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Ciclo 24 Imagens – Cinema e Fotografia na Cinemateca

A Cinemateca tem mais um grande ciclo, desta vez sobre a relação entre o cinema e a fotografia, que umas vezes é diálogo, outras aproximação, às vezes mesmo apropriação mútua. Para já, 11 sessões para compreender a ideia. Em Junho há mais.

Escrito por
Rui Monteiro
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É longa a história de partilha entre cinema e fotografia, que o advento das imagens digitais ainda mais reforçou, permitindo permutações inacessíveis ao cinema analógico. Neste grande ciclo estão presentes obras populares e quase completamente desconhecidas. Isto é: navega-se entre a experiência e a sua absorção pelo cinema.

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Ciclo 24 Imagens – Cinema e Fotografia na Cinemateca

Blow-Up – A História de Um Fotógrafo

Dividido em secções, o filme de Michelangelo Antonioni, com David Hemmings, Vanessa Redgrave, Veruschka e Jane Birkin, realizado em 1966, integra o segmento Figuras do Fotógrafo.

Nesta obra, Antonioni não só captou a espírito da “swinging London” dos anos de 1960, a partir de um conto de Júlio Cortázar, como realizou um extraordinário “exercício de reflexão sobre o acto de ver e sobre as possibilidades da representação fotográfica” nesta narrativa das peripécias de um fotógrafo que, de ampliação em ampliação, descobre um crime.

Seg, 7, 15.30.

Os 400 Golpes

Parte da secção O Fluxo, o Instante, a primeira longa-metragem de François Truffaut é um dos “actos fundadores do cinema moderno, instaurando uma nova relação com os actores, com o espaço e com a narrativa.”

Em parte autobiográfico, 400 Golpes conta a história de um adolescente mal-amado, autor de pequenos delitos, que os pais despacham para reformatório. De onde acaba por fugir, numa célebre cena que tem tanto de realismo como de simbolismo, assim criando o seu percurso e culminando em uma das mais belas imagens fixas da história do cinema: um “paralítico” sobre o rosto do muito jovem Jean-Pierre Léaud, que olha os espectadores de frente.

Qua, 9, 19.00.

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24 Frames

Obra póstuma de Abbas Kiarostami, estreada no Festival de Cinema de Cannes, o ano passado, o filme desenrola-se em 24 segmentos que flúem a partir de imagens fixas e terminam ao som de Love Never Dies, de Andrew Lloyd Webber.

O realizador, para quem a fotografia era também uma forma de expressão, “acreditava no poder narrativo intrínseco a uma imagem fixa” e, aqui, alia-a ao cinema. “Sempre me questionei até que ponto deseja um artista representar a realidade de uma cena. Os pintores capturam apenas um fotograma de realidade e nada antes nem depois dele”, disse, a propósito desta obra onde imaginou o que podia ter acontecido “antes ou depois de cada imagem que capturei.”

Qui, 10, 15.30.

Contacts/ The Ballad of Sexual Dependency

O primeiro filme desta sessão incluída, como a anterior, na secção Álbuns Fotográficos, Contacts é o primeiro de uma série de curtas-metragens documentais, realizadas para televisão, por William Klein, em que fotógrafos conhecidos são convidados a “discorrer sobre a sua prática enquanto as imagens devolvem o resultado dela em planos que percorrem provas de contacto.”

Já a segunda parte desta sessão é preenchida com a versão filme do mais icónico trabalho da artista plástica Nan Goldin na década de 1980. Em The Ballad of Sexual Dependency, a projecção de diapositivos alia-se ao livro com o mesmo título, sacado de uma canção de Bertolt Brecht e Kurt Weill, e inclui centenas de retratos mostrados em sequência e acompanhados por uma banda sonora onde se escutam tanto Maria Callas como os Velvet Underground.

Sex, 11, 19.00.

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Janela Indiscreta

O filme de Alfred Hitchcock, com James Stewart, Grace Kelly, Wendell Corey, Thelma Ritter e Raymond Burr, realizado em 1954 e parte de Figuras do Fotógrafo, é o que se pode chamar um “filme de câmara” pela forma como tudo se circunscreve à visão a partir da sala onde o protagonista recupera de um acidente.

Fotógrafo imobilizado por um acidente que lhe deixa uma perna engessada, o protagonista passa o tempo bisbilhotando a vida dos vizinhos até ao momento em que se depara com um crime. A partir daqui a película desenvolve-se como uma notável articulação entre os espaços do interior do apartamento e o pátio e as traseiras dos vizinhos, e é, também filme que leva a uma reflexão sobre o voyeurismo, em que a “câmara fotográfica é um instrumento de observação mas também de acção.”

Sáb, 12, 21.30.

Cindy, The Doll is Mine/ Office Killer

Sessão que se inicia com a perturbante curta-metragem de Bertrand Bonello, que antes dirigira Pornographe e Tiresia, evocando o trabalho de Cindy Sherman e colocando a actriz Asia Argento no duplo papel de fotógrafa e modelo, e que prossegue sobre os auspícios do único filme daquela artista plástica.

Primeiro e único filme, no sentido estrito da palavra, de Cindy Sherman, em Office Killer (1997) encontra-se uma discreta e pacata empregada de escritório que mata uma colega, ganhando o gosto e aviando mais algumas pessoas com quem se cruza. Aqui, com Carol Kane, Molly Ringwald e Jeanne Tripplehorn, estamos em pleno prolongamentos do universo “gore” de várias das séries fotográficas de Sherman, que, de certo modo, aproveita para expandir o seu peculiar e sarcástico sentido de humor apropriando-se das convenções de um género cinematográfico específico.

Ter, 15, 15.30.

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Carta de Uma Desconhecida

Andando para trás, até 1948, a secção O Fluxo, o Instante foca a sua atenção nesta obra de Max Ophuls, baseada em conto de Stefan Zweig, com Joan Fontaine, Louis Jourdan, Mady Christians e Art Smith nos papéis mais importantes.

Um dos filmes mais belos e mais apreciados do realizador conta a história do amor de uma mulher por um homem que, só na véspera de morrer se dá conta dessa dedicação de uma vida quando recebe uma carta de tal desconhecida. Situado em Viena, no tempo do imperador Francisco José, é, decerto, a película em que a arte de Ophuls está mais perto da perfeição na sua demonstração de equilíbrio entre a elegância formal e a emoção.

Qua, 16, 15.30.

Fábrica/ Sob Céus Estranhos

Já era tempo de cinema português e ele chega pela mão de um fotógrafo, Daniel Blaufuks, que estará presente nesta sessão, com um fascínio por cinema, mais de uma vez incorporado no seu trabalho plástico.

Fábrica (2013), por exemplo, foi originalmente realizado como parte de uma exposição e de um livro sobre o espaço abandonado da Fábrica de Fiação e Tecidos do Rio Vizela, onde Blaufuks cria um cenário de memória a partir de imagens por si recolhidas. Já o seu filme de 2002, Sob Céus Estranhos, evoca a experiência de exílio de refugiados judeus em Lisboa durante e depois a II Guerra Mundial, “associando às fotografias e filmes de família de Blaufuks outras imagens de arquivo, documentos, textos literários de escritores como Heinrich Mann, Hans Sahl e Hertha Pauli, Erich Maria Remarque e Arthur Koestler”, assim criando o artista, através de várias camadas de interpelação, o reenquadramento ou a desaceleração das imagens preexistentes como um registo “diarístico e de reflexão sobre a memória.”

Qui, 17, 21.30.

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La Prisionnière

Vem mesmo a propósito, pois este filme de Henri-Georges Clouzot foi rodado em pleno Maio de 68, assim participando do espírito libertário dessa revolta agora a comemorar meio século.

Com Elisabeth Wiener, Laurent Terzieff, Bernard Fresson, Dany Carrel e, entre outros, Dario Moreno, a película centra-se na personagem criada para e por Terzieff, um galerista e fotógrafo que torna a criatura encarnada por Elisabeth Wiener prisioneira de uma relação sadomasoquista, em intenso clima de experimentação gráfica inspirada na modernidade das obras de arte que expõe.

Sex, 18, 15.30

Les Photos d’Alix/ Nostalgia (Hapax Legomena I: Nostalgia)

Dois filmes muito diferentes fazem esta sessão de Investigações Fotográficas, ambos remetendo o espectador para a “relação da fotografia com o cinema quando mediada pela linguagem verbal.”

Les Photos d’Alix, de Jean Eustache, com Alix Cléo-Roubaud e Boris Eustache, realizado em 1980, é um filme tão perturbante quão singular em que o realizador francês se detém na “não coincidência entre as imagens fotográficas e as palavras que as descrevem ao pôr em cena a fotógrafa Alix Cléo-Roubaud, que mostra clichés de sua autoria a Boris Eustache, filho do cineasta.”

Nostalgia (1971), do norte-americano Hollis Frampton, é apenas um exemplo da monumental obra deste artista falecido em 1984, um dos mais importantes cineastas da vanguarda nova-iorquina. O filme é, realmente, uma investigação acerca da natureza da imagem cinematográfica através daquilo a que Frampton chamou uma “autobiografia oblíqua” e uma “filogenia” da história do cinema, onde concentra o pensamento do autor sobre os paradoxos da imagem em movimento e a sua historicidade, “sobre os jogos linguísticos, a narrativa no cinema, as formas da montagem, as relações entre o cinema e o vídeo, mas também sobre a passagem do tempo e a memória.”

Seg, 21, 18.30.

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