A verdadeira Aldeia Natal fica na Serra da Estrela

Em tempo de fé, é preciso ver para crer. Subimos à Serra da Estrela para descobrir a magia natalícia da aldeia de Cabeça.

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Se o Pai Natal mudasse a sede de operações para Portugal, o destino óbvio seria Cabeça, uma pequena povoação na Serra da Estrela que desde há sete anos se orgulha de ser a Aldeia Natal mais bonita do país, decorada a rigor pelas gentes da terra, com materiais 100 por cento naturais. Até ao dia 1 de Janeiro do ano que está a chegar, os visitantes podem encontrar um mercado de produtos locais, animação de rua e a maior concentração de luzinhas de Natal de que há memória no país.

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A Aldeia Natal

Integrada na rede de Aldeias de Montanha, Cabeça fica na encosta sul da Serra da Estrela, a 530 metros de altitude, e não tem mais de meia centena de casas para os seus 170 habitantes permanentes. Podia ser só mais uma aldeia remota escondida no meio de um pinhal frondoso, mas mais do que um pequeno (pequeníssimo) paraíso natural, é um exemplo de comunidade, união e sustentabilidade. Desde há sete anos, a aldeia que ainda preserva os casarios de xisto rodeados de sobreiros centenários, é paragem obrigatória durante o Natal, altura em que se veste a rigor para viver o advento. Está a ver as aldeias de Natal urbanas que nascem entre tendas de plástico, tapetes de relva artificial e pistas de neve a fingir? Nada a ver. Em Cabeça, o cenário da Aldeia de Natal é precisamente a aldeia, com as suas casas e ruas decoradas a preceito com elementos naturais da terra. Genuíno mais genuíno, nãohá. Os ramos de pinheiros juntam-se em arcos e grinaldas para cobrir as fachadas, os galhos das videiras transformam-se em candeeiros e bolas de luzes, os casulos de milho e as giestas dão forma a coroas coloridas, a madeira que sobra das podas é usada para fazer casinhas e placas informativas e o barro é transformado em enfeites catitas para as árvores de Natal.

Todos por um

Célia Gonçalves, coordenadora técnica da Rede de Aldeias de Montanha, dá a cara pelo projecto, mas é rápida a atribuir os louros à população, os verdadeiros cenógrafos da festa e sem os quais nada disto seria possível. Pessoas com histórias para contar e que emprestam as mãos, os saberes e a criatividade à missão de recuperar antigas tradições de Natal. Os trabalhos de preparação começam uns meses antes da abertura oficial (que este ano aconteceu a 7 de Dezembro), com serões dedicados às artes manuais. A população junta-se para reunir as matérias-primas recolhidas, distribuem-se tarefas e no fim, já com as decorações prontas, parte-se em romaria pela aldeia para começar a dar forma à festa. Sem planos de design, maquetes ou estudos de paisagem, prevalece a intuição, o amor pela terra e uma certa vaidade em criar em conjunto a “mais bonita Aldeia de Natal”. Depois, abrem-se as portas das casas, os espaços comunitários passam a ser ocupados por pequenas lojas e casas de pasto e as ruas transformam-se num enorme mercado de Natal para dar a conhecer os produtos e artesanato locais. Há queijos e enchidos, mantas de burel, pantufas da Serra, camisolas de lã, sabonetes feitos à mão, compotas e licores, biscoitos caseiros, doces natalícios e o famoso bolo negro de Loriga, um bolo seco de canela, ideal para acompanhar um copo de vinho quente. Pergunte ainda pela lagarada de bacalhau e pelo cabrito no forno e marque lugar à mesa num dos restaurantes improvisados. Para entreter durante o dia, há petiscos para provar porta sim, porta sim, como pregos, moelas e chouriço assado.

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De repente, fez-se luz!

O momento mais espectacular da festa acontece todos os dias entre as 17.00 e as 17.30, altura em que Cabeça se acende com milhares de luzinhas de Natal que valeram à terra o título de primeira Aldeia LED do país. Ao fim-de-semana há programação especial, com concertos de canto coral e lírico na capela de São Romão, animação de rua com músicos locais, um presépio vivo e uma série de oficinas, workshops e acções ambientais.

Plano das Festas

22 DE DEZEMBRO

15.00 – Workshop de pão à antiga no forno da aldeia. Grátis, limitado a 10 participantes.
16.30 – Oficina de construção de enfeites de Natal a partir de elementos naturais recolhidos de forma responsável. 7€.

27 DE DEZEMBRO

11.00 – Corrida e caminhada pela Rota dos Socalcos. Grátis 15.00 – Workshop de feltragem a seco. 7€.
16.30 – Oficina de gastronomia ucraniana. 7€.

28 DE DEZEMBRO

14.30 – Oficina de cestaria. 7€. 16.30 – Sessão de contos de Natal junto à capela de São Romão. Grátis.

30 DE DEZEMBRO

15.00 – Oficina de cosmética natural. 7€.

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Noites felizes no Hotel Rural Madre de Água
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Em Cabeça a oferta é escassa, mas a cerca de 25 km, já em Gouveia, encontra o Hotel Rural Madre de Água, um refúgio de montanha sofisticado que combina a vertente de alojamento com a actividade agrícola e vitivinícola. Passe pela queijaria, espreite o canil que recebe cães abandonados e entregue-se a uma prova dos vinhos da casa, acompanhada de pão cozido em forno a lenha, azeite de marca própria e compotas que dão nova vida aos frutos da quinta.

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Casa de São Lourenço: uma Estrela na Serra
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No lugar da velhinha Pousada de São Lourenço, construída na década de 40 para ser “um hotel que não se parecesse com um hotel” e onde os hóspedes não podiam pernoitar mais do que cinco noites seguidas devido à enorme procura de quem subia atrás do ar puro da serra, nasceu há menos de um ano o primeiro hotel de montanha de cinco estrelas. 

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