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Estas jóias são para eles

Um design suficientemente limpo para atravessar estéticas e géneros, ou o desejo de sobressair na multidão com pérolas e missangas. A joalharia está a invadir a moda masculina e estas marcas portuguesas são a prova.

Mauro Gonçalves
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Mauro Gonçalves
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Pulsos, decotes, dedos e lóbulos – se há anatomias universais são aquelas em que as jóias vão ao encontro do corpo. São adereços femininos por convenção, mas humanos por direito. No último ano, designers de moda e stylists inauguraram um novo capítulo, uma reaproximação do masculino à joalharia, em particular, mas também um novo entendimento das silhuetas e das formas que se estende a todo o vestuário – o género relativiza-se, enquanto a moda se torna (ainda mais) um léxico da livre expressão.

Lá fora, as jóias para homens, ou simplesmente sem género, brilham cada vez mais. Nomes como Alan Crocetti, Le Gramme e Fry Powers propõem uma abordagem futurista, bem ao estilo da geração z, minimal, para ir ao encontro dos apetites mais sóbrios, ou naïf, a fazer lembrar os acessórios de missangas que usávamos em miúdos. Junte-lhe uns quantos embaixadores – Harry Styles, Timothée Chalamet, Lewis Hamilton e Machine Gun Kelly incluídos – e terá uma amostra do que está por vir.

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Atento às tendências ditadas por marcas internacionais e referências de estilo, Filipe Fonseca criou uma marca de joalharia a pensar no público masculino. A I Cognito nasceu há cerca de um ano e quis o designer que a simplicidade das linhas fosse o primeiro cartão de visita. “É uma secção que praticamente não existe. Vemos botões de punho à venda, algumas correntes lisas e o resto são relógios”, partilha com a Time Out. A lacuna levou-o a fazer os primeiros esboços. Ao fim de anos a desenhar jóias para mulheres – e com marca própria estabelecida no mercado –, criou uma linguagem à parte. O primeiro capítulo? Uma linha de anéis em prata com diferentes texturas e recortes orgânicos, a piscar o olho à imperfeição.

“Não é tanto uma peça tendência, ou que dê muito nas vistas. É algo mais natural, um acrescento à imagem de quem usa, e desenhado para ser confortável”, refere. Depois dos anéis, vieram os colares, as pulseiras e os brincos. Quanto ao género, não está fechado – nem podia. “As peças têm uma limpeza e uma capacidade de se adaptarem ao corpo que cativou também o público feminino.”

Entre pequenos lançamentos e básicos permanentes, o catálogo cresce. Há espaço, sobretudo, para arrojar com cores e novas volumetrias. Em Portugal, o mercado pode ser pequeno e tímido, mas nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, o nicho está a ganhar escala. Da pequena oficina em Gondomar, estas jóias também chegam a Lisboa, mais especificamente à Entourage 41, no Príncipe Real. Mas as metas são outras – até ao final do ano, a I Cognito quer chegar ao ouro.

Um género de joalharia
Tadeu Machado

Um género de joalharia

A arquitectura foi, durante anos, o território onde Sofia Esquível se moveu, mas também uma inspiração seminal na hora de deixar para trás a área de formação e de se dedicar à joalharia. Fê-lo olhando a linhas e ângulos, não a géneros. “Quis que a marca seguisse os valores que defendo – peças feitas à mão, de forma sustentável, e sem género. Acredito que, se as pessoas se identificam com uma peça, devem usá-la, independentemente de se dizer que é feminina ou masculina”, refere a autora, que criou a Esquível no início deste ano.

A arquitectura não ficou esquecida. As colecções partem de edifícios emblemáticos e as esquadrias e texturas têm representação directa nas peças. Depois de uma campanha protagonizada por modelos femininos e masculinos, são os fios Circle e os brincos Muralha os que mais sucesso têm feito junto dos homens. Em breve, à prata e ao banho de ouro, vão juntar-se materiais menos nobres, heranças do antigo ofício. 

Sofia tem enviado jóias para algumas das principais metrópoles mundiais – Nova Iorque, Berlim, Copenhaga e Londres, onde viveu durante sete anos. Enquanto isso, Portugal continua a ganhar balanço. “Acho que as pessoas se sentem menos etiquetadas nuns sítios do que noutros. Acima de tudo, têm de procurar coisas com que se identifiquem.”

 

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"Não tem a ver com cores ou com brilhos, é uma questão de conforto.” Quem o diz é Constança Firmino, que por estes dias relança a sua própria marca de joalharia. Para ela, reformular a Erelisbon e torná-la uma etiqueta sem género é, sobretudo, uma questão técnica – novos tamanhos de anéis, todos eles ajustáveis, e fios de diferentes comprimentos. Reposicionar o principal ponto de venda – a loja online da marca – foi igualmente importante. Agora mais neutro, sem segmentações, nele brilham as pedras coloridas e o banho de ouro das peças acabadas de chegar.

São pérolas, senhores
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São pérolas, senhores

Os senhores e as suas pérolas – um conto recente que marca o começo de uma nova relação com as jóias. Mas ver “homens de pérolas é só o início da revolução que está a transformar a moda masculina”, como escreveu a revista Forbes no final do ano passado. A par com as pequenas pedras esféricas, as contas de vidro são a matéria-prima de Agustina Fortunato, uma criativa argentina que, em 2020, se mudou para Portugal. Na mala, trouxe a Ninfa Handmade. “Há uma vertente lúdica nas minhas peças. Mais do que jóias, vejo-as como brinquedos”, refere.

Com flores, frutas e peças coloridas, criou um universo próprio. Define-o como feminino, o que não significa que os homens não possam entrar e partilhar da mesma estética. “Até aqui, a Ninfa foi uma marca de mulheres e para mulheres. Agora, quero abrir o jogo e permitir aos homens explorar a sua dimensão mais feminina”, resume.

João Gabriel Bandeira é o protagonista da mais recente campanha, dirigida por Inês Saias. Sem distinção entre o que é usado por homens e por mulheres, os colares, brincos, anéis e pulseiras florescem em cores e pétalas de vidro. Não há ajustes ou exercícios de contenção. Usar uma destas peças é uma questão de gosto e personalidade. Nunca de género.

Vamos às compras?

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Da alfaiataria ao streetwear, o roteiro de lojas de roupa e acessórios exclusivamente dedicadas ao universo masculino está a crescer. Com a vaidade aumenta a exigência, por isso nesta ronda pelas melhores lojas para homem em Lisboa também vai encontrar algumas das mais bonitas, além daquelas famosas concept stores onde apetece perder a cabeça e comprar tudo. Do fato por medida aos ténis de edição especial, passando pelas marcas atentas à sustentabilidade, os senhores também têm direito a um universo de compras só para eles. Eles que avancem sem medos e encham os armários.

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É o coração de Lisboa e, apesar das subidas e descidas serem as maiores inimigas de quem passeia cheio de sacos, o Chiado continua a ser o grande centro comercial ao ar livre da cidade. Paredes meias com casas centenárias, há marcas todas moderninhas, peças de designers, cadeias internacionais e boutiques cheias de charme e circunstância. Dos sapatos às carteiras, das roupas aos óculos, passando pela decoração, esta é a nossa escolha das melhores lojas no Chiado. Trocado por miúdos, sítios onde é muito tentador abrir a carteira e passar o cartão.

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Quantas vidas tem o Cais do Sodré? A resposta depende do tipo de programa que quer fazer. À noite, é um bairro cheio de possibilidades – dos copos de final de tarde às noitadas que só acabam em plena luz do dia. Se o objectivo for alimentar-se, saiba que é possível ir a praticamente todos os continentes sem sair destes quarteirões, para não falar dos locais que cruzam petiscos e música em perfeita harmonia. Mas o que dizer das lojas? Este pode não ser o grande destino de compras da cidade, mas tem algumas paragens obrigatórias para quem procura marcas portuguesas. Tome nota.

 

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