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O melhor de Isabelle Huppert em sete filmes indispensáveis

Na semana da estreia de 'Eva', de Benoît Jacquot, propomos o melhor de Isabelle Huppert, com uma selecção de grandes papéis de uma das actrizes mais premiadas do mundo.

Escrito por
Eurico de Barros
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Isabelle Huppert é uma das maiores actrizes francesas, que se divide entre o palco e o cinema, entre os filmes de "autor" e as produções mais viradas para o grande público. Já foi duas vezes premiada em Cannes, duas em Veneza e uma em Berlim, ganhou dois Prémios do Cinema Europeu, um BAFTA, um Globo de Ouro, um David di Donatello e um Lola. É a actriz mais indicada aos Césares franceses, com 16 nomeações e duas vitórias. 

Na semana em que a voltamos a ver no grande ecrã com Eva, recordamos sete dos melhores papéis que já desempenhou no cinema, em filmes assinados por Claude Chabrol, Maurice Pialat ou Paul Verhoeven. 

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Isabelle Huppert em sete filmes indispensáveis

‘Violette Nozière’, de Claude Chabrol (1978)

O primeiro de sete filmes que Isabelle Huppert fez com Claude Chabrol, e um dos seus primeiros papéis de destaque, que lhe deu o Prémio de Melhor Actriz no Festival de Cannes (partilhado com Jill Clayburgh por Uma Mulher Só). Huppert, então com 25 anos, personifica Violette Nozière, que aos 18 anos, na França de entre as guerras, foi protagonista de um escândalo, ao envenenar o pai que alegadamente abusava dela e vivendo uma dupla vida, de estudante e prostituta. É uma interpretação magistral, em que Huppert alterna entre a vulnerabilidade da vítima e a amoralidade de uma assassina cruel e fria.

‘Loulou’, de Maurice Pialat (1980)

Contracenando com Gérard Depardieu então na sua fase de papéis de “rapaz mau”, Isabelle Huppert, é aqui uma mulher que abandona subitamente a sua rotina, o seu marido e os seus amigos, para se entregar a Loulou (Depardieu), que tem uma moto e não tem emprego, nem se preocupa muito com isso, e anda com companhias pouco recomendáveis. Huppert mostra-se perfeitamente à vontade neste filme em que Pialat exercita a sua modalidade de realismo “feio e rude”, e é totalmente convincente na mulher de classe média que abdica de uma vida de conforto e da segurança, para seguir um homem que representa tudo aquilo com que ela não se deveria identificar.

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‘Uma Questão de Mulheres’, de Claude Chabrol (1988)

Huppert ganhou a Taça Volpi de Melhor Actriz no Festival de Veneza com esta nova colaboração com Claude Chabrol. Ela é aqui Marie Latour, uma mulher que vive precariamente na França ocupada durante a II Guerra Mundial, com dois filhos e um marido doente, e que descobre que pode ganhar dinheiro a fazer abortos a mulheres engravidadas por soldados alemães, e depois, a alugar quartos a prostitutas. Isabelle Huppert personifica Marie como uma mulher directa e pragmática, e uma sobrevivente nata, mais interessada em conseguir manter a família à tona, do que em se interrogar sobre a moralidade dos seus actos.

‘La Séparation’, de Christian Vincent (1994)

Nunca exibido comercialmente em Portugal, este filme conta a história da desintegração doméstica e sentimental de um casal, Anne e Pierre, que tem um filho pequeno, interpretado por Isabelle Huppert e Daniel Auteuil. E não só a relação entre ambos está a chegar ao fim do prazo de validade, como Pierre descobre que Anne anda a ver outro homem. Huppert é magnífica na forma elíptica mas expressiva como sinaliza o desconforto que sente na sua relação com Pierre, rejeitando a mão que ele lhe estende no cinema ou não lhe retribuindo os olhares. Com ela, menos é sempre mais, e qualquer impressão de ausência é apenas aparente.

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‘A Cerimónia’, de Claude Chabrol (1995)

Este é para muitos o melhor filme de todos que Claude Chabrol e Isabelle Huppert fizeram juntos, a adaptação de um livro da escritora policial inglesa Ruth Rendell, Sentença em Pedra. Huppert é Jeanne, uma empregada dos correios de uma cidadezinha francesa que influencia uma criada analfabeta (Sandrine Bonnaire) a vingar-se dos seus patrões. A Jeanne de Huppert é uma mulher aparentemente vulgar, mas que esconde uma personalidade psicopata, que se deleita na sangrenta “assistência” que dá á amiga, e que para ela é como se de um mero divertimento se tratasse, tal é o à-vontade e o desprendimento com que a ajuda a planear o crime e a executá-lo.

‘A Pianista’, de Michael Haneke (2001)

Segundo prémio de Melhor Actriz em Cannes para Isabelle Huppert, que nesta adaptação ao cinema do livro da escritora austríaca Elfriede Jelinek, vai onde muito poucas actrizes de hoje se atreveriam a ir. Ela é Erika, uma professora de piano solteirona, que ainda vive com a mãe, e cuja aparência discreta e modo severo escondem uma personalidade masoquista, voyeurista e com tendências auto-mutiladoras, uma consumidora de pornografia incapaz de ter uma relação sentimental e sexual convencional com um homem. É um papel que redefine a noção de “ousado” para uma actriz, e que Huppert interpreta mostrando o sofrimento que se pode esconder por trás da perversão.

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‘Ela’, de Paul Verhoeven (2016)

Ela é Michèle, uma empresária de jogos de vídeo que é violada em sua casa por um mascarado. Mas em vez de reagir como manda a convenção nos filmes, Michèle encara o sucedido com uma calma sobrenatural e vai tentar descobrir a identidade do violador. E quando a descobre, começa a jogar com ele um jogo perigoso, porque a sua sexualidade é tão ou mais doentia do que a dele. O papel de Michèle é feito á medida para a aventurosa Isabelle Huppert, que a incarna com um desprendimento desconcertante e uma amoralidade calculista, reduzindo a pó os estereótipos da mulher como vítima passiva, soluçante e carente de protecção masculina que o cinema estabeleceu e cultiva habitualmente.

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