Vinhos portugueses de terroirs mágicos

As belas vinhas da ilha do Pico estão plantadas em chão de lava negra vulcânica, entre as fendas da rocha-mãe. O mar encontra-se a 50 e 300 metros de distância e muita desta água salgada respinga nas vinhas. A viticultura só é possível devido aos muros de pedras que foram erguidos à mão há alguns séculos. Chamam-se currais, protegem as vinhas dos ventos marítimos e da água do mar. A pedra vulcânica também absorve calor durante o dia, que é emanado à noite, criando assim uma estufa, ideal para a maturação das uvas. Ah, e como devem imaginar, a vindima e todos os outros trabalhos na vinha são feitos à mão. 

A nossa dica: ETNOM Branco 2021, produzido com a casta Arinto dos Açores, uma das três principais castas do Pico. Super fresco e salino. Aromas e sabores de frutas cítricas. Acidez vibrante e em harmonia com seu corpo gordinho. 

€27,50 

A tradição do vinho de talha no Alentejo foi trazida para Portugal pelos romanos há mais de dois mil anos e mantém-se bastante viva em diversas localidades do Alentejo. O processo de produção destes vinhos é excepcional. Depois das uvas chegarem à adega, os engaços são retirados, as uvas esmagadas e as cascas, grainhas e parte dos engaços vão para dentro da talha. A fermentação inicia-se e as leveduras transformam o açúcar das uvas em álcool e dióxido de carbono (gás responsável por levar as partes sólidas das uvas até a superfície da talha). Forma-se uma calota espessa no topo, chamada mãe, que deve ser empurrada algumas vezes por dia para evitar que a talha se quebre com a pressão do CO2. Quando acaba a fermentação, a mãe desce e filtra naturalmente o vinho, que é retirado por meio de uma torneira instalada na parte de baixo da talha. É dentro da própria talha que o vinho nasce!

A nossa dica: Gerações da Talha - Natalha Branco 2022 - Castas: Síria (Roupeiro), Antão Vaz, Perrum e manteúdo. Corpo leve, fresco, salino, aromas de frutas tropicais e damasco seco (devido à maceração pelicular).

€15 

A ilha conta com, aproximadamente, 14 hectares de vinha cultivados por poucos e resistentes produtores. As vinhas de lá são, na sua maioria, velhas, rasteiras e muitas são protegidas do vento por muros de crochet (pedras calcárias). É a ilha mais árida de Portugal e, por este motivo, sempre que chove – apenas no Inverno –, os locais encaminham essa água, por meio de regos e pequenos diques, para os terrenos e inundam as próprias vinhas. A viticultura é complicada e bastante cara para o bolso dos produtores. Produzir vinho ali não é para os fracos, mas os vinhos provam que vale muito a pena. 

A nossa dica: António Maçanita e Nuno Faria - Caracol dos Profetas 2022 - Casta Caracol - autóctone de Porto Santo. No nariz aromas a mar (iodo), toques de pólvora e um floral sutil. Uma certa untuosidade e acidez super refrescante. 

€24,95

O que faz do fundo do oceano um local tão incrível para envelhecer vinhos? Primeiro, há o factor estético. Imagine quão místicas são estas garrafas saídas do mar, cobertas por conchas e algas, como se fosse um tesouro recém-descoberto. Quem precisa de um rótulo quando se tem uma decoração natural destas? Mas não é só pela aparência. Abaixo das ondas, o vinho encontra um ambiente com temperatura constante, ausência de luz e pressão ideais para acelerar o amadurecimento dos vinhos. Alguns dizem que é possível até detectar sabores salinos e minerais. Será? Prove e depois conte o que achou. 

A nossa dica: Anfíbio 2019 Tinto. Um vinho da Região de Lisboa, com as castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alicante Bouschet. Antes de ir para o mar estagiou por 4 meses em barrica e depois 8 meses no fundo do mar, a 10 metros de profundidade. Um vinho com corpo médio, evolução suficiente para indicar para acompanhar até peixes gordos. 

€48