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Pela primeira vez vamos poder conhecer o espólio do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática

Renata Lima Lobo
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Renata Lima Lobo
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A cada buraco que se escava sai um pedaço de história. Mas já pensou para onde irão parar os achados arqueológicos que, por exemplo, pululam na frente ribeirinha de Lisboa?

Há dez anos que o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS) está desterrado em Loures, no Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), após ter saído da Avenida da Índia no espaço hoje ocupado pelo novo Museu dos Coches.

No MARL, este centro ocupa 1500 m2 de um grande armazém que partilha com outras estruturas da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), como o Arquivo Morto ou o Arquivo das Lojas. As condições estão longe de ser as melhores, a nível técnico e de armazenamento, mas há uma luz que brilha ao fundo do túnel. Até ao final deste ano, o CNANS vai-se instalar em Xabregas, num espaço que já foi ocupado pela antiga Fábrica de Tabaco.

obra CNANS

A porta principal é a 37 da Rua de Xabregas. Quando esta terça-feira visitámos o espaço que está em obras desde Abril não havia ainda muito para ver. Mas com a ajuda das imagens de projecto deu para perceber que o CNANS vai ficar melhor instalado.

A área bruta total das futuras instalações é de 2620 m2, num edifício que apesar de não estar classificado chegou ao coração dos técnicos da DGCP e do arquitecto da casa João Carlos dos Santos, responsável por este projecto, que decidiu manter alguns elementos mais interessantes, como as caixilharias exteriores em madeira e os gradeamentos, que serão recuperados.

Em Xabregas, o CNANS vai passar a ter a primeira câmara frigorífica da sua história, bem como alguns equipamentos especializados e com nomes estranhos para leigos como tanques de impregnação rebaixados, para a observação ser feita sem ter de subir a um escadote, tanques de imersão, um liofilizador (técnica de desidratação) que a DGCP comprou no final do ano passado, uma estufa nova e, claro, um laboratório. Arquivos, biblioteca e centro de documentação também terão uma nova vida no futuro espaço.

CNANS

A DGPC quer ainda que este seja um espaço mais virado para a cidade e por isso mesmo será disponibilizado um espaço polivalente (na imagem de destaque), que tanto poderá servir para conferências como para exposições, tanto do CNANS como de outros acervos.

"Este projecto foi feito por técnicos da DGPC. Não é fácil fazermos estes projectos internamente, mas fizemos”, explicou João Carlos dos Santos, acrescentando que a mudança será complexa e que a intervenção ficará totalmente concluída até ao final do ano.

A lógica do CNANS também vai mudar. Se hoje tem à sua guarda mais de 14 mil peças arqueológicas, para Catarina Coelho, directora do Departamento dos Bens Culturais, o objectivo é que grande parte das peças que passam pelo CNANS sejam devolvidas à comunidade, como por exemplo a museus locais por todo o país. Se o MARL era um sítio estático, o novo centro de trabalho do CNANS será um espaço onde as peças entram, são tratadas e depois saem para uma nova vida.

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