E o Óscar de Melhor Canção Original vai para...
DRE o Óscar de Melhor Canção Original vai para...
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E o Óscar de Melhor Canção Original vai para...

Todos os anos a Academia premeia quem consegue deixar mais gente a trautear no final de um filme. Eis os nomeados desta edição.

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Está longe de ser a melhor colecção de nomeações ao Óscar de Canção Original. Mas como sempre acontece em Hollywood, entre os candidatos deste ano há histórias para contar e curiosidades para anotar. Há uma veterana recordista de nomeações que nunca ganhou e volta a tentar a sua sorte à 13.ª, há jovens estreantes que se arriscam a ganhar à primeira, há Beyoncé e Billie Eilish à conquista da Academia depois de dominarem nos Grammys, há uma canção sobre lagartas que deixa meio mundo de lágrima ao canto do olho. E o Óscar de Melhor Canção Original vai para… Billie Eilish! (Ainda não era para dizer?)

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E o Óscar de Melhor Canção vai para...

“Be Alive”

Filme: King Richard: Para Lá do Jogo
Música e letra: Dixson e Beyoncé

Não é propriamente melodia que se cole ao ouvido. É uma espécie de hino que cresce em intensidade, avançando obstinadamente num binário a 79 batidas por minuto, e que vale sobretudo pela palavra. Beyoncé assina esta marcha de louvor ao esforço, à tenacidade e à vitória sobre as adversidades e contra as expectativas, em que a cor da pele, não sendo o assunto central, está sempre presente (“Couldn't wipe this black off if I tried / That's why I lift my head with pride”). A canção está inscrita na banda sonora de King Richard (em Português, aumentado para King Richard: Para Lá do Jogo), um biopic sobre Richard Williams, o pai das tenistas Serena e Venus Williams. O filme pretende mostrar como o homem acreditou desde sempre que ia transformar ambas as filhas em campeãs da modalidade e como as arrastou consigo para escrever uma história inspiradora de superação. E “Be Alive” tenta ilustrar isso. Não é canção que fique para a história, mas cumpre a função para que foi pensada e tem do seu lado o ar do tempo.

“Down to Joy”

Filme: Belfast
Letra e Música: Van Morrison

Kenneth Branagh criou um filme semi-autobiográfico para captar a história atribulada da sua Belfast nos idos de 1960. Para isso, foi pedir colaboração musical a Sir George Ivan Morrison, que o mundo conhece como Van Morrison e os irlandeses por The Belfast Cowboy ou The Belfast Lion. Além de uma mão cheia de clássicos (“Days Like This”, “Bright Side of the Road” e outras), Van Morrison empresta ao filme esta canção original, que em nada muda aquela fórmula da balada de quatro acordes batidos na guitarra (no caso Sol, Ré, Mi e Dó, se alguém estiver interessado), contando uma história de poucas palavras, a sorrir nostalgicamente para a vida. Precisamente o que Branagh procurava, supõe-se, e nisto Morrison é imbatível. Já quando se mete a teorizar sobre conspirações pseudocientíficas a propósito da Covid-19, os resultados são mais discutíveis.

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“Somehow You Do”

Filme: Four Good Days
Música e letra: Diane Warren

Diane Warren é uma fabricante lendária de canções. Há composições suas nas vozes de meio mundo, de Celine Dion a Britney Spears, dos Cheap Trick aos Aerosmith, de Tina Turner a Christina Aguilera, de Elton John a Bryan Adams, de Cher a Lady Gaga, dos Kiss a The Cult, de Aretha Franklin a Beyoncé… enfim, já perceberam a ideia. Warren colecciona prémios de toda a sorte, entre Emmys, Grammys, Globos de Ouro. Só Óscares é que não. Há 32 canções suas que alcançaram o top 10 da Billboard (chegou a ter lá seis em simultâneo, todas interpretadas por artistas diferentes), nove das quais foram número 1. Entre essas, contam-se Because You Loved Me (Celine Dion, 1996) e I Don't Want to Miss a Thing (Aerosmith, 1998), que apesar de terem liderado o top norte-americano acabaram como candidatas derrotadas à estatueta de Melhor Canção Original. De resto, esse é mesmo o mais impressionante de todos os recordes de Diane Warren: por doze vezes esteve nomeada para o Óscar, por doze vezes não ganhou. E, se tivermos de adivinhar, também não será à 13.ª.

Nesta edição, Diane Warren concorre com “Somehow You Do”, interpretada pela estrela country Reba McEntire para Four Good Days, filme que segue a história de uma mãe (Glenn Close) que tenta como pode ajudar a filha (Mila Kunis) a atravessar quatro dias dramáticos e essenciais de ressaca para conseguir largar as drogas. Infelizmente, é uma canção ao melhor estilo pandémico “vai ficar tudo bem”, cheia de lugares-comuns lamechas (“Yeah, you've been brought to your knees / But there's better days up ahead / You'll be back on your feet again”, etc por aí afora) e que parece apenas uma variação das baladas inspiracionais que têm levado a norte-americana às nomeações nos últimos anos: “Stand Up For Something” (2018), “I’ll Fight” (2019), “I'm Standing with You” (2020).

“Dos Oruguitas”

Filmes: Encanto
Música e Letra: Lin-Manuel Miranda

Esta só aparece no fim. É uma das canções compostas por Lin-Manuel Miranda para Encanto, a última grande produção dos estúdios Disney, e acompanha os créditos finais. É uma espécie de resumo da matéria dada no filme, um manifesto sobre o que realmente define uma família e a amizade num mundo em constante transformação, uma ode à perseverança e à auto-descoberta. Ou então é só uma canção sobre duas lagartas — cada um escolhe como quer ouvir. Cantada inteiramente em espanhol pelo colombiano Sebastián Yatra, “Dos Oruguitas” surge nas bolsas de apostas como segunda favorita a conquistar a estatueta em Março. Conseguiu entrar na Billboard Hot 100, tal como “We Don’t Talk About Bruno” — a canção do filme que até se tornou mais popular mas que acabou por não ser nomeada — e se conquistar o Óscar dará a Miranda o invejável estatuto EGOT, sigla para gente que consegue vencer pelo menos um Emmy, um Grammy, um Oscar e um Tony.

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“No Time to Die”

Filme: 007, Sem Tempo para Morrer
Música e Letra: Billie Eilish e Finneas O'Connell

Quando Finneas O'Connell nasceu, 007 já tinha cara de Pierce Brosnan, as aventuras do agente secreto iam no 18.º filme e Sheryl Crow cantava “Tomorrow Never Dies”. Quando nasceu a sua irmã mais nova, Billie Eilish, quatro anos depois, já tinham passado mais dois filmes e Madonna cantava “Die Another Day”. Ora, não deixa de parecer um pouco cabalístico (e isto não é referência a Madonna) que acabem os dois a escrever “No Time to Die”, a canção-tema da última aparição de Daniel Craig, e que traz uma espécie de spoiler mal disfarçado no próprio título. Mas eis-nos perante a candidata favorita da noite, uma balada pop orquestral, com alguns dos elementos clássicos dos grandes temas de Bond: tom menor, ambiente sombrio, começo mansinho e arranjos em crescendo dramático. Já arrecadou o Grammy de Melhor Canção para Media Visual e o Globo de Ouro para Melhor Canção Original, tornou-se no primeiro tema de Eilish a alcançar o número 1 da UK Singles Chart, e tornou-a a ela na primeira artista nascida no século XXI a alcançar essa posição. Tudo sinais, portanto.

Outros sons do cinema

  • Música

A história dos Óscares tem um extenso capítulo reservado aos esquecidos e aos injustiçados. Sempre que uma nova cerimónia se aproxima, repetem-se as discussões sobre o tema e sucedem-se as listas dos erros, omissões e disparates mais gritantes na história da Academia. 

  • Filmes

A música, quando é mesmo boa, torna qualquer filme melhor. Sete exemplos excepcionais e bastante distintos seguem já a seguir. São bandas sonoras inesquecíveis – e premiadas pela Academia de Hollywood com o Óscar. 

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  • Música
  • Jazz

Quando o jazz era um género verdadeiramente popular – há mais de meio século – houve realizadores de renome que recorreram a músicos da vanguarda do jazz de então para providenciar a banda sonora dos seus filmes.

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