Herman José
Fotografia: Duarte DragoHerman José
Fotografia: Duarte Drago

Herman José: cinco vídeos que a Geração Z não conhece (e precisa)

Herman José é uma figura incontornável do humor nacional. Destacamos cinco momentos que ficaram para a história.

Renata Lima Lobo
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Quem acordou recentemente para o humor nacional pode não entender logo a importância que os 50 anos de carreira de Herman José tiveram para a comédia portuguesa. Hoje é o homem do leme do programa da RTP1 Cá por Casa, mas ao longo das últimas décadas foi o inesquecível criador de programas de humor como O Tal Canal, Hermanias, Casino Royal, Herman Zap, Herman Enciclopédia, Crime na Pensão Estrelinha, Hora H, entre muitos outros, liderando também concursos ou programas de entrevistas como Parabéns, Com a Verdade M'Enganas ou Roda da Sorte. Homem de muitos talentos, de humorista e actor a argumentista e cantor, a carreira de Herman José foi marcada por muitos momentos inesquecíveis. Relembre (ou veja pela primeira vez) cinco deles.

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“Caixões Vilaças”

Hermanias, 1984

Saída do Hermanias, esta rábula passada numa funerária é ainda hoje recordada por muitos fãs do programa. Aqui, Herman interpreta um funcionário (dono?) de uma funerária onde se vendem três tipos de caixão: os Super Cem “que não apodrecem”; os Vilaças, “caros como o caraças”; e os Paticho, “que não metem bicho”. Todo este absurdo é elevado ao expoente máximo com a forma como Herman entrega o personagem, ao ponto de Margarida Carpinteiro, no papel da cliente, não conseguir esconder o riso desde o primeiro segundo. E, na verdade, é praticamente impossível. O vídeo já andou pelo YouTube, entretanto desapareceu, mas Herman José teve a gentileza de o partilhar na sua página de Instagram, “a pedido de muitas famílias”.

“Eu é mais bolos”

Hermanias – Especial Fim de Ano, 1991

Em Fevereiro de 2022, num espaço de entrevista da CNN Portugal, o jornalista Francisco David Ferreira apresentava João Fernandes, para falar sobre pobreza energética na qualidade de jurista da DECO. Só que o entrevistado era, afinal, investigador de ciência política da Universidade do Minho. Na altura, o comentador político Daniel Oliveira partilhou no Twitter (hoje X) o momento, com a legenda: “O Eu é mais bolos aconteceu”. Oliveira referia-se a um dos mais conhecidos sketches do programa Hermanias - Especial Fim de Ano (1991), no qual Lídia Franco, no papel da entrevistadora, apresentava o radiotelegrafista Perfeito Calhau. Mas na cadeira sentava-se José Severino (Herman José), pasteleiro, que às tantas diz, perdido e desconfortável: “Eu é mais bolos”. Uma frase que se tornou uma expressão de pleno direito na língua portuguesa, utilizada quando alguém sente que não domina determinado assunto.

Correcção: o texto original referia que o vídeo era do Hermanias de 1984, mas a rábula faz parte do Hermanias – Especial Fim de Ano, emitido pela RTP1 no réveillon 1991/1992.

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O último episódio de ‘Roda da Sorte’

Roda da Sorte, 1994

Apresentado na RTP1 por Herman José nos anos 90 do século passado, o concurso Roda da Sorte foi a adaptação portuguesa do norte-americano Wheel of Fortune (ainda no ar lá na América). Com Ruth Rita como assistente e Cândido Mota na cadeira da locução, a Roda da Sorte misturou humor com competição, mas foi a despedida que ficou na memória. No última emissão do programa, Herman José fez-se acompanhar de uma caçadeira e disparou por várias vezes contra a montra de prémios e contra o painel de jogo, destruindo o cenário e levando às lágrimas (de rir) quem assistia. Cândido Mota, aliás, esteve sempre em modo gargalhada, numa situação que hoje em dia, muito possivelmente, não seria autorizada. Entre 2000 e 2008, Herman trabalhou na SIC, onde apresentou um remake da Roda da Sorte antes de sair do canal, embora sem partir a loiça toda.

“A Última Ceia”

Herman Zap, 1996

 

O programa Parabéns (1995-1996) tinha uma rubrica de humor intitulada "Herman Zap", que saltou da rádio para a televisão, onde se recriavam momentos históricos de forma bastante satírica. No entanto, um gerou especial celeuma, em particular da Igreja Católica que não achou piada ao sketch “A Última Ceia”, no qual Herman fazia de Jesus Cristo rodeado pelos seus apóstolos, num restaurante onde acabam por encomendar o prato do dia. Além dos protestos da Igreja, chegou a ter lugar um debate na RTP1 sobre o tema, mas houve na altura um outro crítico de peso. Marcelo Rebelo de Sousa, então líder do PSD, criticou esta “Última Ceia”, dizendo: “Vejo com preocupação que num canal de serviço público se encontrem mensagens que podem ser consideradas ofensivas de valores partilhados pela maioria dos portugueses e também ofensivas de instituições particularmente relevantes como a Igreja Católica.” O mesmo Marcelo que em Novembro de 2023 condecorou o humorista com o grau de grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelos 50 anos de carreira.

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“Não pirilamparás a mulher do próximo”

Herman Enciclopédia, 1997

 

Entre 1997 e 1998, a RTP1 emitiu os 26 episódios de Herman Enciclopédia, um programa em que Herman José partilhou a criação dos textos com a criativa equipa das Produções Fictícias. No elenco de personagens, destaque para o conservador católico Diácono Remédios, o censor de serviço. Mas um dos momentos mais marcantes pertenceu a Lauro Dérmio, caricatura do crítico de cinema Lauro António. O inglês martelado e as traduções improváveis eram a imagem de marca desta caricatura que a cada episódio nos dizia “Let’s look at the treila”, mas um dos sketches ficou para a posteridade. O desafio para Herman José seria traduzir para inglês a expressão que constava no guião: “Não pirilamparás a mulher do próximo”. Mas primeiro teve de conseguir respirar no meio de um ataque de riso contagiante.

Rir é o melhor remédio

  • Filmes
  • Comédia

As listas, como quase tudo nesta vida, são relativas. Mas depois de enchermos uma espécie de conselho de administração com loucos de séries televisivas e outros consultores da redacção da Time Out, chegámos a estas 25. Portanto, se vai começar a disparar insultos e a pedir justificações para as suas séries de comédia preferidas não estarem aqui avisamos já que não vai ter sucesso. Podiam ser outras, mas são estas. E pedimos desculpa às que ficaram de fora. Ah, espere, mais um alerta à tripulação: estas séries de comédia estão ordenadas apenas por ordem alfabética, que não queremos alimentar ainda mais a polémica. Ria-se connosco.

  • Filmes

Qualquer lista de melhores filmes de comédia de sempre é discutível (mas qual é que não é?), que isto do humor varia muito de pessoa para pessoa. Então como é que se escolhem os melhores? Com seriedade e abrangência. Mais concretamente, falando com peritos, desde cómicos a actores, realizadores e escritores. Desde películas clássicas a outras mais recentes e de sucessos de bilheteira a filmes mais experimentais, por assim dizer, estas comédias são fonte contínua de gargalhadas ou sorrisinhos sarcásticos, tanto faz, perante a imaginação cómica ou o puro disparate transformado em arte de fazer rir.

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