A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar
Sonny Rollins
© Jimmy Katz

11 versões clássicas de “Ev’ry Time We Say Goodbye”

“De cada vez que te despedes/ Há um bocado de mim que morre”, lamenta esta célebre canção de Cole Porter

Escrito por
José Carlos Fernandes
Publicidade

A gala inaugural da revista musical Seven Lively Arts, a 7 de Dezembro de 1944, em Nova Iorque, foi um dos eventos mundanos do ano e o jet set que esteve presente terá esvaziado 300 caixas de garrafas de champanhe. O desempenho de bilheteira desta extravagância concebida pelo empresário Billy Rose não correspondeu ao brilho da gala e aos custos de produção, pelo que a revista acabou por ser cancelada algumas semanas depois, deixando atrás de si elevados prejuízos e uma canção que se tornou famosa: “Ev’ry Time We Say Goodbye”, que foi composta por Cole Porter e estreada em palco por Nan Wynn.

A letra exprime a felicidade por se estar com a pessoa amada e a tristeza quando ela parte: “Quando estás perto, é como se fosse Primavera/ E ouço, algures, uma cotovia a cantar/ Não há mais admirável canção de amor, mas custa-me/ A mudança de maior para menor/ De cada vez que nos despedimos”. A letra seria banal, não fosse Porter ter feito corresponder à partida do ente amado uma mudança de tom maior para tom menor.

Recomendado: Dez versões clássicas de “Over the Rainbow”

11 versões clássicas de “Ev’ry Time We Say Goodbye”

Benny Goodman

Ano: 1944

O grupo do clarinetista Benny Goodman, que actuou na gala inaugural de Seven Lively Arts, foi também responsável pela primeira gravação de “Ev’rytime We Say Goodbye”, a 16 de Novembro de 1944, ainda antes da estreia do musical. O registo contou com Red Norvo (vibrafone), Teddy Wilson (piano), Sid Weiss (contrabaixo) e Morey Feld (bateria) e tem intervenção da cantora Peggy Mann (não confundir com Peggy Lee, que deixara Goodman em 1943).

Esta versão de “Ev’rytime We Say Goodbye” pode ser encontrada em várias compilações, nomeadamente em Benny Goodman: Small Groups 1941-1945 (Columbia/Sony)

Ella Fitzgerald

Ano: 1956
Álbum: Ella Fitzgerald Sings the Cole Porter Song Book (Verve)

Este foi o álbum que inaugurou a histórica série de “Song Books” de Ella para a Verve e foi também o primeiro disco editado pela Verve – a editora que Norman Granz criou para suceder à Clef e à Norgran. O duplo álbum teve arranjos e direcção de Buddy Bregman.

Publicidade

Dinah Washington

Ano: 1956
Álbum: The Swingin’ Miss D (EmArcy)

The Swingin’ Miss D foi o sexto álbum de Dinah Washington (1924-1963) e contou com uma orquestra arranjada, na maior parte das faixas, por Quincy Jones.

Sonny Rollins

Ano: 1957
Álbum: The Sound of Sonny (Riverside)

1957 foi um annus mirabilis na carreira do saxofonista Sonny Rollins, então com 26 anos: estreou-se a actuar no prestigiado Carnegie Hall e gravou três álbuns para a Blue Note – Sonny Rollins vol. 1 e vol. 2 e Newk’s Time –, um para a Contemporary – Way Out West –, outro para a Riverside – The Sound of Sonny – e ainda um split album com Thad Jones na Period. Em The Sound of Sonny contou com Sonny Clark (piano), Percy Heath (contrabaixo) e Roy Haynes (bateria).

Publicidade

Ethel Ennis

Ano: 1957
Álbum: Change of Scenery (Capitol)

A carreira de Ethel Ennis (1932-2019) estendeu-se por mais de cinco décadas – o álbum de estreia, Lullabys for Losers, data de 1955, o derradeiro, Ennis Anyone?, de 2005 – mas a sua discografia, que tem centro de gravidade na viragem das décadas de 50/60, é rarefeita. Change of Scenery tem arranjos de Neal Hefti e contém um “Ev’rytime We Say Goodbye” sensual e com uma clareza de articulação que contrasta com o entaramelamento que aflige um número preocupante de cantores de jazz.

Stan Kenton

Ano: 1958
Álbum: The Stage Door Swings (Capitol)

The Stage Door Swings, com programa centrado em êxitos da Broadway e arranjos de Lennie Niehaus, foi um dos cinco álbuns que Kenton gravou para a Capitol em 1958 e que incluem Back to Balboa, The Ballad Style of Stan Kenton, Lush Interlude e The Kenton Touch.

Publicidade

Jeri Southern

Ano: 1958
Álbum: Warm Intimate Songs in the Jeri Southern Style (Decca)

Warm Intimate Songs, o LP de 10’’ que marcou a estreia da cantora Jeri Southern (1926-1991), contou com o trio do guitarrista Dave Barbour (com piano e contrabaixo) e o título é uma descrição fiel do seu conteúdo. Ressurgiu quatro anos depois, como LP de 12’’, com quatro faixas adicionais e o título Southern Hospitality. A empatia de Southern com Cole Porter seria confirmada em 1959, com o álbum Jeri Southern Meets Cole Porter, com arranjos de Billy May.

John Coltrane

Ano: 1960
Álbum: My Favorite Things (Atlantic)

John Coltrane tornara-se notado no quinteto de Miles Davis em 1956 e fizera, como líder, três discos para a Prestige e um para a Blue Note. O seu crescimento como músico na segunda metade da década de 50 foi fulgurante, pelo que não foi inesperado que em 1960 deixasse Davis para se consagrar à carreira a solo. O primeiro álbum na Atlantic, Giant Steps (gravado em 1959 e editado em 1960), era, com efeito, um passo de gigante e Coltrane Jazz (gravado em 1959-60 e editado em 1961) e My Favorite Things (gravado em 1960 e editado em 1961) confirmaram Coltrane como um dos mais inovadores e ousados jazzmen do momento, com standards como “Ev’ry Time We Say Goodbye” a servirem de ponto de partida para longas e sinuosas improvisações. Coltrane tem neste disco a parceria de McCoy Tyner (piano), Steve Davis (contrabaixo) e Elvin Jones (bateria).

Publicidade

Sarah Vaughan

Ano: 1961
Álbum: After Hours (Roulette)

Numa carreira marcada pela exuberância e pela potência vocal, After Hours é um álbum inesperado: a atmosfera é a que convém à hora tardia aludida no título, com Vaughan em toada contida e subtil, um repertório quase exclusivamente de baladas e acompanhamento restrito à guitarra de Mundell Lowe e ao contrabaixo de George Duvivier.

Illinois Jacquet

Ano: 1964
Álbum: Bosses of the Ballad: Illinois Jacquet and Strings Play Cole Porter (Argo)

O saxofonista tenor Illinois Jacquet (1922-2004), que se estreara a gravar como líder com Illinois Jacquet Collates, em 1951, apresenta aqui um álbum preenchido com composições de Porter e em que o saxofone é acolchoado por uma orquestra de cordas de 19 elementos, com arranjos de Tom McIntosh e Benny Golson.

Publicidade

Julie London

Ano: 1965
Álbum: All Through the Night: Julie London Sings the Choicest of Cole Porter (Liberty)

Num álbum com programa 100% Cole Porter, a cantora Julie London é acompanhada pelo quinteto do saxofonista Bud Shank, com Russ Freeman (piano e arranjos), Joe Pass (guitarra), Monty Budwig (contrabaixo) e Colin Bailey (bateria). “Ev’ry Time We Say Goodbye” é abordada em toada ultra cool e suave e Shank só entra aos 2’45.

Mais versões

Dez versões de “I’ll Remember April”
  • Música
  • Jazz

Abril costuma ser associado a Primavera e ao renascimento da vida, mas nesta balada é tema para um olhar melancólico sobre um amor pretérito. Eis dez versões de um standard favorito dos músicos de jazz.

Publicidade
Dez versões de “It Might As Well Be Spring”
  • Música

Uma das mais extraordinárias canções que fala da Primavera não tem flores a desabrochar nem pássaros a chilrear, porque na verdade não se passa na Primavera. Eis dez leituras superlativas deste delicioso paradoxo.

Recomendado
    Também poderá gostar
    Também poderá gostar
    Publicidade