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Joan Didion
Courtesy of the artist and Lacombe, Inc.Brigitte Lacombe, Joan Didion, New York, 1996, 1996. Black-and-white photograph. 16 × 20 in. (40.6 × 50.8 cm).

Livros com histórias de mulheres reais que tem de ler

Há muitas histórias de mulheres reais que merecem ser lidas. Escolhemos 17.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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Das primeiras mulheres repórteres à pessoa mais jovem de sempre a receber o Nobel da Paz, são várias – e manifestamente diferentes – as mulheres reais que lutaram e lutam contra a opressão, o patriarcado e muitas outras problemáticas relacionadas com ser mulher e ser humano. Entre biografias, ensaios e banda desenhada, reunimos 17 livros com histórias que merecem ser lidas e nos mostram por que é que todos devemos ser feministas. Novas cartas portuguesas, Persépolis, A guerra não tem rosto de mulher e Teoria King Kong são alguns dos títulos que vai encontrar. Mas há mais. E valem todos a pena. 

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Livros com histórias de mulheres reais que tem de ler

Novas Cartas Portuguesas
Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa

1. Novas Cartas Portuguesas

Foi em Lisboa, em Maio de 1971, que “as três Marias” decidiram escrever um livro a seis mãos que, destruído pela censura, veio a ser objecto de leituras clandestinas. Reescrevendo as conhecidas cartas seiscentistas da freira portuguesa, a obra tornou-se não só uma denúncia da ideologia vigente no período pré-25 de Abril, da guerra colonial à situação das mulheres, como um marco inquestionável na história da literatura portuguesa. Revestindo-se de uma invulgar actualidade, poderá ser hoje lido à luz das mais recentes teorias feministas, revelando-se um contributo inestimável para as questões relativas à igualdade e à justiça.

De Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. Dom Quixote. 464 pp. 22,20€.

As primeiras mulheres repórteres
As Primeiras Mulheres Repórteres, de Isabel Ventura

2. As primeiras mulheres repórteres

Alice Vieira, Edite Soeiro, Diana Andringa, Leonor Pinhão, Maria Antónia Palla, Maria Teresa Horta: as mulheres de que se falam neste livro são as que abriram portas para que as coisas começassem a mudar nas redacções dos jornais. Mas não o fizeram de um dia para o outro nem sem provações. Tiveram de lutar, por um lado, contra as arbitrariedades de um regime repressivo e, por outro, contra a arrogância ou insensibilidade dos seus próprios camaradas de profissão, mesmo os mais progressistas. E lutaram, apesar de, como se viu mais tarde, não bastar derrubar a ditadura para que tudo mudasse.

De Isabel Ventura. Tinta-da-China. 208 pp. 12,01€.

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Portuguesas com M grande
Portuguesas com M Grande, de Lúcia Vicente

3. Portuguesas com M grande

Nesta edição revista e aumentada do livro de Lúcia Vicente, que conta ainda com ilustrações de Cátia Vidinhas, ficamos a conhecer mais sobre o que une a padeira Brites de Almeida à sufragista Beatriz Ângelo e à actriz Beatriz Costa e até à pintora Paula Rego. Claro que sim, que são Portuguesas com M grande. Mas o que é que isso significa? É o que Lúcia explica, num livro que nos fala sobre termos sonhos e sermos livres para os perseguir e, porventura, mudarmos o mundo com eles.

De Lúcia Vicente (texto) e Cátia Vidinhas (desenho). Nuvem de Tinta. 144 pp. 17,45€

Mulheres Más
DR

4. Mulheres Más

Numa versão muito pessoal, cheia de humor e inteligência, a escritora e ilustradora espanhola María Hesse fala-nos da visão masculina que definiu o mundo, que nos disse como deveríamos ser, e apresenta-nos uma história sobre mulheres que encarnaram o mal. De Madame Bovary a Sarah Connor, de Joana, a Louca, a Yoko Ono ou de Helena de Troia a Monica Lewinsky, a autora reivindica a necessidade de encontrar novos referentes, novas leituras da História e a inspiração para que cada mulher possa ser aquilo que quiser num mundo em constante mudança. E, claro, fala-nos também de si e de outras mulheres com quem cresceu e que sofreram na pele isto de ser uma “mulher má”.

De María Hesse. Iguana. 168 pp. 19,95€

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Persépolis
Persépolis, de Marjane Satrapi

5. Persépolis

Após o lançamento do primeiro volume, em 2003, o romance autobiográfico de Marjane Satrapi foi recebido com prémios, mas também com críticas e pedidos de censura, antes de ser adaptado ao grande ecrã em 2007. A autora, que tinha apenas dez anos quando a Revolução Iraniana destituiu o Xá e transformou a cultura do seu país, em 1979, foi a primeira iraniana a escrever banda desenhada. E ilustra de forma simples, mas muito eloquente, a maneira como os regimes repressivos deformam a vida quotidiana dos cidadãos, incluindo as raparigas e mulheres, que foram obrigadas a usar véu e a frequentar escolas só para meninas.

De Marjane Satrapi. Bertrand Editora. 352 pp. 19,90€.

O Ano do Pensamento Mágico
O Ano do Pensamento Mágico, de Joan Didion

6. O Ano do Pensamento Mágico

Com uma escrita honesta e desarmante, Joan Didion fala-nos sobre o ano mais transformador da sua vida, começando na noite em que o seu marido, com quem foi casada mais de 30 anos, morre de ataque cardíaco. Através da sua experiência pessoal, não só investiga os vivos que sobrevivem aos mortos, como explora a dor da perda e a necessidade da superação quando tudo parece inútil.

De Joan Didion. Infinito Particular. 288 pp. 15,50€

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Sontag: vida e obra
Sontag: Vida e Obra, de Benjamin Moser

7. Sontag: vida e obra

Premiada escritora, ensaísta, cineasta, filósofa, professora, crítica de arte e activista, Susan Sontag marcou gerações de leitores com os seus escritos sobre arte, política, feminismo, homossexualidade, drogas, fascismo, freudianismo, radicalismo e comunismo. Neste livro, premiado com o Prémio Pulitzer de Biografia em 2020, Benjamin Moser não só narra as grandes revoluções da segunda metade do século XX, que Sontag também testemunhou e dissecou, e examina o trabalho sobre o qual a reputação da autora se construiu. Incluindo quase uma centena de imagens e inúmeras entrevistas conduzidas em diferentes países, este é o primeiro livro que tem como fontes os arquivos privados da escritora e testemunhos inéditos de várias pessoas que com ela privaram.

De Benjamin Moser. Objectiva. 688 pp. 28,85€

Todos Devemos Ser Feministas
Todos Devemos Ser Feministas, de Chimamanda Ngozi Adichie

8. Todos Devemos Ser Feministas

Afinal, o que é ser feminista? Neste ensaio pessoal, adaptado de uma conferência TED, Chimamanda Ngozi Adichie apresenta uma definição única do feminismo no século XXI. Partindo da sua experiência pessoal, a autora defende a inclusão e a consciência nesta admirável exploração sobre o que significa ser mulher nos dias de hoje. Um desafio lançado a mulheres e homens, mas também às crianças, a quem a autora oferece uma versão infantil (12,50€), com ilustrações de Leire Salaberria. Ambas incluem um conto sobre como se processam os casamentos arranjados na Nigéria, de onde é natural.

De Chimamanda Ngozi Adichie. Dom Quixote. 112 pp. 8,50€.

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Quem tem medo do feminismo negro?
Quem Tem Medo do Feminismo Negro?, de Djamila Ribeiro

9. Quem tem medo do feminismo negro?

Neste longo ensaio autobiográfico, que reúne ainda uma selecção de artigos publicados entre 2014 e 2017, a filósofa e militante recupera memórias da sua infância e adolescência para discutir o que chama de “silenciamento”, um dos muitos resultados perniciosos da discriminação por que passou. Reagindo a situações do quotidiano, do aumento da intolerância às religiões de matriz africana às políticas de quotas raciais, Djamila Ribeiro destrincha conceitos como empoderamento feminino ou interseccionalidade.

De Djamila Ribeiro. Companhia das Letras. 120 pp. 12€.

Ainda Bem Que a Minha Mãe Morreu
DR

10. Ainda Bem Que a Minha Mãe Morreu

Jennette McCurdy tinha seis anos quando fez a sua primeira audição. A mãe queria torná-la uma estrela e ela não a queria desiludir, por isso sujeitou-se às “restrições calóricas” e a vários makeovers caseiros. Em Ainda Bem Que a Minha Mãe Morreu, Jennette narra tudo em detalhe – e conta o que aconteceu quando o sonho se realizou. Projectada para a fama em 2007, ao integrar o elenco de iCarly, uma série da Nickelodeon, Jennette mergulhou numa espiral de ansiedade e falta de amor próprio, que se manifestou em distúrbios alimentares, vícios e relações tóxicas. Este livro, pontuado de humor negro, conta na primeira pessoa esse trajecto. E o prazer de levar o próprio cabelo sem ajuda.

De Jennette McCurdy. Lua de Papel. 352 pp. 16,50€

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A guerra não tem rosto de mulher
A Guerra Não Tem Rosto de Mulher, de Svetlana Alexievich

11. A guerra não tem rosto de mulher

Nesta obra-prima, originalmente publicada em 1985, depois de quatro anos de pesquisa e entrevistas, Svetlana Alexievich dá voz a centenas de mulheres que revelam pela primeira vez a perspectiva feminina da Segunda Guerra Mundial. Prémio Nobel da Literatura de 2015, a autora apresenta testemunhos de mais de 200 jovens russas que passaram de filhas, mães, irmãs e noivas a atiradoras, condutoras de tanques ou enfermeiras em hospitais de campanha. Esta edição corresponde ao texto fixado em 2002, quando Svetlana reescreveu o livro e incluiu novos excertos com uma força que, antes, a censura não lhe tinha permitido mostrar.

De Svetlana Aleksiévitch. Elsinore. 400 pp. 22,95€.

A Nossa Casa Está a Arder
A Nossa Casa Está a Arder, de Greta Thunberg

12. A Nossa Casa Está a Arder

Esta é mais do que a história de Greta, dos seus pais e de Beata, a sua irmã: é o grito de socorro de uma rapariga que não só convenceu a própria família a mudar de vida, como procurou convencer o mundo inteiro a fazer o mesmo. Desde a primeira greve à escola pelo clima, em frente ao Parlamento sueco, que a jovem sueca, diagnosticada com perturbações do espectro do autismo, se tornou símbolo de uma mensagem global e de uma revolução que se trava em prol de um futuro sonegado às novas gerações ao ritmo vertiginoso de 100 milhões de barris de petróleo consumidos diariamente.

De Greta Thunberg. Editorial Presença. 376 pp. 17,90€.

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Teoria King Kong
Teoria King Kong, de Virginie Despentes

13. Teoria King Kong

Baseando-se na sua biografia, a autora e realizadora de Baise-Moi apresenta o que poderá ser classificado como um manifesto iconoclasta e irreverente para um novo feminismo. Dirigindo-se a “todas as excluídas do grande mercado das gajas boas”, Despentes contesta os discursos bem-comportados sobre a violação, a prostituição e a pornografia e assume-se sentir-se desencaixada das categorias identitárias normativas, nomeando há uma década o que agora se descreve por toda a parte como “fluidez de géneros”. 

De Virginie Despentes. Orfeu Negro. 180 pp. 14,50€.

O Diário de Anne Frank
O Diário de Anne Frank, de Ari Folman, David Polonsky e Anne Frank

14. O Diário de Anne Frank

Escrito entre 12 de junho de 1942 e 1 de agosto de 1944, O Diário de Anne Frank foi publicado pela primeira vez em 1947, por iniciativa do seu pai. Lançada mundialmente em celebração do 70.º aniversário da obra original, esta é a sua primeira adaptação para banda desenhada, realizada com a autorização da família e tendo por base os textos originais do diário que revelou ao mundo o dia-a-dia de uma menina forçada a esconder-se, juntamente com a sua família e um grupo de outros judeus, durante dois longos anos da ocupação nazi da cidade de Amesterdão.

De Anne Frank, Ari Folman e David Polonski. Porto Editora. 160 pp. 18,85€.

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Becoming. A Minha História
Becoming. A Minha História, de Michelle Obama

15. Becoming. A Minha História

Como Primeira-dama dos Estados Unidos da América, Michelle Obama ajudou a criar a Casa Branca mais acolhedora e inclusiva da História. Mas fez mais: estabeleceu-se como uma poderosa defensora de mulheres e meninas em todo o mundo. Neste bestseller, que vendeu mais de dez milhões de exemplares, convida os leitores a entrar no seu mundo, relatando as experiências que a moldaram, como a infância na zona sul de Chicago, os seus anos na Universidade de Princeton como uma dos poucos alunos afro-americanos e os primórdios da sua carreira profissional enquanto advogada, altura em que conheceu o jovem Barack Obama, um “unicórnio” que viria a revelar-se o amor da sua vida, apesar das suas vivências e personalidades tão diferentes.

De Michelle Obama. Objectiva. 480 pp. 13,95€.

Eu sou Malala
Eu Sou Malala, de Malala Yousafzai com Patricia McCormick

16. Eu sou Malala

A autora tinha apenas dez anos quando os Talibãs tomaram o controlo da região onde vivia. Educada a defender os valores em que acredita, Malala lutou pelo seu direito à educação. Por essa causa, quase perdeu a vida em Outubro de 2012, ao ser atingida à queima-roupa quando regressava a casa na carrinha da escola. Hoje, é não só símbolo do protesto pacífico como a pessoa mais jovem de sempre a receber o Nobel da Paz. Nesta autobiografia, repleta de memórias e dirigida aos leitores mais jovens, dá-nos a conhecer a sua história e faz-nos acreditar na esperança e na possibilidade de qualquer um, independentemente da idade ou da experiência, poder inspirar a mudança na sua comunidade e no mundo.

De Malala Yousafzai. Editorial Presença. 240 pp. 15,90€.

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Eu Serei a Última
Eu Serei a Última, de Nadia Murad

17. Eu Serei a Última

Vítima da jihad sexual do Estado Islâmico, a autora, que tinha 21 anos quando foi sequestrada e vendida como escrava, acabou por conseguir escapar. E contra-atacou: converteu-se em defensora dos Direitos Humanos e tornou-se a primeira pessoa a ser nomeada Embaixadora da Boa Vontade para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico de Seres Humanos das Nações Unidas. Neste livro, que é também uma carta de amor a um país desaparecido, Nadia conta a sua história, que é também a de milhares de outras jovens, e instiga o mundo a prestar atenção ao genocídio do seu povo e a deter os crimes do Estado Islâmico.

De Nadia Murad. Objectiva. 384 pp. 13,25€.

Musas Inspiradoras

  • Noite

A canção “Lisboa Menina e Moça” é muito linda, mas está desactualizada. As varinas desapareceram e as mulheres da cidade desafiam a canção de Carlos do Carmo e vão muito para além do papel de musa para poetas. Em vez de inspirarem versos como “teus seios são as colinas”, inspiram-nos com o seu talento, coragem e criatividade.

  • Filmes
  • Terror

Foram sobretudo os homens que, historicamente, se sentaram na cadeira de realizador de filmes de terror (e não só). Mas, ao longo das últimas décadas, esse desequilíbrio começou a esbater-se. Por isso, e porque um bom filme de terror não serve apenas para engatar descaradamente, deixamos-lhe uma lista de filmes de terror realizados por mulheres.

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  • Compras

Da cosmética biológica aos kimonos e soutiens, sem esquecer as festas e as aulas de bodyboard. Juntámos oito negócios inspiradores com mulheres ao comando. Não é uma selecção sexista, apenas um constatar óbvio da mudança dos tempos em Lisboa – afinal, é normal haver mulheres em lugares de liderança, a criar, a mandar e a fazer.

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