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A esperança, a hipocrisia e a paródia em 25 canções de Natal

É a playlist perfeita para a quadra natalícia. Com 25 canções de Natal para ouvir até ao dia 25 de Dezembro.

Escrito por
Rui Monteiro
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Há boas canções de Natal? Haver, há, no entanto uma linha muito estreita separa a qualidade da lamechice e o cliché. Há canções que não se podem mesmo evitar. Outras que, quando surgiram, foram uma surpresa. Algumas são porventura uma paródia, uma provocação, vá lá, que é Natal. E as que são capazes de abalar um coração? Dessas, também há umas quantas. A esperança, porém, está presente em quase todas, assim como uma certa e determinada dose de hipocrisia. Afinal é Natal. Eis 25 canções de Natal para ouvir em loop ao longo da quadra.

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1. “White Christmas”

É um lugar-comum, bem sabemos. Um estereótipo, por assim dizer. Mas nem lugares-comuns nem estereótipos nascem do nada e esta canção, escrita por Irving Berlin, em 1942, tem todas as razões e os condimentos que a estabeleceram como "A" canção de Natal. Toda a gente a cantou, desde então, e decerto vai continuar a ser cantada. Bing Crosby foi sempre o seu melhor intérprete (o que não admira, sendo ele um dos melhores cantores de sempre).

2. “Merry Christmas Baby”

A vida artística e pessoal de Ike & Tina Turner foi uma espécie de furacão de ritmo em palco (e violência em casa, que Ike não era bom de assoar), de que são exemplo até as suas canções para a quadra da boa vontade, como esta, infectada por um R&B de boa estirpe. E não falta sequer uma alusão a "Jingle Bells".

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3. “Blue Christmas”

Ninguém escapava, na época de glória da indústria discográfica, à sua gravação de boas-festas. Era uma sina (que aliás se prolonga no tempo, mesmo quando as vacas estão magras) a que Elvis Presley não se esquivou, sem, no entanto, deixar de introduzir um pauzinho na engrenagem.

4. “Back Door Santa”

A canção de Clarence Carter já teve versões de Bon Jovi, The Black Crowes e Jet, para não ir mais longe. Assim, com o tempo, tornou-se um clássico rock de Natal. Contudo, lá no fundo, ainda ecoa a voz de Carter e os blues deste tema sexualmente ambíguo.

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5. “Santa Claus is Comin' to Town”

A voz da classe trabalhadora norte-americana, fiel às suas origens, não podia deixar o Natal em sossego, mas também não queria outro elogio à paz na terra nem contribuir para a febre consumista. Por isso, Bruce Springsteen pegou nesta canção de John Frederick Coots e Haven Gillespie e, com a ajuda da E Street Band, criou um daqueles temas que mais um bocadinho e ia mesmo pela rampa da lamechice abaixo.

6. “River”

Quem, com certeza pelas melhores razões, embirra com o Natal, ou mesmo, nos piores casos, fica ansiosamente agitado até aos Reis, e ainda os que pensam que o último Natal foi uma porcaria, todos têm nesta canção de Joni Mitchell um lenitivo. É verdade, a abertura é uma interpretação melancólica a "Jingle Bells" que não prevê nada de bom, mas logo a partir daí se percebe que esta não é uma viagem pela felicidade, apesar da sua extraordinária doçura e delicadeza. Decerto não por acaso já foram contabilizadas mais de 500 reinterpretações.

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7. “O Come, O Come, Emmanuel”

Sufjan Stevens não se saiu nada mal nesta gravação do cântico religioso "O Come, O Come, Emmanuel", ou não fosse ele um mestre da canção de Natal. Apesar da suavidade da abordagem do banjo e da doçura da flauta de Pan, o cantor e compositor norte-americano aproveita a oportunidade para colocar questões variadas e interessantes sobre a fé e a mortalidade, que também vêm a propósito nesta época.

8. “Have Yourself a Merry Little Christmas”

De regresso aos clássicos, nada melhor do que a extraordinária voz de Frank Sinatra interpretando uma canção que se tornara popular na voz de Judy Garland. Sinatra não foi quem foi por acaso e, nesta versão, a letra é como que baralhada e tornada a dar para se tornar uma espécie de presente embrulhado numa caixa colorida com um belo laço.

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9. “Fairytale of New York”

Quando uma canção começa com "It was Christmas Eve babe/ In the drunk tankAn old man said to me/ 'Won't see another one'/ And then he sang a song/ 'The Rare Old Mountain Dew'/ I turned my face away/ And dreamed about you" está visto que a visão do compositor sobre o Natal não é bem a da família à volta da mesa a empanturrar-se, mais a da grande bezana destinada aos voluntariamente ou não desvalidos de calor familiar. Seja como for é uma canção de The Pogues (com Kirsty MacColl). Portanto, o que mais se podia esperar…

10. “Put a Little Love in Your Heart”

Há vezes em que a culpa é dos intérpretes e este é um desses casos. Al Green e Annie Lennox são cantor e cantora tão excepcionalmente dotados que fizeram desta canção, originalmente parte da banda sonora de Os Fantasmas Contra Atacam, um comovente tema colorido como uma árvore enfeitada pela esperança e pelo optimismo.

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11. “O Come, All Ye Faithful”

Bendita a hora em que os Weezer se atiraram a este cântico religioso. Mesmo que não tenham sido completamente felizes no afastamento do original e do sentimento geral da quadra, a barragem eléctrica com que cobrem a melodia é suficientemente enérgica para… enfim, aguentar até a mesa estar posta e coberta de vitualhas.

12. “When My Heart Finds Christmas”

Harry Connick Jr. não é de resistir à tradição ou pô-la em causa, mas também gosta de introduzir algum conteúdo menos, digamos, ortodoxo. Foi assim, com esta canção, título do seu álbum natalício de 1983, que, na toada lânguida do costume, o compositor se dedica a perguntar o que aconteceu ao tal “espírito de Natal”, criando um novo clássico.

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13. “Soulful Christmas”

Get up, James Brown está na sala e da sua voz rudemente ritmada e agitadamente melódica entoa, cheio de funk, "Soulful Christmas", que, embora sendo um tema vulgar no seu repertório, dificilmente teria melhor intérprete do que o Padrinho da Soul propriamente dito.

14. “Rockin' Around the Christmas Tree”

Um bocadinho de compreensão. Neste tempo, quer dizer, quando esta canção foi composta para a voz da grande e esquecida Brenda Lee, o rock’n’roll estava a nascer, a ter muito êxito e não havia volta a dar, numa perspectiva meramente capitalista, a não ser cavalgar a onda. Foi assim, para acompanhar os tempos, que, em 1958, a voz da cantora começou a rockar à volta da árvore de Natal, e assim continuou até vender aí uns 25 milhões de singles.

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15. “Christmas Time is Here”

Mark Kozelek, o fundador dos Red House Painters, nos anos de 90 transformado numa mistura de Casanova e velho rezingão, bem se pode dizer, foi a todas. Musicalmente falando, pelo menos, não houve artista que ele não dobrasse em canções raramente perto dos originais. Fosse Judy Garland, ou os AC/DC, e mais o que existisse entre os dois, Kozelek lá estava. E as canções de Natal, como esta "Christmas Time is Here", não foram excepção.

16. “Run Rudolph Run”

Andando um bocado atrás, até Chuck Berry, para verificar como uma das maiores glórias da música popular e reconhecido Grão-Mestre do rock abordou as festas de Dezembro. Na altura, este “boogie uptempo” foi em simultâneo um êxito comercial e uma alternativa, ou mesmo um antídoto ao cancioneiro comum, para a juventude de então, que encontrou nova vida quando foi utilizado para ilustrar musicalmente uma importante cena de Sozinho em Casa.

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17. “Little Drummer Boy”

Palavras para quê. É uma interpretação de Jimi Hendrix e se ele fez o que fez ao hino dos Estados Unidos, imagine-se o que faz com este clássico natalício de elevador.

18. “Happy Xmas (War is Over)”

Foi naquela época, lá para o fim da década de 1970, andavam John Lennon e Yoko Ono a batalhar pela paz com tanta ou mais energia que a despendida por Bono nas últimas duas décadas, quando, mais ou menos fiel ao cânone da quadra, Lennon introduziu a guerra no Natal. Como canção que quer ser uma arma, como se vê pela actualidade, não foi longe, mas conta a boa intenção… até hoje.

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19. “Christmas in Hollis”

E entram os Run DMC para, samplando, entre outros sons, "Jingle Bells", "Frosty the Snowman" ou "Joy to the World", misturarem e voltarem a dar, rapando sobre o Natal em canção que procurava representar variadas culturas e expor influências e crenças mantendo o optimismo vivo.

20. “Merry Christmas (I Don't Want to Fight Tonight)”

Os Ramones, como era seu costume, explicam tudo, ou quase tudo, logo no título das suas aceleradas e curtas canções. Merry Christmas (I Don't Want to Fight Tonight) não é excepção, embora ali se possa ler todo o drama e conflito familiar que as reuniões da quadra costumam exaltar, quando não conseguem reprimir, alto e bom som.

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21. “Silent Night”

Mais uma canção que é um lugar-comum das festividades, daquelas sempre presentes na banda sonora de elevadores, centros comerciais, parques de estacionamento, consultórios de dentistas, enfim… Mas é a tal coisa, todos os estereótipos têm uma razão de ser, e a razão de ser desta canção, composta em 1818 por Franz Xaver Gruber e Joseph Mohr, em Oberndorf, na Áustria, se tornar um dogma da quadra é tocar até os mais empedernidos com a delicadeza das suas ingénuas letra e melodia. Não por acaso muitos foram os artistas pop que a gravaram, em múltiplas variações e com diferentes resultados. Na versão dos The Temptations, com todos os requintes vocais do colectivo e o ligeiramente rude arranjo soul-gospel, é praticamente sublime.

22. “Last Christmas”

No Verão de 1984, os Wham! de George Michael e Andrew Ridgeley gravaram um dos grandes clássicos modernos de Natal. E, por arrasto, o seu tema mais icónico. Quatro minutos de dance-pop melancólica e de coração partido, que desde a sua edição em Dezembro de 84 já foram reproduzidos e reinterpretados por dezenas de artistas. Mas nunca superados.

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23. “Let it Snow! Let it Snow! Let it Snow!”

A Dean Martin bastou interpretar este mega-clássico natalício (composto por Sammy Cahn e Jule Styne no meio de uma onda de calor, em Junho de 1945) com o seu ar de quem não quer saber de mais nada a não ser a origem do próximo uísque. E todos os registos anteriores empalidecem perante esta versão tão descontraída que parece genuína, ou mais provavelmente irónica. A sua recuperação para a banda sonora de Sozinho em Casa, e especialmente o vídeo realizado a propósito, tornaram o verso Oh the weather outside is frightful/ but the fire is so delightful um delicioso exercício de sarcasmo.

24. “It's Beginning to Look A Lot Like Christmas”

Perry Como, apesar da qualidade da sua voz e das suas interpretações, apesar do seu êxito, viveu sempre na sombra de nomes maiores como Sinatra ou Tony Bennett. Todavia, com esta canção, composta em 1951, por Meredith Willson, o cantor alcançou um dos seus maiores êxitos (que nem a versão de Bing Crosby editada um mês depois ultrapassou) e firmou a sua posição como um cantor melódico sempre à procura do lado positivo da vida.

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25. “Father Christmas”

Guardámos o melhor para o fim. Neste caso, um hino power-pop natalino com sangue na guelra, escrito pelo grande Ray Davies e editado em single pelos seus The Kinks no ano de graça de 1977. Desde então, a canção foi tocada e reinterpretada por meio mundo, incluindo figurões como os Green Day ou os Bad Religion. Mas a versão original dos britânicos ainda é a melhor.

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Chegou a época do consumismo desenfreado e das estrelas pop desesperadas. E haverá melhor maneira de festejar do que com uma quinzena de canções pura e simplesmente horríveis? É verdade que há grandes canções de Natal mas estes terrores musicais reunidos pela Time Out são um reflexo muito mais honesto do que nos espera durante o resto desta quadra.

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