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Também queremos: tudo o que invejámos de outras cidades em Maio

Escrito por
Luís Leal Miranda
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Um bar inspirado no Black Mirror, um museu tripante, yoga galáctico, um evento aborrecido e um bailarico num porta-aviões. Nós também queremos! 

1. Um bar inspirado no Black Mirror

A distopia televisiva preferida de todos nós deu origem a um bar em Londres. Mas o que é que uma série tem a ver com cocktails?

A  explicação é um pouco rebuscada. O recém-inaugurado The Grid é um cruzamento de um bar com uma escape room, que tem como objectivo criar uma experiência etilizada que vai beber (ah ha) influências à série de TV. Os participantes (ou clientes) são convidados a entrar numa empresa de inteligência artificial chamada Neosight. Lá dentro vão participar numa série de experiências que têm como objectivo ensinar as máquinas a pensar mais como os humanos. E é nesta posição de cobaia que se bebem cocktails futuristas, poções que deixam os convivas com a disposição certa para enganar as máquinas e escapar dali com vida. Os pormenores desta última parte não são revelados para não estragar a surpresa, mas está visto que uma pessoa não pode ir sossegada para os copos com os amigos sem dar por si num cenário pré-apocalíptico em que as máquinas estão prestes a dominar o mundo. Enfim. O The Grid é mais uma ideia dos inventores do bar temático dedicado à série “Breaking Bad” e do Bunyadi, um famosíssimo restaurante nudista. Cá por Lisboa torcemos por um bar de cocktails sofisticado que se inspire em “Nico d’Obra” ou “Duarte & Companhia”. 

2. Um museu tripante como este

O Digital Art Museum do colectivo TeamLab abre este Verão e promete ser o sítio mais instagramável do mundo

Parece mesmo que o mundo da arte também se está a adaptar à cultura dos “shares” e dos “likes”. Veja-se o caso da última exposição de Bordalo II, em Lisboa, que se tornou um fenómeno nas redes sociais antes de ser um fenómeno de bilheteira. Obras de arte grandes e vistosas atraem público que quer acrescentar beleza e alta cultura ao seu feed pessoal. É por isso que a internet está louca de entusiasmo com o Mori Building Digital Art Museum TeamLab Borderless (nome completo, ufa) em Tóquio, que vai abrir este Verão. Por detrás desta extravagância digital multicolorida está um colectivo de artistas que se descrevem como “ultra-tecnologistas”, conhecidos pelas suas instalações interactivas de encher o olho. Neste museu, localizado na ilha de Odaiba, vão ter 10.000 metros quadrados para brincar. As primeiras imagens mostram uma série de paisagens criadas artificialmente que nos fazem lembrar um screen saver do Windows em ácidos; ou um videomapping feito por um gabinete criativo formado exclusivamente por extraterrestres. É o mais próximo, parece-nos, de visitar paisagens alienígenas sem sair deste planeta.

3. Yoga galáctico

Não faltam por aí espaços de yoga. Mas e um yoga no espaço?

Parece que nos dias de hoje o yoga é a actividade física mais versátil do mundo. Existe yoga em miradouros, terraços e marquises. Yoga quente, yoga frio, yoga integral e yoga refinado. Uma pessoa caminha por Lisboa e, se se distrai um pouco, pode dar por si a fazer alongamentos numa sala cheia de desconhecidos a tentar conter os movimentos dos intestinos. Os londrinos levaram mais longe esta obsessão – levaram-na até ao espaço. Não é yoga em gravidade zero (fica a ideia!), mas sim uma nave espacial onde os praticantes podem estender os seus tapetes e distender os músculos. O evento chama-se Flow Yoga and Space Rave e organiza saudações ao Sol num aparelho que parece servir para dar umas voltas no sistema solar: uma sala decorada como o interior de uma nave que, na verdade, é a sede do cinema Mission to Mars, onde no resto dos dias se organizam sessões especiais de ficção científica. Em Lisboa gostávamos de ver yoga no Planetário ou aulas no 28 da Carris, onde o contorcionismo e a elasticidade dos nossos membros é constantemente posta à prova.

4. Um evento aborrecido

Como a Boring Conference, em Londres, dedicada aos assuntos mais entediantes do mundo. É um sucesso de bilheteira.

Vamos admitir: somos doidos por secas. Nada como uma entusiástica palestra sobre um assunto prosaico. Um monólogo longo e hiper-específico acerca de um tema banal. E é exactamente isso que se passa na Boring Conference, um evento que celebra as coisas comuns e as pessoas apaixonadas pelo (aparentemente) aborrecido. O evento deste ano esgotou dias depois de o alinhamento ter sido anunciado, o que nos coloca uma questão interessante: se um evento que é propositadamente entediante se torna um sucesso, será que continua a ser uma seca? O alinhamento dos anos anteriores incluiu palestras sobre espirros, torradas, caixas registadoras, o som que fazem as máquinas de venda automáticas e uma esclarecedora conversa sobre códigos de barras. Este ano vão ser abordados assuntos igualmente fascinantes como as semelhanças entre os 198 hinos nacionais que existem no mundo e as formas de cozinhar refeições elaboradas usando apenas os electrodomésticos à disposição num quarto de hotel. Cada um dos 20 oradores tem 10 minutos para fazer a audiência bocejar de entusiasmo, numa espécie de Ted Talk do desânimo – uma Tédio Talk? A Boring Conference é uma ideia de um empregado de escritório chamado James Ward que toda a vida foi fascinado pelo banal: “Há coisas que são consideradas triviais e sem sentido, mas quando olhamos para elas de perto percebemos que, na verdade, são profundamente fascinantes”, justificou-se ao The Guardian.

5. Um bailarico num porta-aviões

Como a Battle of The Big Bands no convés do Intrepid, em Nova Iorque.

Lisboa não é Nova Iorque. Certo. Não há nenhum porta-aviões nuclear atracado no Tejo. Tudo bem. E não há tradição de big bands em Portugal. De acordo. Mas vamos inspirarmo-nos nestas festas temáticas para criar uma coisa só nossa. Ideia: um concurso de bandas filarmónicas no casco de um dos submarinos da Marinha Portuguesa. Imaginem o Delfim e o Barracuda, nas margens de Lisboa, a servir de palco para um conjunto de músicos a interpretar o melhor de Mantovani. Sucesso garantido. A Battle of The Big Bands repete-se há três anos neste porta-aviões da guerra da Coreia entretanto transformado em museu – ali perto há ainda um Concorde e um vai-e-vem espacial visitáveis. Trata-se de um evento revivalista dos anos 40 com várias bandas a competir por um lugar entre as melhores do mundo a interpretar os standards daquela década. Os pés de chumbo são bem-vindos a este evento de dança hiper-específico, onde há lições para quem não nasceu nos anos 20 e gostava de saber dar os passos certos. Basta olhar para a quantidade de eventos de lindy hop que há em Lisba para perceber que este é um conceito vencedor na nossa cidade. Talvez nem um porta-aviões chegue para acomodar tanto bailarino.

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