A Semente do Figo Sagrado
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Os melhores filmes de 2025 até agora

Com o Verão a meio, demos por nós a fazer um balanço do que já vimos no cinema este ano. Estes são os melhores filmes estreados em 2025 em Portugal.

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Com o calor do Verão a intensificar-se, aproveitámos o tempo à sombra para fazer os primeiros balanços do ano. E como não resistimos a uma boa lista fomos vasculhar entre as estreias de cinema a que Portugal já assistiu em 2025 e escolhemos os filmes que mais se destacaram até ao momento. Entre longas-metragens vindas do Irão, da China, da Roménia ou de França, de realizadores consagrados e de estreantes, nos géneros mais variados, do terror ao romance, da animação ao suspense, estes são os melhores filmes de 2025 até agora (dois dos quais que já estão no streaming).

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Os melhores filmes de 2025 até agora

  • Filmes
  • Drama
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Vencedor do Prémio Especial do Júri no Festival de Cannes e nomeado ao Óscar de Melhor Filme Internacional, o novo filme do iraniano Mohammad Rasoulof (O Mal Não Existe) foi rodado clandestinamente, e o cineasta está agora refugiado na Alemanha, após ter sido condenado a oito anos de cadeia e a ser chicoteado pelas autoridades do seu país (já tinha estado preso antes, mas a pena foi perdoada).

Iman, chefe de uma família da classe média de Teerão e jurista, é nomeado juiz de investigação, com poder para assinar sentenças de morte, durante os protestos de Setembro de 2022, desencadeados pela morte da jovem Mahsa Amini quando estava sob custódia policial. A arma que foi distribuída a Iman para protecção, e que guarda no quarto, desaparece, o que pode levar à sua demissão e queda em desgraça, e ele começa a suspeitar da mulher e das duas filhas, e torna-se cada vez mais desconfiado e paranóico, criando uma atmosfera insuportável em casa. Até que, por sugestão de um colega, obriga a mulher e as filhas a serem submetidas a um interrogatório, feito por um amigo do casal, militar e membro dos serviços secretos.

Por meio desta história, Rasoulof mostra os efeitos do regime teocrático repressivo sobre as famílias iranianas, e a forma como estas repercutem no seu interior o funcionamento dos mecanismos do poder político-religioso, e a submissão total e lealdade inquestionável que exigem. Mas também como estão a dividir as gerações e a causar atritos crescentes e rupturas violentas entre os seus membros, o que é ilustrado pela reacção das filhas de Iman, sobretudo a mais velha, aos acontecimentos nas ruas e ao comportamento do pai, ao mesmo tempo que a mãe tenta ser um elemento moderador entre o marido e aquelas.

As interpretações são todas excelentes e a tensão crescente é controlada com punho sempre firme pelo realizador, até o filme chegar a um clímax inesperado, e o único reparo que podemos fazer a A Semente do Figo Sagrado é o ser demasiada e desnecessariamente demonstrativo, sobretudo pelo repetido recurso a imagens dos tumultos feitas por participantes ou testemunhas nos seus telemóveis e depois divulgadas nas redes sociais.

  • Filmes
  • Terror
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

O versatilíssimo e incansável Steven Soderbergh envereda agora pelo terror em A Presença, onde filma uma família de quatro pessoas que se instala na sua nova casa nos subúrbios de uma grande cidade, que tem cem anos mas foi renovada recentemente. A mãe, Rebekah, trabalha muito e adora o filho, Tyler, um nadador de competição, e o pai, Chris, tem que lembrar à mulher, que o domina, que não ela pode desprezar a filha adolescente, Chloe, deprimida após a morte da melhor amiga com uma overdose. Dos quatro, apenas Chloe sente, e logo desde que lá entra, uma presença sobrenatural na casa. O pai, a mãe e o irmão começam por pensar que a rapariga está psiquicamente perturbada com a morte da amiga, mas quando todos testemunham, certa noite, uma manifestação assustadora, convencem-se que existe mesmo um espectro na casa. Decidem então chamar uma vidente, que lhes dá a melhor, embora vaga, explicação sobre a assombração, mas o ambiente em casa, e entre os pais e os filhos, piora ainda mais desde aí.

Baseando-se em algo insólito que aconteceu na sua própria casa em Los Angeles, Steven Soderbergh entregou o argumento de A Presença ao prestigiado David Koepp com quem já tinha trabalhado antes, e rodou a fita no seu melhor estilo independente, poupadinho e “portátil”: em menos de um mês, quase toda no mesmo cenário, usando uma câmara Sony barata e equipada com uma lente adequada à ideia visual que orienta o filme (o realizador foi também o director de fotografia, operador de câmara e montador), sem efeitos especiais e um orçamento de apenas dois milhões de dólares. Dois detalhes importantes e originais: a história de A Presença é contada do ponto de vista do fantasma, e assim Soderbergh e Koepp dão uma grande volta ao cliché da família que se muda para uma velha casa que foi remodelada e é assombrada; e o espectro, ao contrário do habitual, é benigno e não maligno.

Steven Soderbergh despacha-se, e muito bem, em apenas 85 minutos, sem lançar mão de sustos ou de sobressaltos, confiando apenas na atmosfera de crescente tensão e incómodo que se vive na casa, a par do clima de gradual dissolução familiar, e convém ter tido atenção às palavras da vidente quando visitou a casa para entendermos a explicação final. Não há muitos ghost movies contados da perspectiva das entidades fantasmagóricas, e A Presença faria uma sessão dupla ideal com Os Outros, de Alejandro Amenábar.

Disponível na Filmin

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  • Filmes
  • Animação
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Prémio do Júri e do Público no Festival de Annecy, Globo de Ouro de Melhor Filme de Animação e candidato ao Óscar de Melhor Longa-Metragem de Animação, Flow – À Deriva é realizado pelo letão Gints Zilbalodis, e um dos melhores filmes do género dos últimos anos. Passa-se num mundo futuro decadente de onde os humanos desapareceram e só os animais sobreviveram, e que é assolado por gigantescas inundações. Um solitário gato que vive na casa que pertenceu ao dono, um artista (há desenhos e esculturas de felinos por toda a parte, até no jardim) encontra refúgio num barco onde se vão juntar uma capivara, um cão, um lémure e um pássaro secretário, que para sobreviver vão ter que juntar esforços e esquecer as suas divergências.

Tal como na sua longa-metragem anterior, Away – A Viagem (2019), Zilbalodis conta esta história de amizade e entreajuda por meios visuais e musicais, já que os animais protagonistas são escassamente antropomorfizados, não falam e os sons que emitem correspondem a equivalentes seus reais, que a equipa do filme gravou para o efeito (com excepção da capivara, que tem a “voz” de um camelo bebé), o que os torna mais autênticos e menos “desenhos animados”. E logo mais próximos de nós em termos emocionais, de empatia e de envolvimento nas peripécias da aventura aquática do gato individualista e que odeia água, e dos seus companheiros.

O realizador cita influências tão díspares como os filmes do Senhor Hulot, de Jacques Tati, ou a série de animação japonesa Conan, o Rapaz do Futuro, de Hayao Miyazaki e Hajime Satô (1979), mas este filme profundamente deslumbrante, sereno e expressivo (apesar de “mudo”), uma fábula sem conclusão moral atrelada nem peso demonstrativo e que não dispensa o humor, passado num cenário pós-apocalíptico de devastação mas apresentando uma envolvência místico-onírica, aguenta-se por si – e como! – estética, formal e narrativamente, sem precisar que o refiramos a outras fitas, animadas ou não.

Gints Zilbalodis disse ainda que, em Flow – À Deriva, ele é como o gato da história, porque após ter feito Away – A Viagem totalmente sozinho, teve que trabalhar aqui com uma equipa. A experiência da personagem felina é, assim, associada à do seu criador. Que para completar o círculo, a baseou no seu gato de estimação.

  • Filmes
  • Romance
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Nascida em Nápoles nos anos 50, Parthenope é uma mulher que tem o nome clássico da sua cidade, e da sereia da mitologia que o inspirou. O também napolitano Paolo Sorrentino, autor de A Grande Beleza e A Mão de Deus, dá-lhe aqui os traços da belíssima estreante Celeste Dalla Porta na juventude, e de Stefania Sandrelli na idade adulta, acompanhando a sua busca pelo amor e pela felicidade nos longos verões de Nápoles. Sorrentino usa Parthenope não só como a personagem principal desta história, mas também como uma emanação feminina da cidade, e uma guia do espectador para a mesma e para a sua identidade colectiva, reflectindo a relação complexa que o próprio realizador tem com Nápoles.

O gosto de Paolo Sorrentino pelas alegorias e pelo grotesco, e as influências de Fellini, manifestam-se também em Parthenope, em que o autor de A Grande Beleza medita também, usando a protagonista como mediadora, sobre a brevidade gloriosa da juventude, a inevitabilidade da passagem do tempo e o poder avassalador da beleza, que a heroína, aliás, nunca usa em seu favor. Apesar de, tal como o seu filme anterior, o autobiográfico e terra-a-terra A Mão de Deus, se passar também em Nápoles, Parthenope está em tudo nos antípodas deste, e por isso poderá mesmo fazer torcer o nariz a alguns admiradores e defensores de Sorrentino.

Gary Oldman tem uma pequena participação no papel de John Cheever, o escritor favorito de Parthenope.

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  • Filmes
  • Suspense
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Escrito por David Koepp, que também assinou o argumento de A Presença, Black Bag é um thriller de espiões interpretado por Michael Fassbender, Cate Blanchett, Pierce Brosnan, Tom Burke e Naomie Harris.

Kathryn Woodhouse, uma agente secreta inglesa, é suspeita de traição. O seu marido, George, também ele agente, enfrenta o derradeiro teste: ser leal ao casamento ou ao país que jurou servir. Mas será que ela é culpada, ou estarão ambos a ser enganados pelo verdadeiro traidor? É que há mais quatro suspeitos, todos eles colegas de serviço de George e Kathryn, e visitas de casa.

Soderbergh pega no formato tradicional do spy movie e em todos os seus componentes e roda uma fita de grande entretenimento, um superior divertissement de espionagem, com 80% de John Le Carré e 20% de James Bond, seguindo à risca o caderno de encargos do género, mas com a indispensável voltinha na ponta no final. Ao mesmo tempo, faz o elogio do casamento perfeito, através do casal protagonista e da sua relação doméstico-profissional. E tudo sem conversa fiada nem tempos mortos, sem palha nem teorias geopolíticas, e em civilizada hora e meia.

Fassbender e Blanchett são um regalo a interpretar o casal de espiões que se entendem em tudo, seja em casa, seja no trabalho, e Pierce Brosnan diverte-se a fazer uma personagem nos antípodas de 007.

Disponível na Apple TV+

  • Filmes
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Esta comédia dramática de Emmanuel Courcol foi um dos grandes sucessos populares em França em 2024, tendo também, coisa rara, sido plebiscitada por toda a crítica. É a história de um famoso maestro, Thibaut Desormeaux (Benjamin Lavernhe) que foi diagnosticado com leucemia e descobre que é adoptado e tem um irmão mais velho, Jimmy (Pierre Lotin), na vila mineira do Norte de França onde ambos nasceram. Jimmy trabalha na cantina da escola, tem também o dom da música, toca trombone na banda local e foi adoptado por um casal de lá.

Thibaut precisa de um transplante de medula e Jimmy é compatível com ele, e a operação faz-se com sucesso. Agradecido, e sentindo um complexo de culpa pelo facto de os seus pais adoptivos não terem levado também Jimmy para Paris, privando-o assim de uma carreira musical tão brilhante como a dele, Thibaut propõe-se ajudá-lo, e à banda da terra, a ganhar o concurso de bandas da região.

História de um encontro de irmãos que desconheciam a existência um do outro, e de um reconhecimento familiar tardio, ao som de música, Siga a Banda! é também a história do encontro entre dois mundos musicais muito diferentes, mas que têm afinidades naturais, a exemplo de Thibaut e Jimmy, daí que ouçamos Mozart, Verdi, Beethoven ou Ravel, mas também Benny Golson, Lee Morgan, Charles Aznavour e Dalida. E é igualmente a prova de que o cinema francês ainda consegue fazer filmes populares de qualidade, bem acolhidos por público e crítica.

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  • Filmes
  • Drama
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Depois de dez anos na prisão, Lang (Eddie Peng) regressa à sua remota cidade natal, no noroeste da China, agora muito degradada e que vai ser demolida em grande parte para dar lugar a um complexo de fábricas, no âmbito do esforço de desenvolvimento nacional quando dos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008. Lang apenas arranja emprego a apanhar cães vadios e abandonados, que estão por toda a cidade, e acaba por ficar com um cão preto que o mordeu e pelo qual havia uma grande recompensa, após ter estado isolado com o animal para evitar a eventual propagação do vírus da raiva. E desenvolve-se uma amizade entre eles.

Há toda uma vasta filmografia sobre os laços e o companheirismo entre o homem e o cão, e a lealdade, a fidelidade e mesmo o espírito de sacrifício que decorrem deles, e Cão Preto, de Guan Hu, vai mesmo lá para o topo da lista. Além de contar a lacónica mas tocante história da ligação entre o solitário e individualista Lang, e o animal igual a ele em feitio que adopta, e que é o seu correlativo canino, Hu recria também, na desolada cidade em que se passa o enredo, um momento fulcral da história colectiva recente da China, longe da fachada de optimismo propagandístico e de auto-congratulação estridente do Estado central e do Partido Comunista. E fá-lo harmonizando um realismo áspero e uma fantasia de recorte surreal, com uma câmara de vistas amplas que capta e incorpora na narrativa a vastidão esmagadora das paisagens da região, remetendo quer para os westerns e para os road movies do cinema ocidental, quer para a tradição do filme épico, de aventuras e histórico chinês.

Cão Preto ganhou a secção paralela Un Certain Regard do Festival de Cannes 2024 e, para rematar com final feliz fora da tela, o actor Eddie Peng ficou com o cão após a rodagem. 

  • Filmes
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Vencedor do Grande Prémio do Júri no Festival de Veneza, e candidato pela Itália à nomeação ao Óscar de Melhor Filme Internacional, Vermiglio, escrito e realizado por Maura Delpero, passa-se entre 1944 e 1945, na remota vila montanhosa do título, à qual chegam certo dia dois desertores do exército transalpino, que ali se refugiam, dividindo as opiniões dos locais: alguns, apoiam o que eles fizeram, outros, reprovam a sua fuga ao dever. Um dos soldados, siciliano, envolve-se amorosamente com a filha mais velha do respeitado professor local, Cesare, que tem uma família numerosa. Engravida-a e casam-se, mas a guerra acaba entretanto e o rapaz tem que regressar à sua Sicília natal para regularizar a sua situação militar.

Maura Delpero remete para o cinema dos irmãos Taviani, e muito especialmente de Ermanno Olmi, com este filme em que recria meticulosa e placidamente, sem pressupostos político-“sociológicos”, e com uma reserva emocional que não impede a empatia com as personagens, o quotidiano de uma distante comunidade rural italiana nos meados da década de 40 e finais da II Guerra Mundial, e a vida dos membros de uma família que faz parte daquela, os Graziadei, cada qual uma pequena história em si.

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  • Filmes
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Realizado em estreia nas longas-metragens por Bogdan Muresanu, este filme faz-nos recuar à Roménia de perto do Natal de 1989, quando o regime totalitário de Nicolae Ceausescu foi derrubado pela fúria popular em Bucareste. O realizador adopta o ponto de vista de uma série de personagens anónimas cujas vidas se cruzam e assistem, ou participam decisivamente, no caso de uma delas, na queda do “Conducator”.

Prémio de Melhor Filme na secção paralela Orizzonti do Festival de Veneza de 2024, e extensão de uma curta realizada por Muresanu em 2018, The Christmas Gift, O Ano Novo que Não Aconteceu está na linha de fitas anteriores sobre o mesmo tema de outros realizadores romenos, como 12:08 a Este de Bucareste, de Corneliu Porumboiu (2006), The Paper Will be Blue, de Radu Muntean (2006), ou o mais recente Libertate, de Tudor Giurgiu (2023).

Com a particularidade de ter uma forma “coral”, de cruzar várias personagens na mesma narrativa, que se conhecem com maior ou menor intimidade, são apenas vizinhos ou nunca se viram, de contemplar um registo finamente controlado na harmonização de drama e comédia, e de acabar precisamente quando a revolta popular se inicia, concluindo com imagens de arquivo da queda do comunismo romeno nas ruas, e a libertação dos principais protagonistas das várias situações difíceis em que se encontravam. O Ano Novo que Não Aconteceu é um dos melhores filmes sobre este momento inesquecível da história contemporânea da Roménia.

  • Filmes
  • Drama
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Marianne Jean-Baptiste é a principal intérprete da nova realização do britânico Mike Leigh, no papel de Pansy, uma dona de casa londrina que está muito longe de ser feliz, é atormentada por toda uma série de fobias e de pequenas paranóias, embirra violenta e amargamente com tudo e todos, e tem conflitos constantes com o muito paciente marido, que trabalha como canalizador, e com o filho, que passa o dia a preguiçar e se sente esmagado e tolhido por ela. Já a sua irmã Chantelle (Michele Austin), mãe solteira, é completamente diferente de Pansy em tudo. Leva uma vida estável e organizada, é dona de um próspero cabeleireiro e as filhas têm bons empregos.

Leigh não dirigia Marianne Jean-Baptiste desde Segredos e Mentiras (1996), e tira aqui dela uma interpretação notável de intensidade agressiva e de azedume em jacto contínuo, fazendo dela o oposto polar da sempre alegre e militantemente optimista Poppy de Sally Hawkins em Um Dia de Cada Vez (2008). Onde aquela é solar e o filme exuberante, Pansy é sombria e Verdades Difíceis crispado. Mike Leigh não nos decifra esta intragável personagem – decerto a mais problemática e antipática das várias deste tipo que já filmou, ficcionais ou reais –, embora no final deixe no ar algumas vagas pistas que poderão ajudar; nem nos pede compaixão para ela (temos pena é dos familiares, dos conhecidos e dos estranhos que ela atormenta e destrata ao longo da fita…) ou trata como um estereótipo de melodrama ou tragicómico, abstendo-se ainda de qualquer grande revelação emocional ou catarse libertadora final para Pansy.

Verdades Difíceis é um filme de personagens complexas e “difíceis” como Mike Leigh as sabe conceber, sempre em estreita, longa e elaborada colaboração com os intérpretes, contemplando também aquele naturalismo profunda mas discretamente verosímil em tudo, dos ambientes e diálogos às personagens, e à forma como vivem e se relacionam umas com as outras, que só o realizador de Raparigas de Sucesso, Topsy – Turvy ou Peterloo consegue construir, encenar e filmar no cinema contemporâneo. Este foi também o último trabalho do director de fotografia Dick Pope, que morreu após a sua conclusão.

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  • Filmes

Farto de não fazer ideia do que falam os cinéfilos à volta? Cansado de se perder em referências desconhecidas quando se fala de cinema? A Time Out quer resolver esse problema.

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