Joao Morgado
Joao MorgadoParque de estacionamento da Caldeiroa (Guimarães), de Pitagoras Group
Joao Morgado

Portefólio: a procura de João Morgado pela harmonia

João Morgado percorre o mundo a fotografar as obras de alguns dos maiores nomes da arquitectura. A procura constante da luz e das formas transporta-nos para um mundo em harmonia.

Sebastião Almeida
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Foi num estágio, em 2008, no atelier do prestigiado arquitecto Wiels Arets, nos Países Baixos, que João Morgado se iniciou na fotografia de arquitectura. Arquitecto de formação, acabou por abandonar o exercício da profissão e hoje dedica-se exclusivamente a fotografar as obras de alguns dos nomes maiores da arquitectura mundial.

“Estagiei na Holanda e a partir daí decidi que seria uma boa aposta fotografar o trabalho de Wiels Arets”, conta à Time Out. Em plena crise, em 2011, regressou a Portugal e começou a fotografar projectos no país e no estrangeiro. Com o tempo, chegou também o reconhecimento. Em 2015, foi considerado um dos melhores dez fotógrafos de arquitectura do mundo, pela revista Top Teny, e recentemente viu duas fotografias distinguidas nos Muse Creative Awards, um prémio que distingue os melhores criativos em várias categorias.

À primeira vista, a fotografia de arquitectura poderá parecer um tanto banal. Mas João vê nesta forma de expressão um mundo, talvez “por ser arquitecto”. “Não se trata só de fotografar um edifício”, explica. É preciso “perceber como a casa se relaciona com a envolvência, entender a luz, os materiais”. E só depois os enquadramentos e as forças geométricas.

Trabalhar com Álvaro Siza continua a ser das experiências mais enriquecedoras que teve ao longo de quase dez anos de projectos e de viagens por todo o mundo, aponta o fotógrafo. João recorda quando lhe foi pedido que fotografasse uma capela em Lagos, no Algarve, da sua autoria. “[A capela] está no meio do nada e foi uma experiência incrível. Passei três dias com ele, explicou-me o que pretendia”. Depois, o fotógrafo limitou-se a mergulhar nas raízes da arquitectura, seguindo a forma como a luz desenha o espaço.

As fotografias do edifício Urbo em Matosinhos, da autoria de Nuno Capa, e das Areia Houses, da Associated Architects Partnership, no Kuwait, valeram-lhe a mais recente distinção nos prémios Muse, mas esses são apenas dois dos cerca de três mil projectos que já fotografou nos quatro continentes.“Exploro a minha sensibilidade e, a partir daí, construo a minha linguagem fotográfica”, reflecte sobre o seu processo de criação. Fazer da fotografia de arquitectura “um veículo de comunicação” será sempre o seu propósito maior, mas a verdade é que, através das suas fotografias, se vê o mundo de uma forma cuidada, em que as linhas e as luzes quase sempre em harmonia.

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Vila Cã, perto de Abiul, em Pombal, é uma das muitas terras do país cuja existência apenas se torna evidente quando dela se fala. De outra forma, permaneceria intocada, num silêncio apenas quebrado pelos cerca de mil habitantes que lhe dão vida. As raízes da família de Ricardo Lopes, fotógrafo de 29 anos, estão lá. Foi nessa terra que os avós fizeram vida, que o pai e os tios cresceram, para já mais velhos deixarem a aldeia da infância à procura do bulício da cidade e de uma vida melhor.

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Foi um casaco amarelo herdado que lhes fez ganhar o nome, mas foi o gosto pelo desconhecido que os aproximou. Ivy e Athon, nomes fictícios, são os rostos (ocultos) por detrás dos The Yellow Jackets, um casal português “na casa dos trintas”, que viaja por Portugal e pelo mundo com o objectivo de explorar e fotografar edifícios abandonados. “Por ironia do destino”, contam à Time Out, pouco tempo depois de começarem a usar o anoraque amarelo do pai de Athon, depararam-se com outro idêntico e em mau estado, num dos locais que visitaram. 

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É fácil esquecer que a Fonte da Telha não é apenas uma praia. Durante os meses de calor, os lisboetas agarram nos carros, entopem a 25 de Abril numa torreira de sol e monóxido de carbono, e vão desaguando ao longo da linha de praias da Costa da Caparica. A Fonte da Telha é a última, já partilhada pelos concelhos de Almada e Sesimbra, tão extensa e bonita que se tornou destino de muitos, muitos veraneantes. Tantos que a preocupação à chegada passa mais por encontrar um lugar de estacionamento, um sítio para a toalha e o guarda-sol, do que em olhar ao redor. O que não se vê a partir deste frenesim do descanso é uma comunidade piscatória com “uma pulsão muito própria”. O fotógrafo Nuno Miguel Dias mostra-nos como se vive na Fonte da Telha nos outros noves meses do ano.

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Quando os médicos que conduziam o parto o chamaram para tirar a fotografia, avisaram-no logo: “Se quiser, tem de ser agora”. Até então sentado numa cadeirinha ao lado da mulher, Miguel Madeira teve somente tempo para se levantar, subir a câmara ao rosto, e disparar. “Foi como se estivesse a trabalhar. Estava apenas a garantir que a imagem ficava bem feita, como se fosse o parto de outra criança”, recorda sobre o momento em que registou os primeiros segundos de vida da filha, na manhã de 22 de Abril. Só depois dos primeiros gritos da recém-nascida ecoarem nas paredes da sala de parto entendeu verdadeiramente o que se passava. “Foi aí que senti um baque. Depois de tirar a câmara do olho fui-me abaixo”. Contou-lhe os dedinhos minguados, como as mães ensinavam. E chorou.

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