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Cry Macho, la nueva película de Clint Eastwood
Foto: Cortesía Warner Bros. Pictures

Os melhores filmes de 2021

Após meses sem estreias por causa do confinamento, os filmes voltaram aos cinemas. Eis os nossos melhores de 2021.

Escrito por
Eurico de Barros
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Devido à pandemia e ao confinamento, e tal como havia sucedido no ano passado, 2021 foi um ano atípico para o cinema, com as salas encerradas durante vários meses. Mas os cinemas estão de novo abertos e as estreias sucedem-se em grande número todas as semanas, como que para compensar a ausência de filmes durante tanto tempo. Eis a nossa selecção dos melhores títulos estreados em mais um ano truncado, destacando-se vários documentários, como Be Natural – A História Nunca Contada de Alice Guy Blaché, de Pamela B. Green, ou Funeral de Estado, de Sergei Loznitsa.

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Os melhores filmes de 2021

'Undine', de Christian Petzold

Um filme fantástico em cenário realista e contemporâneo, a Berlim de hoje, com uma dose de romantismo fatalista bem germânico. Undine (Paula Beer), uma ninfa do rio Spree que trabalha na Câmara Municipal da cidade, e Christoph (Franz Rogowski), um mergulhador industrial, conhecem-se e apaixonam-se. Será que ela irá escapar à maldição que pesa sobre as criaturas da sua espécie quando se envolvem amorosamente com um humano? Christopher Petzold dispensa o espectáculo de efeitos digitais, e cultiva o maravilhoso ancestral com roupagens de hoje, singeleza e um lirismo discreto, na escrita, na câmara e na interacção das personagens.

'Mais uma Rodada', de Thomas Vinterberg

Thomas Vinterberg recebeu o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro por este filme que escreveu com Tobias Lindholm. Quatro professores de um liceu dinamarquês decidem, às escondidas de toda a gente, fazer uma experiência em que consomem uma determinada dose de bebidas alcoólicas diariamente, verificando depois o seu efeito a nível profissional, social e familiar. Mas um dia, perdem o controlo e as suas vidas derrapam, umas de forma mais trágica do que outras. O imponente e brilhante Mads Mikkelsen lidera esta comédia dramática sobre os prazeres e os perigos da bebida, que não é facilmente moralista ou banalmente irresponsável, nem oferece soluções confortáveis ao espectador.

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'Caros Camaradas!', de Andrei Konchalovsky

No dia 2 de Junho de 1962, na cidade industrial de Novocherkassk, na URSS, agentes do KGB dispararam sobre os operários locais que tinham entrado em greve e se manifestavam contra a falta de comida, a subida dos preços e os cortes no salários, deixando mais de 25 pessoas mortas e quase 90 feridas. Andrei Konchalovsky reconstitui os acontecimentos de forma avassaladora, e do ponto de vista de Lyuda (Julia Vysotskaya, mulher do realizador), uma fiel militante e quadro do partido, cuja filha se manifestava e desapareceu na confusão, mostrando o colapso das suas convicções perante as implacáveis e brutais evidências do totalitarismo comunista. Em Caros Camaradas!, o instinto maternal triunfa sobre a convicção ideológica.

'Minari', de Lee Isaac Chung

EUA, anos 80. Uma família coreana-americana, os Yi, muda-se de uma grande cidade para o interior do Arkansas nos anos 80, onde Jacob Yi, o pai (Steven Yeuen) quer concretizar a sua ideia do Sonho Americano: ser agricultor. Escrito pelo realizador, Lee Isaac Chung, este filme semi-autobiográfico é subtilmente evocativo, terno e impressionista, reservado nas palavras e poupado nos rasgos dramáticos. As interpretações são todas óptimas, desde o pequeno Alan S. Kim em David, o filho mais novo, à veterana Yuh-Jung Soon, merecidíssima vencedora do Óscar de Melhor Actriz Secundária, na figura da avó desconcertante e saborosamente anti-convencional, que gosta de ver luta-livre na televisão mas também mantém vivas as tradições.

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'Be Natural – A História Nunca Contada de Alice Guy Blaché', de Pamela B. Green

Jodie Foster narra este exaustivo, entusiasmado e entusiasmante documentário sobre a francesa Alice Guy-Blaché, a primeira mulher a realizar um filme, em 1896, a ser directora de produção de um estúdio (a Gaumont, em Paris) e a fundar e liderar uma produtora (a Solax, em Nova Jérsia, nos EUA, em 1910) juntamente com o marido, Herbert Blaché, e um sócio, George A. Magie, quando a região de Nova Iorque era o coração da indústria das imagens em movimento na América. Green destaca a personalidade, o pioneirismo, o talento e a modéstia desta mulher que durante algumas décadas após se retirar, no início dos anos 20, depois da falência da Solax, esteve esquecida dos livros e das histórias do cinema, e os seus filmes eram atribuídos a outros. Este documentário faz-lhe plena justiça.

'Colectiv – Um Caso de Corrupção', de Alexander Nanau

A corrupção é um tema recorrente no novo cinema romeno pós-comunismo (recorde-se O Exame, de Cristian Mungiu), e em Colectiv – Um Caso de Corrupção, de Alexander Nanau, é o documentário a tratar dela, através da crónica da investigação feita pelo maior diário desportivo do país. Após um incêndio numa discoteca de Bucareste em 2015, a Colectiv do título, que causou muitos mortos e feridos, uma equipa de jornalistas da Gazeta Sporturilor foi procurar a razão da morte, nos meses seguintes, de vários dos feridos que estavam internados, descobrindo uma fraude com os desinfectantes usados nos hospitais do país, que por sua vez revelou uma chocante rede de corrupção envolvendo médicos, enfermeiros, políticos, professores e mafiosos, e levou à queda do governo. Um filme sobre o papel fundamental de uma comunicação social livre, independente e corajosa nas nossas sociedades.

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'Funeral de Estado', de Sergei Loznitsa

O realizador ucraniano Sergei Loznitsa levou a cabo um aturado trabalho sobre found footage oficial da antiga URSS para concretizar este documentário sobre as exéquias de Estaline, em Março de 1953. Loznitsa trabalhou sobre imagens de um filme, O Grande Adeus, que nunca estreou por causa da luta pelo poder no seio do Politburo que se seguiu à morte do ditador comunista, e outras feitas então por cerca de 200 directores de fotografia por toda a URSS, captando as homenagens do povo nos campos , aldeias e fábricas. Funeral de Estado é um notável e sinistro documento sobre a encenação do luto e da dor a nível nacional, e a omnipresença da propaganda numa sociedade concentracionária, onde nada está fora do alcance estatal.

'Cry Macho – A Redenção', de Clint Eastwood

Aos 91 anos e com estatuto de lenda viva do cinema, Clint Eastwood filma aqui uma história passada na década de 80 como se ainda lá estivesse, mas nunca se esquecendo da sua idade avançada. Ele é Mike Milo, um ex-campeão de rodeos texano que passou por tempos difíceis após uma queda de um cavalo lhe ter acabado com a carreira, e perdido a mulher e o filho num acidente de carro. O antigo patrão, que o salvou do pior, pede-lhe para ir ao México buscar o filho de 13 anos, que vive com a mãe, que o negligencia e maltrata. Mike consegue convencer o miúdo a vir com ele, acompanhado de Macho, o galo de combate deste. Cry Macho – A Redenção é uma obra de uma exemplar serenidade, feita de pequenos acontecimentos, emoções contidas, gestos discretos e planos límpidos, livre de moralismo, sentimentalismo e lugares-comuns de “lições de vida”, num sentido ou no outro. Eastwood interpreta com a mesma contenção eloquente com que realiza e, a certa altura, até anda a cavalo. Uma vez cowboy, sempre cowboy.

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'Roda da Fortuna e da Fantasia' de Ryusuke Hamaguchi

Um trio de histórias que, além da ressonância emocional das situações humanas que o realizador apresenta nelas, têm em comum a importância fulcral, activa e reveladora da palavra, o recurso narrativo à coincidência, ao mal-entendido, ao acaso e ao lapso, e ainda uma serenidade no contar, e uma discreta elegância e delicadeza visual. E tudo passado sempre num enquadramento do mais banal e reconhecível dia-a-dia.

'Licorice Pizza' de Paul Thomas Anderson

O realizador de Magnólia assina aqui o filme mais divertido e irresistivelmente desengonçado do ano, passado no Vale de San Fernando, em Los Angeles, nos anos 70. Gary Valentine (Cooper Hoffman), um finalista do secundário, jovem actor e fura-vidas, apaixona-se por Alana Kane (Alana Haim), mais velha que ele. Enquanto jogam um cabo-de-guerra amoroso, metem-se ambos numa série de peripécias aleatórias, desconcertantes e hilariantes.

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'A Mão de Deus' de Paolo Sorrentino

Único filme desta lista estreado apenas em streaming (na Netflix), A Mão de Deus é profundamente autobiográfico, e de uma lhaneza formal e emocional tocante. Sorrentino evoca a sua juventude na Nápoles da década de 80, quando Diego Maradona foi jogar para o clube local, a sua família patusca, a tragédia que o deixou e aos irmãos órfãos, e a sua decisão de ser cineasta. A sombra de Fellini paira sobre A Mão de Deus e o mestre até faz uma aparição.

Os melhores filmes de sempre

Os 100 melhores filmes de terror de sempre
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O cinema de terror é monstruoso. Destratado, incompreendido e alvo de virulentos ataques críticos, consegue ainda assim andar para a frente, deixado um rasto de destruição no seu caminho. A verdadeira questão é: quais são os melhores filmes de terror? Depois de consultarem um painel de actores, realizadores, argumentistas e fãs do género, os críticos da Time Out elegeram os 100 melhores filmes de terror de sempre. 

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Qualquer lista de melhores filmes de comédia de sempre é discutível (mas qual é que não é?), que isto do humor varia muito de pessoa para pessoa. Então como é que se escolhem os melhores? Com seriedade e abrangência. Mais concretamente, falando com peritos, desde cómicos a actores, realizadores e escritores.

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Cinquenta dos melhores filmes clássicos de sempre
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Comédias e westerns, policiais e melodramas, ficção científica e fantástico, sem esquecer o musical, há de tudo nesta lista de melhores filmes clássicos. São 50 fitas mas podiam ser mais, e este pode ser também o início de uma colecção de grandes obras do cinema mundial em DVD. Ou ainda uma lista para orientação no YouTube, onde se encontram vários destes títulos em boas cópias.

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