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Portefólio: aos 95 anos, Estefânia é uma força da natureza

Uma declaração de amizade em forma de poema visual – é o que a fotógrafa Inês Subtil mostra sobre a vida de uma mulher de 95 anos, que sempre conheceu.

Sebastião Almeida
Escrito por
Sebastião Almeida
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Conheceram-se no teatro. Ela fazia o papel de uma burguesa de boas famílias e ele o de um trabalhador do campo, que sucumbira ao amor proibido e se apaixonara pela senhora afidalgada. Quis o destino que esse amor ficcionado, posto em prática em cima de um palco, viajasse para o mundo real. Estefânia, de 29 anos, apaixonar-se-ia por Luís, 19 anos, o homem que a acompanharia para o resto da vida. “Foram apaixonados até ao último minuto de vida”, conta Inês Subtil, fotógrafa que desde há cinco anos tem documentado a vida de “Fana”, como se refere carinhosamente a Estefânia, agora a caminho dos 96 anos.

Luís morreu há seis anos e, desde então, “Fana” vive sozinha na sua quinta, nas Caldas da Rainha. “Ela andou com o meu avô ao colo”, diz Inês, de 33 anos. As famílias são amigas há muito, mas o interesse por esta mulher sempre esteve lá, reconhece, ao telefone com a Time Out. “É um fascínio para mim por ser extremamente activa física e psicologicamente.” Em 2019, Subtil resolveu registar a sua história de forma mais próxima, e passou três meses com Estefânia, acompanhando as rotinas, o trabalho no campo, e ouvindo as histórias de uma vida longa e preenchida.

Enfermeira de profissão, Estefânia teve sempre presente o gosto pelo teatro. “Era ela que andava pelas aldeias vizinhas a tratar dos doentes, a dar-lhes as vacinas”, conta a fotógrafa. Mas a poesia foi sempre o seu escape. Algures pela casa, estarão os poemas que escreveu ao longo de quase um século de vida. Escondidos, à espera do dia em que se for embora. Inês sublinha que os dias na quinta “eram feitos de rotinas”. Não havia muito tempo para conversar. Tratar dos animais, da horta, fazer o almoço eram tarefas essenciais que não podiam ser perturbadas.

As histórias surgiam à mesa, quando “Fana” se permitia a parar e falar com Inês – como, por exemplo, que sempre que não conhece um país ou uma cidade, consulta o atlas que tem ao lado do sofá; que renovou a carta de condução aos 92 anos; ou que todos os dias pinta os olhos com uma risca azul para realçar a sua cor aveludada. Além da poesia e do teatro, a cozinha e as motas sempre foram uma paixão. “Fana” tem duas receitas no livro seminal de Maria Lourdes Modesto, Cozinha Tradicional Portuguesa. “Aos 60, a família comprou-lhe uma moto-4 para não andar numa de duas rodas”, diz. 

Aos 95, Estefânia leva a vida sem medo do passar do tempo. “É uma pessoa exemplar em todos os sentidos. Interessa-se pelos outros e dá valor ao que é essencial na vida”, afirma Inês. As suas fotografias transportam-nos para um mundo em que se sente o cheiro dos frutos, da terra húmida e os ares frios do Oeste. A cirandar pelo campo, existe “Fana”, uma força da natureza que nos mostra como é bom viver. “Obrigá-la a parar é matá-la.”

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Vila Cã, perto de Abiul, em Pombal, é uma das muitas terras do país cuja existência apenas se torna evidente quando dela se fala. De outra forma, permaneceria intocada, num silêncio apenas quebrado pelos cerca de mil habitantes que lhe dão vida. As raízes da família de Ricardo Lopes, fotógrafo de 29 anos, estão lá. Foi nessa terra que os avós fizeram vida, que o pai e os tios cresceram, para já mais velhos deixarem a aldeia da infância à procura do bulício da cidade e de uma vida melhor.

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Foi um casaco amarelo herdado que lhes fez ganhar o nome, mas foi o gosto pelo desconhecido que os aproximou. Ivy e Athon, nomes fictícios, são os rostos (ocultos) por detrás dos The Yellow Jackets, um casal português “na casa dos trintas”, que viaja por Portugal e pelo mundo com o objectivo de explorar e fotografar edifícios abandonados. “Por ironia do destino”, contam à Time Out, pouco tempo depois de começarem a usar o anoraque amarelo do pai de Athon, depararam-se com outro idêntico e em mau estado, num dos locais que visitaram. 

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É fácil esquecer que a Fonte da Telha não é apenas uma praia. Durante os meses de calor, os lisboetas agarram nos carros, entopem a 25 de Abril numa torreira de sol e monóxido de carbono, e vão desaguando ao longo da linha de praias da Costa da Caparica. A Fonte da Telha é a última, já partilhada pelos concelhos de Almada e Sesimbra, tão extensa e bonita que se tornou destino de muitos, muitos veraneantes. Tantos que a preocupação à chegada passa mais por encontrar um lugar de estacionamento, um sítio para a toalha e o guarda-sol, do que em olhar ao redor. O que não se vê a partir deste frenesim do descanso é uma comunidade piscatória com “uma pulsão muito própria”. O fotógrafo Nuno Miguel Dias mostra-nos como se vive na Fonte da Telha nos outros noves meses do ano.

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Quando os médicos que conduziam o parto o chamaram para tirar a fotografia, avisaram-no logo: “Se quiser, tem de ser agora”. Até então sentado numa cadeirinha ao lado da mulher, Miguel Madeira teve somente tempo para se levantar, subir a câmara ao rosto, e disparar. “Foi como se estivesse a trabalhar. Estava apenas a garantir que a imagem ficava bem feita, como se fosse o parto de outra criança”, recorda sobre o momento em que registou os primeiros segundos de vida da filha, na manhã de 22 de Abril. Só depois dos primeiros gritos da recém-nascida ecoarem nas paredes da sala de parto entendeu verdadeiramente o que se passava. “Foi aí que senti um baque. Depois de tirar a câmara do olho fui-me abaixo”. Contou-lhe os dedinhos minguados, como as mães ensinavam. E chorou.

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