DocLisboa 2017: Entre a Terra e a Lua

O filme da jornalista Laura Poitras (vencedora de Óscar com Citizenfour, onde documentava a fuga de Edward Snowden depois deste “libertar” documentos secretos do governo norte-americano) é mais um tratado sobre a paranóia, agora centrado noutra figura central do denunciante dos tempos modernos, Julian Assange. Durante seis anos Poitras acompanhou o fundador do WikiLeaks, anos suficientes para traçar um retrato vivo, pessoal e ideológico de um dos mais célebres “refugiados” políticos.

Ideal, Quinta, 19, 20.00; Culturgest, Domingo, 29, 19.00.

Digamos que um encontro breve proporcionou a Claude Lanzmann este filme em que um diplomata francês, integrado na primeira delegação europeia oficialmente convidada para visitar a Coreia do Norte, em 1958, após a Guerra da Coreia, conhece uma enfermeira da Cruz Vermelha em Pyongyang.

Ideal, Quinta, 19, 22.00; S. Jorge, Terça, 24, 16.30.

Através de um exercício de montagem de extractos de 533 filmes realizados e perdidos no Árctico, algures entre 1910 e 1920, e recuperados meio século depois, o realizador experimentalista Bill Morrison recria a vida (ou, pelo menos, especula sobre como seria a vida) no interior do território do Yukon, nos Estados Unidos.

Culturgest, Sexta, 20, 10.30 (sessão para escolas aberta ao público); S. Jorge, Domingo, 22, 21.45.

A partir da experiência da sua mãe, o cineasta brasileiro João Moreira Salles apresenta um filme em que imagens registadas na China, em 1966, durante a fase mais radical da Revolução Cultural, são colocadas lado a lado com outras, de arquivo, que cobrem os acontecimentos de 1968 em França, na Checoslováquia e no Brasil, assim traçando um retrato raro sobre as revoluções que não o chegaram a ser.

S. Jorge, Domingo, 22, 18.45; Culturgest, Segunda, 23, 10.30 (sessão para escolas aberta ao público).

Wang Bing, vencedor este ano do Festival de Locarno, autor de West of the Tracks e Three Sisters (de quem também será apresentado o filme anterior, Bitter Money, no domingo, 29, às 18.45, no S. Jorge), regressa ao Doclisboa com uma obra sobre a morte. E nela, com a habitual sensibilidade com que a sua câmara se debruça sobre o seu sujeito, o realizador chinês acompanha o regresso a casa, depois de longa hospitalização, de Fang Xiu Ying, uma habitante de pacata aldeia no Sul da China, que, aos 67 anos, sofre de doença de Alzheimer e vive agora acamada, rodeada de familiares e vizinhos que a acompanham nos seus últimos dias.

Ideal, Domingo, 22, 22.00; Culturgest, Sábado, 28, 19.15.

Falámos de morte, tratemos agora da vida, ou melhor, das obsessões de alguns com a sua vida. Como é o caso dos culturistas Jean-François, Ronald, Alexis, Cédric, Benoit e Maxim, que Denis Côté filmou como uma espécie de gladiadores enquanto se preparam para a próxima competição, sua razão de vida e justificação para a “teimosia” em ultrapassar os limites do seu corpo através da musculação.

S. Jorge, Terça, 24, 18.45; Ideal, Quinta, 26, 22.00.

Eis aqui uma boa oportunidade para quem não acompanhou, mas também para quem viveu a década de 1980 mas já não se lembra muito bem, de perceber esse capítulo da História em que Ronald Reagan, Presidente dos Estados Unidos, pela intimidação e pela sedução travou uma batalha ideológica com o então líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev. O resultado foi a queda do Muro de Berlim, o fim da União Soviética e um grande desaire para o comunismo, conforme Pacho Velez e Sierra Pettengill muito bem documentam no seu filme.

Culturgest, Sexta, 27, 19.00.