As melhores séries de 2020
Netflix; HBO; TVCine; RTP
Netflix; HBO; TVCine; RTP

As 20 melhores séries de 2020

Nunca vimos tanta televisão e nunca sentimos que ficou tanto por ver. Esta é a lista (possível) das melhores séries de 2020.

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O melhor é nem fazer as contas. Basta olhar para a almofada côncava do sofá para sabermos que em 2020 passámos muito tempo, certamente demasiado, a olhar para a televisão. O streaming foi o nosso melhor amigo neste ano doentio, e isso nota-se nestas escolhas: a Netflix e a HBO disputam ombro a ombro as preferências desta casa. Algumas produções valorosas não constam desta lista porque, apesar da overdose, não houve tempo para tudo. Talvez devêssemos ter passado dos primeiros episódios em The Mandalorian; talvez devêssemos ter perseverado em I May Destroy You; talvez devêssemos ter concluído Normal People a tempo. Águas passadas. Só faz falta quem cá está. E por cá, vale a pena destacar, estão cada vez mais personagens femininas de grande envergadura – sejam muito bem-vindas. Concentremo-nos, então, nas melhores séries de 2020.

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As 20 melhores séries de 2020

20. Betty

Betty é a nova incursão da realizadora Crystal Moselle no mundo das Skate Kitchen, um grupo de raparigas que está a conquistar espaço aos rapazes nos parques, half pipes e snake runs de Nova Iorque. Uma minissérie de seis episódios que acompanha as aventuras urbanas de Camille (Rachelle Vinberg), Kirt (Nina Moran), Janay (Dede Lovelace), Indigo (Ajani Russell) e Honeybear (Moonbear), por entre inquebrantáveis laços de amizade, pluralidade amorosa, sonhos de juventude e até a sombra do movimento MeToo. Uma pérola indie escondida no longo catálogo do streaming. Divertida e com ecos de Larry Clark. HT

HBO. Minissérie

19. Sunderland ‘Til I Die

O Sunderland é um histórico do futebol. Seis vezes campeão inglês (a última das quais em 1936) e cinco vezes campeão da segunda divisão (a última das quais em 2007), o clube caiu vertiginosamente para a terceira divisão, em apenas duas épocas. Na estreia, esta série documental com acesso a bastidores e protagonistas acompanhou a segunda, e impensável, descida consecutiva – em 2017-18. A segunda temporada debruçou-se sobre a frustração de 2018-19, ano em que falharam uma subida que parecia bem encaminhada. Mudanças de dono, deserções, desespero. Há de tudo. E o drama fornece bom material para televisão. No entanto, é o facto de se centrar nos adeptos inabaláveis desta cidade operária que torna a série tão especial. O futebol é um milagre – e a prova está aqui. HT

Netflix. T2

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18. Conta-me Como Foi

As Amoreiras, a tragédia de Alcafache, a entronização de Cavaco. É aí que estamos, à sétima temporada: 1985. Dá-se o caso, no entanto, de já nada disso ser relevante. Nem os factos históricos, nem as imagens de arquivo, nem o guarda-roupa impecável, nem as canções esquecidas, nem mesmo o rumo da família Lopes. Se continua a valer a pena reservar 50 minutos semanais para a série da RTP, não é sequer por nostalgia. São as interpretações imaculadas de Rita Blanco, a mãe, e Catarina Avelar, a avó, que nos mantêm presos ao ecrã e sem a mais pequena vontade de o abandonar. Que voltem sempre. HT

RTP1. T7

17. The Third Day

Três dos episódios de The Third Day passam-se no Verão, com Jude Law num homem que vai parar a uma ilhazinha com 93 habitantes, uma estranha origem e estranhas tradições; os outros três decorrem no Inverno, na mesma ilha, e os visitantes são uma mulher (Naomie Harris) e as duas filhas. A série adere de corpo, alma, ambientes, ideário narrativo e identidade visual aos mandamentos do chamado “terror pagão”. EB

HBO. Minissérie

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16. Schitt’s Creek

Os ricos e arrogantes que de súbito perdem tudo e vão viver com e como os remediados, é um expediente barbudo da comédia e está na base de Schitt’s Creek, criada por Eugene Levy e o filho Dan, também intérpretes. Mas os autores não se refugiaram na comédia repetitiva e preguiçosa. Todas as personagens vão evoluindo e além de estômago para rir, a série também tem coração e até uma costelazinha dramática. EB

TVCine. T1

15. Sex Education

Filmada em Gales, Sex Education traslada as comédias liceais americanas para a realidade e para o humor britânicos. Nesta segunda temporada, Otis (Asa Butterfield) tem uma namorada, mas não deixa de pensar em Maeve (Emma Mackey); Eric (Ncuti Gatwa) percebe que um namorado de sonho pode não ser suficiente; e Aimee (Aimee Lou Wood) é abusada sexualmente no autocarro, isolando-se em sofrimento. Otis, que era o terapeuta sexual de facto da escola secundária, vai ter concorrência profissional: a sua mãe (Gillian Anderson). A juventude aproveita. O retesado director estiola e tudo termina numa ópera espacial com vaginas no auditório da escola. A série criada por Laurie Nunn é escrita com graça e uma leveza aparente, aproveitando o embalo para tratar questões sensíveis. HT

Netflix. T2

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14. ZeroZeroZero

O tráfico global de droga é o tema desta série baseada no livro do jornalista e escritor italiano Roberto Saviano, que é também um dos argumentistas. Encavalitando o policial no documental, ZeroZeroZero revela e detalha a dimensão, os canais, os recursos, o aparato económico e os múltiplos actores, desde os mais anónimos até aos mais poderosos, das modernas redes de contrabando mundial de estupefacientes. EB

HBO. T1

13. The Crown

Quando se estreou, em 2016, a série de prestígio da Netflix tinha em Churchill o principal atractivo. Obra de um John Lithgow em plena forma, que por obscuras e insondáveis razões não foi reconhecida com todos os prémios à face da Terra. Agora, à quarta temporada, a rainha volta a ter um primeiro-ministro à altura do seu real protagonismo – aliás, uma, a primeira. Gillian Anderson é Margaret Thatcher e a performance que entrega é tremenda, apesar das vozes que se levantaram contra o retrato gélido e anti-feminista que fez da Dama de Ferro. Olivia Colman (a rainha), Josh O’Connor (Charles) e Helena Bonham Carter (Margaret), que terminam aqui a participação na série, desenvolveram as respectivas personagens com a mestria de um ourives e, ao contrário do que acontece na narrativa, roubam por completo o protagonismo à estreante Elizabeth Debicki (Diana). HT

Netflix. T4

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12. Feud: Bette and Joan

Ryan Murphy chamou um figo à histórica, longa e assanhada contenda entre Bette Davis e Joan Crawford, aqui descrita durante a atribulada rodagem, em 1962, de O Que Teria Acontecido a Baby Jane?, de Robert Aldrich, quando as carreiras de ambas estavam já em plano inclinado. Jessica Lange e Susan Sarandon são uma Crawford e uma Davis irrepreensíveis, evitando a caricatura camp ou a imitação confortável. EB

HBO. T1

11. Insecure

Issa Rae é a estrela desta comédia dramática: co-criadora, argumentista, produtora executiva e protagonista. Insecure gira à volta da sua divertida persona na série, Issa Dee, uma mulher à procura da felicidade. À quarta temporada, as tribulações raciais continuam, o empoderamento dos afro-americanos também, mas a universalidade dos desafios pessoais e sociais que ela e as amigas enfrentam mostram por que a representatividade em televisão é tão importante: permite-nos confirmar que nós, humanos, somos essencialmente iguais, independentemente da pigmentação da pele e das nossas idiossincrasias. Além de ser muito bem escrita e desempoeirada, Insecure é um tratado certeiro sobre a amizade. HT

HBO. T4

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10. A Maldição de Bly Manor

Um casarão isolado no campo, um par de crianças estranhas, uma perceptora zelosa, aparições sobrenaturais. Eis os principais ingredientes desta versão modernizada e expandida do clássico The Turn of the Screw, de Henry James, que preserva o essencial da estrutura do livro, é fiel aos preceitos da tradição da ghost story à inglesa e introduz na história original uma forte e melancólica nota romântica. EB

Netflix. T1

9. Unorthodox

Baseada no livro autobiográfico de Deborah Feldman, Unorthodox: The Scandalous Rejection of My Hasidic Roots, esta minissérie de quatro episódios acompanha a fuga de uma jovem judia da comunidade ultraortodoxa de Williamsburg, em Nova Iorque, para Berlim. Uma cidade medonha aos olhos judaicos, para onde antes se escapara a mãe, deixando-a para trás. Esty, a rapariga, é interpretada por Shira Haas, com tanta contenção e desnorte como decisão e instinto de sobrevivência. Os diálogos são quase todos em iídiche e o final, em que Esty entoa à capella o cântico “Mi Bon Siach”, que deveria ser de submissão e ali é de libertação, é uma das cenas mais arrepiantes do ano. HT 

Netflix. Minissérie

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8. Fuga para o Lago

Veio da Rússia esta série sobre uma pandemia mortífera, sem mortos-vivos nem elementos sobrenaturais. Um vírus desconhecido eclode em Moscovo, matando as pessoas em poucos dias, e espalha-se pelo país. A autoridade estatal esboroa-se e um grupo de moscovitas foge para um lago distante onde um deles tem uma casa numa ilha. Aqui, os monstros não são zombies, mas sim os nossos semelhantes, de rédea solta. EB

Netflix. T1

7. Ozark

A transformação da família Byrde num bando de criminosos, que faz o que for preciso para salvar a pele, a mando de um poderoso cartel mexicano, atingiu níveis de tensão altamente recomendáveis à terceira temporada. Há quem perca as estribeiras e compare com Breaking Bad a série produzida e protagonizada por Jason Bateman. Não é descabido. Com o cerco a apertar por todos os lados, dos agentes do FBI aos sicários, Marty continua a achar que pode desembaraçar-se do mundo do crime, se levar a bom porto a lavagem de dinheiro no novo casino flutuante. Mas a mulher, Wendy (Laura Linney), tem outros planos – letais. O final deixou-nos entre a apoplexia e o alívio, como tem de ser. Em 2021 há mais, com uma quarta e última temporada de 14 episódios dividida em duas partes. HT

Netflix. T3

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6. A Very English Scandal

O escândalo do título foi o que atingiu, em 1979, Jeremy Thorpe, o popular líder do Partido Liberal, casado por duas vezes e homossexual secreto e promíscuo, que se tornou no primeiro deputado inglês a ser julgado por homicídio. Hugh Grant é formidável num Thorpe divertido, cativante e dinâmico, mas também manipulador, matreiro e impiedoso, produto e símbolo do establishment e, no final, vítima dele. EB

HBO. T1

5. Adult Material

É o Citizen Kane das séries de televisão: a narrativa persegue um “rosebud” sobre o qual abundam as incertezas. Embora nesta minissérie de quatro episódios, criada por Lucy Kirkwood para o Channel 4, não se encontrem trenós nem significados misteriosos. “Rosebud”, aqui, é o prolapso rectal de uma jovem actriz pornográfica (Siena Kelly), e o motivo para a experiente Jolene Dollar (Hayley Squires, de Eu, Daniel Blake) pôr em risco o que lhe resta da carreira, e da saúde, para sair publicamente em sua defesa. Adult Material é um breve e amoral exercício sobre a implacável indústria dos conteúdos para adultos, mas também sobre as debilidades do feminismo sem consciência de classe. HT

HBO. Minissérie

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4. The Outsider

Uma sombria série de terror baseada no livro de Stephen King, que parte da brutal violação e assassínio de um rapazinho, para o reino do terror sobrenatural. The Outsider tem uma narrativa de pavio longo, em que nada acontece de chofre, e uma atmosfera crescentemente densa e desconfortável, sugerindo a presença de um horror poderoso e activo, sem depender do fogo de artifício dos efeitos especiais. EB

HBO. T1

3. The Last Dance

A série documental de Jason Hehir (André the Giant), realizada originalmente para a ESPN, prometia um novo olhar sobre os Chicago Bulls de Michael Jordan, com acesso às antigas estrelas e oferecendo imagens inéditas dos dois tricampeonatos conquistados nos anos 1990. E cumpriu. Do que ninguém estaria à espera, em particular numa produção sobre a qual o próprio Jordan tinha poder de veto, seria que, nestes dez episódios, o icónico 23 se permitisse dessacralizar, deixando a habitual posição de génio obstinado e intempestivo, e fizesse a sua autocrítica diante das câmaras. De resto, voltar a ter semanalmente Jordan, Pippen, Rodman, Grant e Kukoc, quando todo o desporto estava parado, foi um bálsamo. HT

Netflix. T1

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2. Pátria

Baseada no best-seller de Fernando Aramburu, Pátria centra-se em duas mulheres bascas que deixam de ser melhores amigas quando o marido da primeira é assassinado pela ETA, e o filho da segunda, que poderá ser o assassino, é preso. Pátria escolhe o ponto de vista das vítimas e das famílias dos presos para falar sobre um conflito que dividiu, ensanguentou e enlutou comunidades, lares, vizinhos e amigos. EB

HBO. T1

1. Gambito de Dama

Anya Taylor-Joy é Beth Harmon, uma órfã que, aos nove anos, nos EUA da década de 60, aprende a jogar xadrez, revelando-se um prodígio de nível mundial. A caracterização emocional e mental de Beth enquanto génio enxadrístico, com as suas carências, adições e idiossincrasias, é perfeita, tal como a recriação da época, a pintura do ecossistema do xadrez e dos que o habitam, e a verosimilhança das partidas. EB

Netflix. Minissérie

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