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Oh La La Maison: uma casa de família em São Miguel

Uma antiga casa de família que é agora uma casa para todas as famílias. Fomos a Lagoa, em São Miguel, conhecê-la e aprendemos a jogar cróquete.

Escrito por
Ágata Xavier
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O que têm em comum a Rainha de Copas da Alice no País das Maravilhas, a famosa casa dos youtubers (ou será antiga casa dos youtubers?) e a Bauhaus (o estilo arquitectónico, não a banda)? Aparentemente nada, sobretudo quando cada um pertence a um século diferente. Mas chegados à La Maison, um alojamento local em Ponta Delgada, todas essas referências surgem de uma assentada.

 

Logo na entrada, ainda antes de se conseguir ver a casa, há um campo de cróquete, o desporto favorito da monarca inventada por Lewis Carroll – os adversários tinham de deixá-la ganhar para não correrem o risco de ficar sem cabeça. Conta-se que as famílias mais abastadas de São Miguel têm todas um campo destes no jardim, uma tradição trazida pelos ingleses, que intercalavam a prática desportiva com o típico chá das cinco. Ora há uma coisa destas à chegada, com os tacos no interior da residência e as regras na Wikipédia.

Passemos depois para a segunda ideia: aqui há uns tempos anunciou-se que vários youtubers iriam morar juntos numa casa milionária na Margem Sul do Tejo. Quem está no corredor da La Maison, ainda sem ver o que aí vem, poderia julgar que está a entrar num vídeo desses pequenos mobilizadores de massas ou prestes a gravar um videoclipe de uma qualquer estrela de Los Angeles. Mas bom, dando mais uns passitos, o cenário muda de figura. Há janelas rasgadas de uma ponta à outra da parede, estruturas modulares a formarem a sala, a cozinha, a zona de refeição e quatro quartos (onde cabem oito pessoas), todos com acesso directo à piscina. A cor não podia ser outra, o branco, e o ornamento exterior é inexistente, daí a referência à escola criada por Ludwig Mies van der Rohe, Walter Gropius e restante cambada modernista.

A decoração é simples, com peças de madeira em destaque, assim como o macramé de Diana Cunha, da Oficina 166. No exterior, há um escorrega para crianças (ou adultos maneirinhos) e um fire pit (uma lareira, diria Camões) onde pode passar horas à conversa, sobretudo ao anoitecer.

A La Maison é uma casa, como indicam as noções de francês elementar, que já foi a habitação de João e Catarina Reis, os donos do Santa Bárbara Eco-Beach Resort e do White Exclusive Suite & Villas, o primeiro na Ribeira Grande e o segundo em Lagoa. É neste último, aliás, que pode tomar o pequeno-almoço ou mergulhar na piscina infinita com vista para o Atlântico, sempre que quiser (fica a apenas 50 metros de distância da La Maison). Também pode esperar que um chef lhe prepare o almoço ou o jantar em casa (estes serviços são sempre pagos à parte e o pequeno-almoço é um extra da época alta).

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Quando lá fomos, Vasco tomava conta da grelha. O chef que já trabalhou com Vítor Sobral e Miguel Castro e Silva, garantia que as brasas estavam à temperatura certa para cozinhar vejas (um peixe que se encontra facilmente nos Açores e na Madeira e que nos faz pensar em secções infantis de supermercado: os machos são azuis, as fêmeas são rosadas). Foi ele quem serviu o tártaro de atum com maçã e ananás dos Açores, uma espetada de camarão e lulas, as vejas com molho vilão, acompanhadas por chucrute com ananás e bacon e o brownie de batata doce com gelado de lima. Na manhã seguinte, o pequeno-almoço estava na mesa. “É mesmo uma extensão do White, mas com a comodidade da privacidade total: aqui a casa está toda à disposição”, diz João Almeida, guest relations dos hotéis da família Reis. Faltou apenas dizer o melhor: além de ter uma piscina aquecida, a La Maison está a cinco minutos da praia.

Para comer
Pode lá chegar de carro, a pé ou de barco: a Ponta do Garajau, na Ribeira Quente, serve os melhores petiscos açorianos. Estão lá as típicas lapas grelhadas (14,50€), tanto as escuras como as amareladas, o bodião grelhado, chicharros fritos (10,50€), boca negra grelhado ou frito (16€), alfonsim grelhado (15€), lírio grelhado (16€) ou atum braseado (16€). Acompanhe com um vinho insular ou com uma Kima de maracujá. Não saia da ilha sem provar uma queijada de Vila Franca do Campo no Morgado, casa fundada em 1961 que fica junto ao Porto de Vila Franca do Campo.

Para fazer
Dê uma volta pela baixa de Ponta Delgada e espreite algumas das lojas mais bonitas da cidade, como o Louvre Micaelense (que vende peças antigas portuguesas), a La Bamba (com o melhor do design contemporâneo, roupa e álbuns de música escolhidos a dedo), ou a Miolo (uma galeria e livraria onde se mete as mãos à obra, com workshops de impressão). Aproveite para visitar o ilhéu de Vila Franca do Campo (a La Maison organiza tours de barco, o único com motores brancos da ilha, um preciosismo de João Reis, aficionado pelo detalhe; na companhia de João Bravo, um exímio contador de histórias), e mergulhar numa piscina natural única. Em terra, não esquecer a obrigatória visita às lagoas do Fogo e das Sete Cidades.

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