMC/DPCC)Convento das Bernardas

Open Conventos: antigas casas religiosas de portas abertas

Após uma primeira edição em 2019, o Open Conventos volta a abrir a porta de antigos espaços religiosos da cidade, entre os dias 24 e 27 de Maio. Itinerários, visitas guiadas e também livres fazem parte desta iniciativa gratuita.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Há quase 200 anos, as ordens religiosas foram abolidas em Portugal. Conventos de todo o país deixaram de ser a casa das mais diversas comunidades religiosas, passando, na sua maioria, para as mãos do Estado português. Ao longo dos anos, estes espaços foram sendo convertidos para as mais diversas funções, como hospitais, museus ou instituições de ensino – só em Lisboa há dezenas de exemplos. Este ano, são 32 os espaços que integram a iniciativa Open Conventos, que se realiza entre 24 e 27 de Maio, desenhada em parceria por especialistas da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Câmara Municipal de Lisboa, Quo Vadis - Turismo do Patriarcado de Lisboa e o Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

A primeira edição abriu portas em 2019 e conquistou o interesse de cerca de 3000 visitantes. Um número bastante expressivo que resultou nesta segunda edição, um Open Conventos que regressa apenas quatro anos depois devido à pandemia Covid-19. A apresentação decorreu esta terça-feira no Convento das Bernardas, hoje Museu da Marioneta, um dos espaços que integra um programa recheado de visitas guiadas e dividido em vários itinerários: Conventos da Madragoa, Conventos da Pampulha, Santo António, Companhia de Jesus, Conventos do Bairro Alto, Conventos Hospitais e Conventos da Luz.

Para Laurentina Pereira, directora municipal da cultura, o Open Conventos é uma oportunidade para “conhecer de perto as suas memórias, o seu interior e as diferentes faces destes importantes edifícios que outrora foram casas de comunidades religiosas e que hoje cumprem outras finalidades. Uma “iniciativa inédita que permitiu dar uma maior visibilidade aos diferentes conventos que habitam a nossa cidade, criando uma rede de proximidade com os visitantes e o património arquitectónico envolvente”, acrescentou durante a apresentação.

Também presente, a arquitecta Hélia Silva – que irá acompanhar as visitas guiadas aos Conventos da Madragoa, juntamente o historiador Tiago Borges Lourenço, ambos do Instituto de História de Arte da NOVA FCSH – explicou a importância de abrir e mostrar estas casas. “São espaços de cultura, são pólos de desenvolvimento na cidade e, o mais interessante, é uma história que começou há 200 anos, em 1834, quando se dá a extinção das ordens religiosas. De repente, em Lisboa, cerca de 70 edifícios, como este, perderam o seu uso religioso”, disse, destacando, por exemplo, o Hospital de São José, onde funcionou o antigo Colégio de Santo Antão-o-Novo.

Mas há muitas histórias para contar, como a do Museu da Marioneta, lá está. Aqui funcionava o Convento das Bernardas, sendo que as religiosas não foram expulsas com os homens das antigas ordens. No entanto, mais nenhuma freira poderia ser admitida e foi apenas quando a última morreu, em 1869, que o edifício passou efectivamente para as mãos estatais. Aqui chegou a funcionar uma fábrica de moagem e no início do século XX a capela do convento foi convertida em sala de teatro amador, onde se estreou Hermínia Silva, a mesma sala onde há um século funcionou o Cine-Esperança. O velho convento começou depois a ter habitação, e chegaram a viver aqui 700 pessoas. Nos anos 90 passou para as mãos do município, que restaurou o edifício, e no virar do século, abriu portas como Museu da Marioneta.

As visitas podem ser realizadas de forma livre – com a ajuda do site e aplicação Quo Vadis, onde encontra o programa e toda a informação sobre os itinerários e espaços – ou em formato visita guiada, onde os visitantes são acompanhados por especialistas, num programa pontuado por algumas iniciativas complementares. Como a Conversa Aberta “Conventos e habitação”, que acontece no Museu da Marioneta a 25 de Maio com os arquitectos Pedro Pinto, António Tudella e José Miguel Silva, que irá reflectir sobre que usos podemos dar aos conventos no domínio da habitação e de que forma os conventos podem ser parte da solução. No dia anterior, o de abertura, terá lugar uma sessão de cinema na Sala de Extrações da Lotaria Nacional, antiga Casa Professa de São Roque, com o filme A Missão (1986), de Roland Joffé, um drama histórico sobre a Companhia de Jesus, com Robert De Niro, Jeremy Irons e Liam Neeson.

O encerramento do Open Conventos está marcado para 27 de Maio no antigo Convento São Pedro de Alcântara, onde hoje funcionam serviços da SCML, com um concerto ao final da tarde do Coro Capela Nova. Todas as actividades são gratuitas, com excepção da entrada no Mosteiro de São Vicente de Fora, cujos bilhetes estarão a metade do preço, com um valor de 2,50€.

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