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Puppy Yoga
© Miguel Baptista/ Puppy Yoga

Yoga com cachorrinhos? Sim, alivia o stress (e promove a adopção)

Chama-se Puppy Yoga, nasceu em Almada e já chegou a este lado do rio. Conversámos com Elsa Moita e Luís Silva, responsáveis pelo projecto.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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São dez da manhã, a Primavera anuncia-se com um dia de sol e a carioca Rebecca Murbach prepara-se para dar uma aula de yoga. Mas, atenção, não é uma aula qualquer. Estamos no terraço do Mama Shelter, que reabriu recentemente, em antecipação da mudança de hora e dos 60 minutos extra para aproveitar a cidade, e temos convidados de honra. Seis cachorrinhos, vindos directamente do Centro de Recolha de Animais de Loures. O desafio partiu de Elsa Moita e Luís Silva, fundadores do Puppy Yoga, um projecto de promoção dos benefícios da yoga, por um lado, e do contacto com animais, por outro. “É também uma forma diferente de dar a conhecer o trabalho dos canis e promover a adopção responsável”, diz-nos Elsa, antes de nos juntarmos num círculo e sermos surpreendidos com um boost de serotonina.

Puppy Yoga
© Miguel Baptista/ Puppy Yoga

Não conseguimos decorar os nomes todos, mas entre os cachorrinhos, que saem a medo de uma transportadora, estão os muito sociáveis Rita, Raquel e Roberto. Sem darmos por isso, lá vão eles desalmados até ao colo das muitas pessoas que, a um domingo de manhã, aceitaram tentar fazer yoga na companhia de uma ninhada. Nem Rebecca, a dar a sua quarta aula de Puppy Yoga, sai imune a tanto charme canino. “Quando a Elsa me convidou pela primeira vez, fiquei logo ‘ai gente’, porque eu adoro participar em projectos de consciência social. Faz parte do lifestyle do yoga e é muito bacana. Lembro que [na minha estreia] fiquei encantada: eles são tão pequenininhos e é uma correria para cá, uma correria para lá”, partilha a professora, que pratica yoga desde os 17 anos e dá aulas desde 2018, em Lisboa e na Ericeira.

O objectivo desta aula é também, claro, aliviar o stress – o humano e o animal. A prática do yoga, aliada ao contacto próximo com animais, incentiva ao relaxamento. Enquanto fazemos a saudação ao sol, os cães tentam brincar connosco: lambem-nos os braços e os dedos das mãos e dos pés, dão-nos beijinhos à esquimó nas bochechas, desarranjam-nos os cabelos, pedem-nos colo. As pessoas desconcentram-se, riem-se, encenam o momento do Rei Leão em que o mandril Rafiki eleva o pequeno Simba aos céus e canta “Ciclo Sem Fim”. “São muito carinhosos e, à medida que nos movimentamos, querem participar e ficar juntinho”, conta Rebecca, que fica muito feliz por saber que, às vezes, se proporcionam adopções. “Mas é importante perceber se temos espaço e tempo para receber um novo ser. Não é um brinquedo que a gente leva para casa e depois deixa de lado.” 

Puppy Yoga
© Miguel Baptista

Actualmente, o CROAL é responsável por cerca de 100 animais, mas alguns estão em famílias de acolhimento, uma vez que o canil não tem capacidade de alojamento e resposta suficiente. “Temos de os alimentar, higienizar e passear todos os dias. Depois temos trabalho de exterior, que inclui a recolha de animais errantes e de cadáveres, e levar a causa do bem-estar animal a toda a população, para combater o abandono e os maus tratos e promover a esterilização, que também é um acto de amor”, esclarece Virgínia Ganhão, chefe de divisão na CROAL. “Quem não puder adoptar, pode inscrever-se na nossa bolsa de voluntários e participar no 4 Patas a Mexer, que envolve passear e brincar com os cães no parque.”

Depois do yoga, um brunch pet-friendly

Tudo começou com um scroll no TikTok. Elsa, que é formada em marketing digital, cruzou-se com uma série de vídeos de aulas de yoga com animais (cabras, gatos, cães) e ficou logo com vontade de pôr a ideia em prática. Com o apoio de Luís, que é auxiliar de veterinária, fez nascer o Puppy Yoga. O primeiro evento realizou-se em Outubro do ano passado, no Feijó, em Almada, mas entretanto estrearam-se em Lisboa, no centro Om Iyengar Yoga e no Mama Shelter, e têm procurado promover aulas de yoga com diferentes associações e abrigos de animais sem dono, como a União Zoófila, a Amira e, agora, o Centro de Recolha de Animais de Loures (CROAL). “Os canis estão cheios”, alerta Elsa, que relembra que, para além da adopção responsável, há muitas outras maneiras de ajudar. 

Puppy Yoga
© Miguel Baptista/ Puppy Yoga

Lucky, o cocker spaniel de Elsa, não foi adoptado, mas a empreendedora de 25 anos confessa que, se fosse hoje, teria procurado fazê-lo, em vez de comprar. Afinal, há tantos animais sem dono, em canis ou na rua, à espera de uma casa permanente. Os gatos de Luís foram todos resgatados: a Maia e a Nina foram adoptadas – os pais foram buscá-las a um gatil – e o Roni foi resgatado. “Apareceu no trabalho do meu pai, completamente maltratado”, conta-nos Luís. “Gostávamos de consciencializar as pessoas, para que não abandonem os seus animais e façam mais adopções responsáveis.”

Ainda não há datas para os próximos eventos, mas – enquanto Elsa e Luís não arranjam um espaço próprio – está previsto voltar a acontecer (já em Abril) no Mama Shelter, que criou um pacote-experiência com brunch incluído. Custa 55€ e parte do valor é doado à associação ou abrigo parceiro. A ideia é fazer a aula de Puppy Yoga de manhã, no terraço com vista sobre a cidade de Lisboa e o rio Tejo, e depois descer para o brunch, que é pet-friendly e se realiza em formato de buffet, na zona de restaurante e bar. A oferta de comida e bebida não é sempre a mesma, mas nunca há falta de salgados, doces, pratos quentes, saladas e opções vegan.

Mama Shelter
© Mama ShelterO brunch do Mama Shelter funciona em formato buffet, na zona de restaurante e bar

“Estamos constantemente a tentar inovar e, numa altura em que as pessoas andam muito stressadas e cansadas da rotina, pareceu-nos uma óptima ideia juntar o yoga à causa animal. Quando começámos a parceria, o tempo ainda não era o melhor, mas agora há sol e é para repetir”, remata Diogo Horta, gestor de projectos e eventos do Mama Shelter, que mal pode esperar para que o terraço esteja aberto de segunda a segunda e as pessoas se juntem ao ar livre. De preferência, na companhia de cachorrinhos.

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