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Ágata XavierQuinta do Figo Verde

Quinta do Figo Verde: amor, tendas e uma caravana

A Quinta do Figo Verde, em Arcos de Valdevez, é a escolha perfeita para quem quer passar as férias desligado da corrente

Escrito por
Ágata Xavier
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Em podendo, era clonar o Ben e a Ana. Bricolagem, jardinagem, canalização, electricidade, energia solar, permacultura, astronomia ou culinária – são poucos os assuntos que não dominam. Quando não sabem, lêem, perguntam ou pesquisam na internet. Foi nesta última que Ben deu com um terreno no Vale, perto de Arcos de Valdevez, numa altura em que vivia aborrecido na Holanda e procurava um novo sítio para morar. Um amigo sugeriu-lhe Portugal, por ter cá o pai a morar há vinte anos. Ben pegou no carro e pôs-se a caminho. Entrou pelo Norte, vindo de Espanha, e não desceu muito (na verdade, desceu pouco desde então, pois nunca foi ao Algarve, por exemplo, mas está a fazer por isso). Estava em Novembro de 2011 quando comprou o terreno, e em Janeiro de 2012 montou literalmente a tenda na área onde fica actualmente a Quinta do Figo Verde. O irmão veio ajudá-lo durante um ano e, juntos, começaram a limpar o mato e a dar forma ao que é hoje um turismo rural sustentável.

Quinta do Figo Verde

Ágata Xavier

Em Julho receberam os primeiros hóspedes e, desde então, a quinta tem crescido: ganhou quatro “tendas-sino” com capacidade para três pessoas, uma caravana com cozinha e wc independente, uma área de refeição, uma cozinha aberta, um forno onde se coze  pizza night (um rodízio de pizzas semanal), casas de banho secas (ao invés de água a descarga é feita com serradura ou terra – e não, não cheiram mal), duches aquecidos por painéis solares e uma horta invejável que não pára de crescer. É nela que o casal planta curgetes, pimentos, cenoura (“A rama engana, por vezes puxo e sai uma cenoura pequenina e gordinha”, ri Ana), alfaces, acelgas, mostarda, ervas aromáticas, fruta e  flores comestíveis – “Que são mais fáceis de tratar do que as alfaces e ficam muito bem em saladas”, explica Ben. Por perto, anda sempre a Malhada, uma cadela de sete anos que o casal adoptou em Janeiro, enquanto que na entrada da propriedade fica o galinheiro com quatro poedeiras. “Andamos a ver se compramos um cavalo e um burro”, explica Ana, que se mudou há um ano e meio para o Vale. “Quando cheguei mal se viam as framboesas no meio das silvas. Agora está tudo à vista”, diz com orgulho. Quando lhes perguntámos se se sentiam isolados a resposta saiu segura: “Não conseguimos ir tantas vezes ao cinema ou a um concerto como queríamos, mas acabamos por estar demasiado ocupados com o trabalho na quinta. Além disso, viajamos algumas vezes por ano a Lisboa e a Londres para vermos a família.”

Ágata Xavier

Além de criarem o local perfeito para umas férias “fora da corrente”, conhecem as pessoas certas. Como Yassine, um osteopata que descende de uma família habituada a estalar ossos e que se desloca à quinta para fazer massagens ao ar livre (cada sessão custa 25€); ou Joana, que dá aulas de yoga no jardim do Figo Verde (10€, com a duração de uma hora e meia e um mínimo de dois participantes). Também são capazes de dar as melhores dicas para passeatas, banhos de rio ou sítios para comer – como é o caso da Casa da Videira, no Soajo, que serve uma generosíssima dose de posta de cachena (a vaca típica da região) com vegetais reluzentes: cenoura, couve, curgete grelhada, batata doce e pimento. Escusado será dizer que, como boa travessa minhota, dá para quatro pessoas. 

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Ágata Xavier

É obrigatória ainda uma visita aos espigueiros do Soajo, umas estruturas em pedra que servem para guardar cereais: esta espécie de Stonehenge funcional permite secar o milho ao mesmo tempo que, por ser elevado, protege as colheitas dos roedores.

Se quiser aproveitar a cozinha ao livre, basta ir ao mercado de Arcos de Valdevez (que foi totalmente renovado em 2017), sobretudo à quarta-feira. Imperdíveis são também as pizza nights, altura em que Ben vai preparando rodelas de massa 
até alguém dizer basta – gorgonzola com pêra foi a grande combinação da noite.

  • Hotéis

Como chegar

Seguir pela A1, depois a A3, e apanhar o IP9 em Viana do Castelo. Na saída 12, apanhe a A3 e, por fim, o IC28.

Preços

Quartos em Agosto a partir dos 65€ (estadia mínima de três noites, com pequeno-almoço).

Outras escapadinhas

  • Coisas para fazer

É sobretudo na planície dourada (mais seca e quente), mas também nos declives das serras (mais húmidos) que crescem as vinhas alentejanas — e cada terroir garante um sabor distinto aos vinhos. Em Portalegre, por exemplo, as vinhas estão plantadas nas encostas graníticas da Serra de São Mamede, criando uma espécie de microclima que torna as temperaturas mais baixas que o habitual. Dividida em oito principais sub-regiões vinícolas — Borba, Évora, Moura, Redondo, Granja/Amareleja, Portalegre, Reguengos e Vidigueira — a vinicultura no Alentejo esteve até tarde em segundo plano, por causa da produção de cereais, tendo apenas começado a desenvolver-se nos anos 50 do século passado. Com a região a ser demarcada em 1988, o Alentejo tornou-se numa das zonas mais ricas e interessantes em enoturismo. Conheça as nossas sugestões de enoturismo no Alentejo. 

  • Hotéis

Se juntarmos o baixo e o alto, a lembrar um famoso anúncio de detergentes, criamos a maior região portuguesa. Com uma gastronomia rica e paisagens tão variadas como a costa marítima, as planícies ou os vales profundos, o Alentejo já foi conhecido como o celeiro de Portugal. Agora, se separarmos o trigo do joio, é um dos melhores destinos para se passar umas férias desligadas de tudo e todos. De hotéis de cinco estrelas desenhados por gente que guarda um Pritzker em casa, a turismos rurais que nos fazem querer trocar a cidade pelo campo para sempre, são dez as sugestões de sítios onde pode ficar a dormir. Estes são os melhores hotéis no Alentejo para uma escapadinha. 

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  • Restaurantes

Atire-se aos pratos e diga que o empurraram. Não pode mesmo perder os melhores restaurantes em Vila Nova de Milfontes — porque ir ao Alentejo e não estragar a dieta, não vale. Vila Nova de Milfontes podia muito bem ser Vila Nova do Mil restaurantes, tantas são as mesas à nossa espera. Vá por nós, almoce e jante por aqui. Quer carne ou peixe? Marisco ou só tapas? Petiscos, marisco, peixe ou carne — aqui há de tudo, para todos. Jante junto ao mar ou no meio da vila. Descubra os melhores restaurantes em Vila Nova de Milfontes. 

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