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Wallace & Gromit: The Curse of the Were-Rabbit
Wallace & Gromit

18ª Monstra – Festival de Animação de Lisboa: 10 dias mesmo animados

Clássicos do cinema de animação, experimentalismo estónio, vencedores de Óscares, animação japonesa. E ainda a procissão vai no adro da Monstra 2018, porque muito mais há para ver.

Escrito por
Rui Monteiro
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São às centenas, muitos de curta duração, é certo, mas ainda assim uma quantidade impressionante de filmes nestes 10 dias de programação. Secções competitivas, retrospectivas, estreias e antestreias, mais as secções experimental e histórica… Acompanhar este festival é obra. Mas a gente ajuda com 11 propostas.

18ª Monstra – Festival de Animação de Lisboa: 10 dias mesmo animados

CLIPANIM

CLIPANIM

Aqui está uma secção que serve muito bem de introdução à fartura, quase orgíaca, que o elenco da Monstra apresenta. Assim, estilo, preliminares, em menos de uma hora, o programa curado por Filipe Raposo apresenta um cacharolete de filmes suficiente para ter uma ideia do estado da arte do cinema de animação ao longo deste século.

É aqui que podem ver-se, entre outros, Métronome (2016), de Anna Leterq, Makeunder – Great Headless Blank, da canadiana Carine Khalife, ambos de 2016, ou a mais recente produção do também canadiano Winston Hacking, Washed Out – Burn Out Blues. No alinhamento encontra-se ainda Beat, dirigido por Or Bar-El em 2011, Fever The Ghost (2014), do australiano Felix Colgrave, ou The Japanese Popstars, realizado em 2010 por David Wilson.

Ideal. Quinta, 8, 22.00.

Neste Canto do Mundo

Parte do programa especial, Neste Canto do Mundo, do realizador japonês Sunao Katabuchi regressa ao tempo da II Guerra Mundial para, de maneira comovente e, bem pode afirmar-se, como se costuma dizer dos bons exemplos, inspiradora, contar a história dos perdedores.

Isto é: mostrar, sem demagogia nem condescendência, os desafios quotidianos encontrados pelo povo japonês durante o conflito. Para tal, Katabuchi, neste seu filme de 2016, usa Suzu, personagem cheia de alegria, um encanto de pessoa mesmo, através da qual, e principalmente das vicissitudes e da maneira airosa como as ultrapassa, realça a nobreza de espírito dos japoneses num momento trágico da História.

São Jorge. Sexta, 9, 22.00.

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Wallace & Gromit: A Maldição do Coelhomem

Festival de cinema de animação sem Nick Park e Steve Box, quer dizer, sem Wallace & Gromit, não é festival não é nada.

A Monstra não caiu nessa armadilha e programou esta aventura, estreada em 2005, onde o insensato inventor e resoluto amante de queijo, Wallace, está bem de ver, e o seu cão indiscutivelmente fiel, Gromit, por acaso descobrem que uma criatura gigante e misteriosamente difusa rouba os produtos da cidade. Vai daí propõem-se capturar a besta e pôr fim à onda de crime.

São Jorge. Sábado, 10, 18.00.

Retrospectiva Rao Heidmets e Ülo Pikkov

Uma geração separa Rao Heidmets e Ülo Pikkov, o que faz destes realizadores nascidos na Estónia dois marcos do cinema de animação daquele país, aliás com bastante destaque na programação desta edição da Monstra.

Em cartaz nesta sessão estão Um Homem Velho e uma Mulher Velha. Uma História Erzya (2016), Bermuda (2008), Memória do Corpo (2011), ou Tik Tak (2015) e Espaço Vazio (2016), todos de Ülo Pikkov. Enquanto da obra de Rao Heidmets estão disponíveis Nasceu Um Oráculo (2011), Obrigações Inerentes (2008), e Instinto (2003).

São Jorge. Domingo, 11, 20.00.

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Tabu de Teerão

Teerão, sabe-se de muitos exemplos e distintas fontes, é cidade onde as restrições impostas pelas leis religiosas são consideradas crimes graves, exigindo punição séria e, na perspectiva dos que a aplicam, exemplar aviso a todos os candidatos à prevaricação. Mas mesmo assim, no filme do ano passado de Ali Soozandeh, realizador radicado na Alemanha, o desejo de liberdade, especialmente das mulheres e homens jovens (como o demonstra o acto de retirar o véu em público já tantas vezes registado nas redes sociais), faz com que desafiar e, principalmente evitar a severidade (e, em certos casos, a irracionalidade) destas proibições seja uma espécie de desporto nacional praticado diariamente. Muitas vezes correndo grandes riscos, assim combatendo a hipocrisia do regime como o fazem estas três mulheres de diferentes origens no seu encontro com um músico.

Ideal. Segunda, 12, 22.00.

Históricos da Estónia

Históricos da Estónia

A ênfase desta 18ª Monstra no cinema animado da Estónia é, a bem dizer, um acto de justiça, pois durante décadas esta cinematografia diversa e muitas vezes experimental foi praticamente ignorada.

Por isso, e para compreender melhor a evolução deste cinema na Europa, esta sessão inclui Ott nos Cosmos, dirigido em 1961 por Elbert Tuganov, mas também A Unha, de Heino Pars, A Mosca da Primavera, realizado por Riho Unt e Hardy Volmer em 1986, e ainda A Ilha Encantada e A Cabeça de Repolho, de Riho Unt, respectivamente de 1985 e 1993.

Cinemateca. Terça, 13, 18.30.  

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1917 – O Verdadeiro Outubro

A muito premiada Katrin Rothe foi uma das realizadores que não resistiu, na comemoração do centenário, a deitar um olhar sobre a Revolução de Outubro.

Neste seu filme do ano passado, 1917 – O Verdadeiro Outubro, por assim dizer, “reconta” a revolução conduzindo uma investigação com base em diários pessoais, até aqui desconhecidos, procurando assim ver a revolução bolchevique através do olhar dos artistas que por ela passaram.

Ideal, Quarta, 14, 22.00.

Belleville Rendez-Vous

Mudemos agora um pouco de tom e aborde-se a importante secção Históricos – Fugas para a Liberdade, dedicada ao cinema clássico mais ou menos experimental, com as três películas que se seguem, todas sinais de os tempos estarem a mudar, ou de pelo menos alguém, naquele momento, querer quebrar umas barreiras.

Para começar, um bom exemplo vem deste filme dirigido pela realizadora francesa Sylvain Chomet, em 1993. História do jovem e melancólico Champion, educado pela avó para vir a ser um grande ciclista, que, anos mais tarde, quando finalmente participa na célebre Volta a França, é raptado por dois misteriosos homens vestidos de negro. Ora nem a avó nem o fiel cão Bruno podiam deixar as coisas assim, partem à sua procura e iniciam uma viagem que os leva até o outro lado do oceano, onde, em Belleville, encontram as “triplettes”, excêntricas estrelas do “music-hall” dos anos de 1930 que decidem ajudar Madame Souza.

Ideal, Quinta, 15, 22.00.

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O Planeta Selvagem

Outro clássico a não perder é, sem dúvida, O Planeta Selvagem, que Renè Laloux criou em 1973.

Apesar de muito marcado pelo tempo, este filme, passado num planeta onde, entre plantas particularmente estranhas, vivem os Draags, seres que adoptaram os Oms, sobreviventes de tamanho muito diminuto de um outro planeta; este filme, escrevi, é um dos principais exemplares do psicadelismo no cinema de animação que ainda mantém o seu, digamos, conteúdo humanista, na mesma ingénuo mas no essencial intacto.

Ideal. Sexta, 16, 22.00.

Submarino Amarelo

Por falar em psicadelismo, outro clássico, este particularmente bem sucedido ao ponto de ser um imprescindível ícone da cultura pop.

Assinado por George Dunning, estreado no Reino Unido, em 1968, no tempo em que os Beatles eram reis em exercício da música popular. E se falo dos Beatles é porque sem eles o filme nem existiria. São eles os protagonistas, além de criadores de uma exemplar e divertida banda sonora; são eles, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Star, as personagens escolhidas pelo realizador para, através de grande trabalho visual e um excêntrico argumento, onde não faltam ilusões de óptica e complicados jogos de palavras, contar a jornada a caminho desse paraíso sobrenatural chamado Pepperland, no processo criando um clássico que não perdeu o encantamento desse momento histórico em que alguns pensaram que as drogas e os bons sentimentos iam mudar o mundo.

  1. Jorge. Sábado, 17, 17.00.

Outras coisas para fazer em Lisboa nos próximos dias

  • Coisas para fazer

Escolher um sítio para jantar, um concerto a não perder, uma boa sessão de cinema, uma visita para se deixar guiar, uma feira para dar largas às compras. Parece simples, mas às vezes dá trabalho. É para isso que cá estamos. Não dê mais voltas à cabeça a decidir o que fazer no fim-de-semana. A não ser que lhe digamos para ir andar na montanha russa.  

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Cinema alternativo em Lisboa esta semana
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Pode ver aqui os filmes em cartaz esta semana, mas algumas pérolas do cinema escapam às grandes salas. Esta semana, as coordenadas do cinema alternativo em Lisboa passam pela Cinemateca, Museu do Dinheiro e Biblioteca Orlando Ribeiro.

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