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Palacete Touzet, em Alcântara, vai ser demolido para dar lugar a habitação

Nos planos chegou a estar alojamento turístico. Novo projecto foi aprovado esta quarta-feira, 14 de Fevereiro, em reunião de Câmara, garantindo-se preservação da fachada.

Rute Barbedo
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Rute Barbedo
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O primeiro projecto de arquitectura para o Palacete Touzet, na Rua dos Lusíadas, foi proposto em 2017 pelo então vereador do Urbanismo, Manuel Salgado. Previa um alojamento turístico, mas não chegou a ir a votos, na sequência de uma petição com o objectivo de salvar o edifício de 1888 que chegou a ser atelier e sede da empresa de construção Touzet, responsável por muito do património industrial na cidade, como a Central Tejo. O processo foi suspenso e ficou até ao ano passado em banho-maria, quando se apresentou uma nova solução, alterando o uso do edifício para fins habitacionais. Esta quarta-feira, 14 de Fevereiro, o projecto foi aprovado em reunião de Câmara, prevendo-se a demolição do palacete com a preservação da fachada, já que quase "toda a construção está em estado avançado de ruína", segundo avançou a Câmara Municipal de Lisboa à agência Lusa. 

Para a associação Fórum Cidadania Lx, no entanto, há lugar para críticas. Em Setembro de 2023, o grupo chamou a atenção para o facto de o Palacete Touzet "estar há vários dias com a porta escancarada, à espera muito provavelmente de uma catástrofe que viabilize, finalmente, a demolição de todo o conjunto histórico (logradouro incluído), conforme pretendido por alguns". Em declarações à agência Lusa sobre o projecto aprovado esta semana, Paulo Ferrero, um dos fundadores da associação, acusa a CML de ter uma uma prática "sempre igual", nos últimos 15 anos, quanto ao "património entre-séculos" da cidade: "demolição completa ou reabilitação faz-de-conta, como no caso presente, em que mantém a fachada principal, que fica engolida e esmagada pela ‘modernidade’ do arquitecto Pardal Monteiro". Já a autarquia explicou à Lusa que, entre 2018 e 2022, notificou três vezes a empresa requerente do projecto (entregue ao atelier Pardal Monteiro Arquitetos) e actual proprietária do imóvel, a Imolapa – Imobiliária da Lapa, para avançar com a alteração e valorização do edifício, "mas nunca foram submetidas alterações oficiais ao processo".

A CML defende, ainda, que o projecto actual "respeita os escassos valores patrimoniais susceptíveis de serem preservados, especificamente a fachada principal", além de permitir "aumentar a oferta de habitação na freguesia de Alcântara com mais 15 fogos". Já o PCP votou contra, defendendo que a solução apresentada "não salvaguarda o património construído e preconiza uma ocupação excessiva do logradouro que não cumpre o PDM nem o que deveria ser o interesse da cidade numa zona vulnerável a cheias", enquanto o Bloco de Esquerda criticou a "autorização para habitação de luxo em património histórico, com demolição de quase tudo". Sobre a questão do logradouro, a autarquia refere que o projecto cumpre os requisitos do Plano Diretor Municipal (PDM) de Lisboa.

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