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Filme, Cinema, O Rei da Comédia (1982)
©DRO Rei da Comédia de Martin Scorsese

Dez filmes contra a televisão

Aproveitando a estreia da minissérie 'Quiz' na HBO, recordamos uma dezena de filmes muito críticos do meio televisivo

Escrito por
Eurico de Barros
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O cinema tem atacado a televisão praticamente desde que ela apareceu. Alienação colectiva, manipulação de massas, vulgarização por baixo, imbecilização galopante, degradação da dignidade humana, são alguns dos defeitos que a Sétima Arte tem apontado a esta sua grande concorrente, em filmes que vão da ficção científica à comédia. Fomos buscar dez filmes que atacam a televisão em várias das suas componentes, dos concursos até aos reality shows, numa lista que inclui títulos como Um Rosto na Multidão, de Elia Kazan, Escândalo na TV, de Sidney Lumet, A Morte em Directo, de Bertrand Tavernier, ou Reality, de Matteo Garrone.

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Dez filmes contra a televisão

‘Um Rosto na Multidão’, de Elia Kazan (1957)

Um dos primeiros filmes a pôr em causa o poder de manipulação da televisão, Um Rosto na Multidão tem Andy Griffith no papel de Larry Rhodes, um vagabundo que toca guitarra e canta. Devido ao seu carisma e espontaneidade, transforma-se num fenómeno da rádio, e logo a seguir, da televisão. Larry toma consciência da sua capacidade para influenciar as massas e é convencido a envolver-se na política.

‘A Décima Vítima’, de Elio Petri (1965)

Uma adaptação, com produção franco-italiana, do conto The Seventh Victim, do escritor de ficção científica americano Robert Sheckley, interpretada por Marcello Mastroianni e Ursula Andress. Um concurso de televisão onde cinco Caçadores perseguem cinco Vítimas em directo, é utilizado pelos governos como substituto da guerra no mundo do futuro. Os patrocinadores garantem boas maquias aos produtores e estes querem ir mais longe.

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Escândalo na TV, de Sidney Lumet (1976)

Este profético filme que deu a Paddy Chayefsky o Óscar de Melhor Argumento Original, antecipa o vale-tudo das lutas pelas audiências de televisão nas décadas que se seguiriam. Peter Finch (ganhou postumamente a estatueta de Melhor Actor) é um pivô mental e emocionalmente perturbado, a que a sua estação dá um programa sensacionalista e explora os seus delírios, para conseguir ser campeã de audiências, perante o horror de um amigo e colega (William Holden).

‘A Morte em Directo’, de Bertrand Tavernier (1980)

Num futuro em que as doenças foram todas debeladas, uma mulher (Romy Schneider) que sofre de um mal incurável torna-se numa celebridade, e o director (Harvey Keitel) de uma estação de televisão oferece-lhe uma fortuna transformar a sua agonia num reality show em directo. Ela recusa e foge, mas um conhecido (Harry Dean Stanton), que a acompanha e ajuda, trabalha na realidade para aquela estação e tem câmaras implantadas nos olhos para a filmar.

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‘O Rei da Comédia’, de Martin Scorsese (1982)

Robert De Niro interpreta aqui Rupert Pupkin, um cómico sem piada nenhuma que, para conseguir chegar à televisão, rapta o seu ídolo, Jerry Langford (Jerry Lewis) com a ajuda de outra fã doentia deste. Langford tem um popularíssimo talk show, mas é na realidade um sujeito intratável, e pôs Pupkin a andar quando ele tentou chegar à fala com ele. Uma sátira devastadora à obsessão da celebridade, neste caso, a televisiva.

‘Videodrome’, de David Cronenberg (1983)

A acreditarmos neste filme de David Cronenberg, o futuro da televisão visto dos anos 80 envolvia canais clandestinos com programas onde pessoas anónimas são torturadas e assassinadas, entre outros horrores, e no limite a fusão dos telespectadores com os próprios televisores. É “a nova carne”, como diz a certa altura Max Renn, o protagonista deste tão perturbante como indescritível Videodrome, interpretado por um excelente James Woods.

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‘Quiz Show’, de Robert Redford (1994)

Nos anos 50, os EUA foram abalados por um escândalo envolvendo um popularíssimo programa televisivo de cultura geral, o Twenty-One, onde os concorrentes eram “controlados” pela produção. Robert Redford recria aqui, com toda a minúcia, o inquérito que levou à descoberta desta fraude, que envolvia toda a estrutura da estação onde o concurso era emitido. Interpretações estupendas de Rob Morrow, Ralph Fiennes, John Turturro e Paul Scofield.

‘The Truman Show: A Vida em Directo’ (1998), de Peter Weir

Truman Burbank (Jim Carrey) é um simpático e bondoso vendedor de seguros, que ignora por completo que toda a sua vida é um gigantesco reality show, cuidadosamente encenado para que ele nunca desconfie de nada e transmitido em contínuo para o mundo inteiro. Este filme de Peter Weir, escrito por Andrew Niccol, leva ao absurdo mais elaborado (e mais cruel) o conceito dos programas tipo Big Brother ou Casa dos Segredos.

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‘Edtv’, de Ron Howard (1999)

Matthew McConaughey interpreta aqui um empregado de um clube de vídeo chamado Ed, que aceita que a sua vida seja filmada por um novo canal, o True TV, criado por uma estação de São Francisco que se encontra em dificuldades financeiras. O programa é um sucesso, mas a vida profissional familiar e sentimental de Ed é seriamente perturbada pela fama que ele ganha. Edtv é o remake americano do filme francês Louis 19, Roi des Ondes, de Michel Poulette, feito em 1994.

Reality, de Matteo Garrone (2012)

Luciano é um peixeiro e pequeno vigarista de Nápoles que a família incita a concorrer ao Big Brother italiano. Não consegue ser seleccionado mas fica obcecado por entrar na casa do concurso, ao ponto de pensar que está a ser vigiado pelo canal de televisão onde este é exibido e tentar por todos os meios provar que é digno de ser seu participante. Família e amigos começam a ressentir-se desta obsessão. Aniello Arena que interpreta Luciano magnificamente, é um antigo membro da Camorra, a Mafia napolitana, que se tornou actor.

Cinema em casa

  • Filmes

Três filmes iranianos (dois deles, A Lei de Teerão e Os Irmãos de Leila, assinados pelos mesmo realizador, Saeed Roustayi, um dos novos e mais entusiasmantes nomes do cinema do Irão), dois franceses, a nova realização de Steven Spielberg, uma fita fantástica vinda da Islândia e outra da Noruega, ou a ainda mais recente e oscarizada obra do japonês Ryusuke Hamaguchi. Estes são alguns dos melhores filmes que se estrearam em Portugal no ano de 2022.

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O cinema da Coreia do Sul é, por esta altura, um dos mais variados, ricos e importantes do mundo. Uma realidade sublinhada pela entronização de Parasitas na Europa e nos EUA – o filme de Jong Boon-ho venceu primeiro o Festival de Cannes, em 2019, e depois arrecadou quatro Óscares em 2020, incluindo o de Melhor Filme, feito até aí inédito para uma produção de língua não inglesa. Escolhemos 13 filmes (e podiam ser mais) desta cinematografia que não pára de nos surpreender, todos rodados neste século, como amostra da sua qualidade e diversidade. Alguns foram vistos em Portugal, outros não, e uns são mais conhecidos do que outros. Todos têm em comum o serem excepcionais e fundamentais para os cinéfilos.

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Já sabemos que a oscilação de conteúdos faz parte. Isto é, o que hoje temos disponível, amanhã desaparece sem deixar rasto. Por isso, tudo o que lhe pedimos é que mergulhe rapidamente nesta lista. Há drama, há comédia, há acção, histórias para rir desmedidamente, para roer as unhas, para colar ao ecrã horas a fio sem qualquer noção de vida exterior. Compilámos o que de melhor existe actualmente na plataforma de streaming para que não tenha de o fazer e damos-lhe uma boa dose de sugestões abaixo. Prepare os snacks, as pipocas, se as tiver, hidrate-se e ponha os olhos nos melhores filmes na Netflix.

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