
Momentos de música em filmes que não são musicais
Estes momento marcaram os filmes dos quais fazem parte e trouxeram-nos pedaços de música inesquecíveis. Conheça-os
O formato musical pode não ser, no cinema, algo que atinja consenso. E mesmo que seja possível chegar a acordo, a vontade nem sempre é de preencher o filme incessantemente com música. É certo que na sétima arte existem grandes clássicos musicais, com temas que hão-de perdurar na memória, mas esta é uma proposta diferente. A lista que se segue leva-nos a recortes cinematográficos incomuns, excertos, recados, pequenos pedaços de música que se deixam encaixar no meio da história sem que lhe definam a estética. São momentos íntimos ou intimistas, são actores e actrizes que, por uns quantos minutos, nos desprendem da trama principal e nos levam a outro território. Conheça alguns dos momentos de música em filmes que não são musicais.
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Momentos de música em filmes que não são musicais
1. "Casablanca", Michael Curtiz (1942)

Rick Blaine (Humphrey Bogart) e Ilse Lund (Ingrid Bergman) formam, no filme de Michael Curtiz, um dos pares românticos mais imorredoiros de sempre. E a cena mais poderosa entre os dois é aquela em que, no final, eles se despedem e separam, para que Ilse possa seguir viagem para Lisboa com o marido resistente. Rick perde a amante, mas ganha um amigo. O filme é um dos grandes clássicos da sétima arte e tem razão para isso. Esta "As Time Goes By", escrita em 1931 e brilhantemente trazida em 1942 na voz de Dooley Wilson, é só mais um argumento a juntar a tantos outros.
2. "Boneca de Luxo", Blake Edwards (1961)

3. "Armadilha Amorosa", Charles Walters (1955)

Podemos falar do imensurável talento, dos Óscares, dos incontáveis Grammy, da importância histórica, da voz, mas vamos focar-nos num só ponto: a personagem Charlie Y. Reader a que Frank Sinatra deu corpo neste The Tender Trap. É certo que o Chairman Of The Board, como também era apelidado, emprestou as cordas vocais a muitos outros filmes, todos eles de forma muitíssimo competente mas a forma como Sinatra se senta ao piano e explica a Julie Gillis (Debbie Reynolds) a simplicidade de uma canção, é mais do que motivo para o incluir nesta lista.
4. "Irmão, Onde Estás?", Ethan e Joel Coen (2000)

Será difícil, no cinema recente, encontrar uma cena que nos transporte tão bem à Grande Depressão dos Estados Unidos como esta em O Brother, Where Art Thou?. O responsável é Tommy Johnson (Chris Thomas King), uma espécie de personagem paralelo a Robert Johnson, considerado o pai do blues do Delta. Saltando de localidade em localidade, o trio de ex-prisioneiros Everett (George Clooney), Pete Hogwallop (John Turturro) e Delmar O'Donnell (Tim Blake Nelson) acaba por cruzar caminhos com o homem e, num desses trilhos, em paragem, Johnson termina a noite com a canção. Uma beleza.
5. "Antes do Anoitecer", Richard Linklater (2004)

A segunda parte da trilogia Before avança 14 anos em relação à primeira aventura de Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy). Desta feita, o encontro acontece em Paris, cidade onde Jesse faz uma última paragem para promover o seu mais recente livro antes de regressar aos Estados Unidos. Acontece que, inesperadamente para o autor, a rapariga que encontrou 14 anos antes em Viena está ali, à sua frente. Com pouco mais de uma hora e meia para colmatar a saudade, os dois passeiam por Paris, conversando, até à cena final, em que Celine mostra a Jesse uma canção que escreveu sobre ele.
6. "Black Snake Moan - A Redenção", Craig Brewer (2006)

Depois da partida de Ronnie (Justin Timberlake) para servir as forças armadas, Rae (Christina Ricci) cede à sua libido furiosa e entra numa senda de abandono e despreocupação quase fatal. Certo dia, Lazarus (Samuel L. Jackson), um bluesman que luta com os seus próprios demónios, encontra Rae espancada e deixada para morrer na valeta da estrada. O homem mantém-na em cativeiro até que esta consiga livra-se da sua aflição e endireitar a vida. Black Snake Moan não é um dos filmes que normalmente associamos a Samuel L. Jackson quando pensamos em clássicos mas a verdade é que o actor dedicou-lhe bastante tempo e aprendeu a tocar guitarra para conseguir preencher a personagem. E vale bem a pena ouvi-lo nesta faixa homónima da película.
7. "No Mesmo Tom", John Carney (2007)

É preciso saber antes de mais que Glen Hansard é, antes de actor, um músico consagrado. E foi exactamente isso que mostrou neste Once, lado a lado com Markéta Irglová. A comprová-lo está a estatueta dourada que arrecadou com um dos temas que compôs e interpretou para o filme, juntamente com a co-protagonista Irglová, "Falling Slowly". A história é simples: uma rapariga conhece um rapaz em Dublin e ajuda-o a montar uma demo das suas canções, por meio de improviso e compensando as dificuldades da vida de cada um. Ela complementa-o, ele torna-se um projecto. Mais tarde, os dois acabam por se apaixonar por via da música que construíram. "Say It To Me Now" é outro dos temas originais de Hansard para o filme e é uma cena poderosíssima de arranque.
8. "Blue Valentine - Só Tu e Eu", Derek Cianfrance (2010)

Cindy e Dean (Michelle Williams e Ryan Gosling), casados, estão próximos do fim da linha e nem mesmo a filha serve para salvar a união. Confrontados com a amargura iminente de um casamento falhado, só lhes resta uma solução: procurar no passado as razões que os levaram a apaixonar-se. Pelo meio, Blue Valentine dá-nos um panorama realista sobre as dificuldades em repartir uma vida e dá, também, uma das cenas mais ternurentas do cinema com esta "You Always Hurt The One You Love", canção dos The Mills Brothers, cantada aqui pela voz de Gosling, acompanhada ao ukulele.
9. "Pequenas Mentiras Entre Amigos", Guillaume Canet (2010)

10. "As Melhores Coisas Do Mundo", Laís Bodanzky (2010)

O protagonista desta história é Mano (Francisco Miguez), um adolescente paulistano mergulhado em situações em que medos, pressão para ter sucesso e relacionamentos familiares se manifestam intensamente. Com ele está a amiga Carol (Gabriela Rocha), a outra grande equação da história e parte indissociável do crescimento de Mano. No espaço de um mês, os dois vão enfrentar a vida à sua maneira, vivendo experiências e pondo à prova os seus próprios limites. Enquanto isto, Mano vai descobrir que é possível ultrapassar a adolescência com uma ou outra ajuda, principalmente da música e, daí, surge o título da obra, como a lista que este terá de fazer.
11. "Uma História de Amor", Spike Jonze (2013)

12. "A Propósito de Llewyn Davis", Ethan e Joel Coen (2014)

13. "Born To Be Blue", Robert Budreau (2015)

Retratando o regresso de Chet Baker ao activo depois do incidente que quase lhe terminava a carreira precocemente, Born To Be Blue tem aos comandos um Ethan Hawke bastante credível e bastante competente. Decidido a interpretar as canções pelos próprios pulmões, o texano Hawke vai dando ao público momentos bastante interessantes ao longo de todo o filme mas é em "My Funny Valentine", canção originalmente construída por Richard Rodgers e Lorenz Hart para o musical Babes In Arms, de 1937, que o vemos em território vencedor. Isto porque, apesar de não ser sua, a faixa tornou-se um ex-líbris do trompetista.
14. "Assim Nasce Uma Estrela", Bradley Cooper (2018)

Jackson "Jack" Maine (Bradley Cooper), um músico country que luta contra a adição, visita um centro de apoio onde assiste a uma performance em homenagem a Edith Piaf de Ally (Lady Gaga), uma empregada de mesa, cantora e compositora. Jack fica surpreso com o desempenho e os dois acabam por passar a noite na conversa. É aí que Ally lhe revela os seus esforços mal sucedidos em seguir uma carreira musical profissional. Depois disto, os dois embarcam numa viagem de construção pessoal e descoberta que se vai revelando entre concertos, conversas e olhares. O filme venceu o Óscar na categoria de melhor música original por "Shallow".
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